ELEIÇÕES NOS EUA

Escândalo que envolve candidato republicano a governador pode afetar campanha de Trump

O passado do candidato republicano a governador da Carolina do Norte em um site pornográfico, veio à tona na semana passada

Publicado em: 24/09/2024 19:35 | Atualizado em: 24/09/2024 21:47

Mark Robinson (à esq.) e Donald Trump (à dir.) (foto: Reprodução/Redes sociais )
Mark Robinson (à esq.) e Donald Trump (à dir.) (foto: Reprodução/Redes sociais )

O canal CNN Internacional divulgou na semana passada o alegado passado obscuro do candidato republicano a governador da Carolina do Norte, Mark Robinson, em um site pornográfico. Hoje, o site norte-americano Politico publicou mais informações sobre o polêmico histórico de Robinson na internet, que é atualmente vice-governador do estado. Já o Partido Republicano receia que o caso respingue e afete a candidatura de Donald Trump na corrida à Casa Branca.

 

Trump permanece em silêncio quanto às informações que recaem sobre Robinson, que contém relevantes contradições entre o passado do vice-governador e a sua persona política, que se baseia numa retórica anti-LGBT, antitransgênero e antiaborto.

 

No seu último comício na Carolina do Norte, em Wilmington, o ex-presidente não citou o republicano, cuja candidatura apoiou formalmente durante as primárias. Nem tampouco Robinson esteve presente no evento. 

 

A pressão para que Robinson desista da candidatura escalonaram ou que então  apresente provas concretas de que não foi ele o autor dos controversos comentários. Os republicanos da Carolina do Norte exigem que Robinson mostre provas que sustentem a sua versão de que está sendo alvo de uma campanha de difamação. Temem que as revelações tenham um impacto muito negativo na candidatura presidencial de Trump, num momento em que as sondagens mais recentes no estado (antes mesmo destas notícias terem surgido) indicam que a vantagem de Robinson para Kamala Harris é muito pequena. 

 

Num comunicado enviado ao Politico, Jason Simmons, líder do Partido Republicano da Carolina do Norte, afirmou que as acusações que Robinson enfrenta são profundamente perturbadoras e defendeu que o vice-governador tem de se explicar ao povo da Carolina do Norte.

 

Nas primeiras revelações da CNN sobre a atividade sexual online do vice-governador, há mais de uma década, demonstrou que o político republicano era muito ativo no site pornográfico Nude Africa, onde chegou a escrever “sou um NAZI negro!”, se autointitulou de "perv" (abreviação de perverted em inglês, pervertido em português) e interagiu com inúmeros vídeos de pornografia, descrevendo que adorava ver pornô de ‘travestis com garotas’.

 

Apesar da sua retórica antitransgênero no decorrer da campanha, Robinson consumia muita pornografia neste segmento. Segundo a CNN, ele ainda usava frequentemente o mesmo pseudônimo na internet. O candidato republicano a governador negou ser o autor dos comentários e que a conta usada no site não lhe pertence. “As coisas que as pessoas conseguem fazer hoje em dia na internet são incríveis”, disse.

 

NO entanto, além disso, veio a tona outras informações do seu passado, como o fato de ter levado sua mulher a fazer um aborto há décadas atrás, embora tenha um discurso contra o aborto e até suspeitas de má gestão financeira. Nestes casos Robinson assumiu serem verdadeiros os fatos.

 

No domingo passado, a sua equipe de campanha e os seus principais conselheiros e quase todos os funcionários apresentaram uma carta de demissão em massa.  Isso logo após o site Politico ter noticiado que o conservador também manteve uma conta no site Ashley Madison, um serviço online muito famoso nos EUA para pessoas casadas que buscam ter casos extraconjugais. Na segunda-feira, o Politico divulgou, além disso, novos dados que parecem confirmar e comprovar a autoria dos comentários e publicações de Robinson. 

 

A mídia apurou uma série de dados que delineia e interliga uma relação direta entre o endereço de email de Robinson e múltiplos sites que foram alvo de ciberataques em anos recentes, dados esses que foram posteriormente partilhados na dark web e que mostram que o endereço de IP da alegada conta do republicano no Nude Africa se localiza na região onde Robinson morava na época. Os arquivos foram partilhados com o Politico por Megan Squire, cientista informática e vice-diretora do departamento de análise de dados do Southern Poverty Law Center, um grupo sem fins lucrativos de aconselhamento jurídico que não assume uma posição quanto à candidatura de Robinson a governador, mas que diz que tem acompanhado as declarações extremistas e do vice-governador da Carolina do Norte e na sua vida anterior enquanto influenciador.

 

A conta atribuída a Robinson usada no fórum pornográfico foi divulgada após o roubo de dados e metadados do Wife Lovers, site-mãe do Nude Africa, em 2018, e tem uma morada de IP sediada em Winston-Salem, uma cidade perto da casa de Robinson.

 

O mesmo endereço IP também surge listado nos dados de usuários roubados do site de encontros Fling, novamente por uma conta registrada com o email de Robinson. Os arquivos vazados mostram ainda que a conta de email do republicano esteve registrada nos sites de encontros Adult Friend Finder e Mate 1 e no extinto Lords of Porno. Nada aponta para atividade recente do candidato em qualquer desses sites, sendo que os dados do Adult Friend Finder apontam que a última visita da sua conta naquele website foi no dia 31 de dezembro de 2013.

 

O Politico apurou ainda que a password usada no email de Robinson é praticamente idêntica à senha usada por outras três contas distintas registradas com o email da sua mulher em websites não pornográficos.

 

Questionado pelo Politico, o porta-voz do candidato, Mike Lonergan, declarou que o atual vice-governador da Carolina do Norte nunca criou nem usou contas em qualquer desses sites.

 

Robinson argumentou que está considerando recorrer a um advogado para levar a CNN ao tribunal pelo que fizeram. Segundo o mesmo canal, o candidato rejeitou ofertas feitas por seus próprios apoiadores para colocá-lo em contato com especialistas em tecnologia para o ajudarem a investigar a origem das mensagens.