CINEMA

O jogo e a sedução

Zendaya, Josh O' Connor e Mike Faist formam intrincado triângulo amoroso movido à competição de tênis no energético 'Rivais', de Luca Guadagnino

Publicado em: 25/04/2024 06:00 | Atualizado em: 25/04/2024 12:33

 (Warner/Divulgação)
Warner/Divulgação

Não demora um set completo para que a jovem tenista Tashi (Zendaya) impressione a dupla de amigos Art (Mike Faist) e Patrick (Josh O’ Connor), também jovens jogadores que almejam competições profissionais. Os dois se aproximam dela e, apesar da conexão clara entre os três, Patrick sai na frente e começa a namorá-la. Um acidente muda toda a trajetória do triângulo; 12 anos depois, o que eram melhores amigos agora são adversários dentro e fora da quadra.

 

Rivais, em cartaz nos cinemas, parte de um argumento original do dramaturgo Justin Kuritzkes e é dirigido por Luca Guadagnino, célebre pelo sucesso do romance Me chame pelo seu nome – um longa atipicamente contido para sua filmografia. O italiano tem, na maioria dos seus trabalhos, um pendor evidente para a estilização e pelo dinamismo de sensações, algo perceptível em Um sonho de amor, Um Mergulho no Passado e Suspiria). Aqui, nessa correlação entre tênis e sexualidade como motor da construção visual, essa exuberância aparece em ainda maior intensidade.

 

Ritmado por uma trilha eletrônica intensa que acompanha o vai e vem temporal da narrativa, Rivais ignora sutilezas e foca nas rimas temático visuais entre o tênis e a relação do trio, explorando desejo, amor, raiva, inveja, frustração (às vezes simultaneamente). Dizer que sobra tensão sexual aqui é eufemismo: a encenação do tênis em si já é explicitamente uma manifestação metafórica do ato, haja vista a riqueza de detalhes com que Guadagnino registra os corpos e os sons. Os flashbacks são beneficiados pelas excelentes caracterizações e o trio faz os efeitos do tempo serem sentidos nas suas personalidades mesmo com idas e vindas tão obsessivamente dinâmicas.

 

Apesar do caldeirão de emoções intrincadas, Rivais não tem a complexidade temática de outros trabalhos do diretor justamente porque o ouro fica sempre muito exposto à superfície; sobra pouco a se descobrir para além do que é visto e sentido e por vezes ele passa do ponto da própria grandiosidade ao dilatar momentos climáticos e, portanto, reduzir seus efeitos. Sendo a energia maníaca do filme assumida por todos os componentes da encenação, esses excessos não devem queimar a experiência de quem já comprou a partida. O convite ao jogo de sedução de Guadagnino é, no saldo final, difícil de resistir.

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