Justiça

Júri popular de PMs acusados de envolvimento em assassinato de jovem é retomado

Julgamento do caso Marcos Laurindo acontece dez anos após o crime, no Recife

Publicado em: 21/02/2024 09:46

Marcos Laurindo tinha 21 anos  (Foto: Redes Sociais)
Marcos Laurindo tinha 21 anos (Foto: Redes Sociais)
Após ser suspenso na noite da terça-feira (20), o júri popular do caso Marcos Laurindo, morto por um policial militar, no dia 17 de maio de 2013, foi retomado no início desta quarta-feira (21).

O julgamento acontece no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, na Ilha de Joana Bezerra, área central do Recife.

Segundo a corte, na primeira etapa, cinco testemunhas foram ouvidas, entre elas, a mãe da vítima, Lúcia Conceição, 62 anos, que viu o filho ser morto a tiros por um policial militar em frente da sua residência, na Guabiraba, no Recife. Na época, Marcos tinha 21 anos.

Também houve o depoimento do PM, identificado como Diogo Pereira de Barros, na terça-feira, responsável pelos disparos. Ele é réu por homicídio duplamente qualificado (motivo torpe por impor medo com uso de truculência, e não ter dado chance de defesa à vítima). 

Além dele, o PM Paulo Sérgio Reis da Silva, também é acusado pelo Ministério Público. Paulo estava na viatura ao lado de Diogo no momento do assassinato. 
Ele é réu por fraude processual. Na terça, Paulo respondeu apenas aos questionamentos da juíza e se declarou inocente da acusação.

Relembre o caso e a denúncia

Segundo denúncia do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), no dia 17 de maio, por volta das 23h, a vítima Marcos Laurindo da Silva estava na frente de casa, na Avenida Padre Mosca de Carvalho, onde morava com seus pais.
 
Os dois policiais militares relataram que pararam o veículo abruptamente em frente à residência. 
 
Assustado, o morador entrou na casa. Empunhando sua arma de fogo, o policial Diogo seguiu a vítima e, apesar do apelo da mãe do morador, efetuou três disparos à queima-roupa (na região do peito, próximo ao coração e nas costas). 

A polícia levou então a vítima ao Hospital Agamenon Magalhães, onde constatou que ela já estava morta.

Investigação 
 
Durante a investigação, a polícia apresentou diferentes versões dos fatos, afirmando que a vítima estava armada e tentou assaltar o veículo, que estava com as luzes apagadas para não chamar a atenção. 
 
O morador então fugiu para sua casa após atirar contra os policiais, sendo perseguido e baleado pelo policial militar Diogo Pereira de Barros e depois levado com vida para o Hospital Agamenon Magalhães.
 
De acordo com as provas apresentadas na denúncia do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), a vítima estava desarmada e não ofereceu resistência. Além disso, o relatório científico da polícia também classificou a versão dos policiais como insustentável. 

“O Reconhecimento Visuográfico da Cena do Crime, produzido pelo DHPP na mesma noite em que ocorreu o crime, conclui que a versão apresentada pelos policiais militares não encontra qualquer fundamento nas informações colhidas preliminarmente no local do incidente. O laudo pericial nº 0987.3/2013 do Instituto de Criminalística ainda conclui que a morte da vítima ocorreu no local do crime, ou seja, ela foi levada ao hospital já sem vida”, descreveu a denúncia do MPPE.

Ainda durante a instrução processual do caso, a defesa dos réus manteve a tese de que estes teriam agido no estrito cumprimento do seu dever legal. Os dois policiais militares respondem a esse processo em liberdade provisória.

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