GUERRA

Israel ordena evacuação de Rafah e prepara entrada terrestre na cidade

Na região superlotada, se encontram milhares de palestinos que se deslocaram desde o início da guerra contra o Hamas

Publicado em: 09/02/2024 16:38 | Atualizado em: 09/02/2024 17:24

 (Foto: SAID KHATIB / AFP
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Foto: SAID KHATIB / AFP
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, ordenou hoje às Forças de Defesa de Israel que comecem a preparar a evacuação de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, próximo a fronteira com o Egito. Na região superlotada, se encontram milhares de palestinos que se deslocaram desde o início da guerra contra o Hamas. Netanyahu negou  várias pressões internacionais, incluindo dos EUA, e confirmou que o exército deve mesmo avançar por terra naquele local. “Israel não conseguirá derrotar o Hamas sem destruir as forças que o grupo mantém na cidade e nos seus arredores”, alegou. 
 
O presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou que a resposta militar de Israel na Faixa de Gaza é excessiva. "Penso, como sabem, que a resposta em Gaza, na Faixa de Gaza, tem sido excessiva. E ainda estou insistindo muito, muito mesmo, para que a ajuda humanitária chegue a Gaza", disse Biden.
 
Washington também já alertou Tel Aviv, aliada histórica dos EUA, para o risco de uma catástrofe na cidade Rafah. “Qualquer operação militar de grande envergadura em Rafah neste momento, nestas circunstâncias, com mais de um milhão, provavelmente mais de um milhão e meio, de palestinos que procuram e têm procurado refúgio em Rafah, sem a devida consideração pela sua segurança, seria um desastre e não a apoiaremos”, acrescentou John Kirby, porta-voz da Casa Branca.
 
Por sua vez, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, avaliou que os planos de Israel para uma escalada militar em Rafah ameaçam a segurança e paz. O gabinete de Abbas anunciou que responsabiliza os governos de Israel e dos EUA por quaisquer consequências da esperada invasão a Rafah, a que chamou uma nova “Nakba”, se referindo ao deslocamento forçado em massa de palestinos durante a guerra árabe-israelense de 1948. “A presidência palestina alertou o Conselho de Segurança da ONU sobre o impacto das ações de Israel, uma vez que se Israel tomar este passo ameaça a segurança e a paz na região e no mundo. Ultrapassam todas as linhas vermelhas”, acusou Abbas. 
 
Abbas apelou ao Conselho de Segurança da ONU para que tome medidas urgentes. “Chegou à hora de todos assumirem a responsabilidade no confronto e na criação de outra Nakba, que empurrará toda a região para guerras sem fim”, afirmou.
 
O chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell, também disse que os relatos sobre um previsível ataque israelita a Rafah são alarmantes: “1,4 milhões de palestinos estão atualmente em Rafah, sem um lugar seguro para ir e enfrentando a  fome. Teria consequências catastróficas, agravando a já terrível situação humanitária e o insuportável custo civil.”, assegurou Borrell.
 
Já o porta-voz das Nações Unidas avisou que os civis em Rafah precisam ser protegidos e que não deve haver qualquer deslocação forçada em massa. Além disso, diversas entidades internacionais de assistência humanitária se manifestaram contrárias a evacuação dos civis.
 
Dentre elas, a Action Aid, que advertiu que a intensificação dos ataques em Rafah terá consequências catastróficas. Riham Jafari, coordenador de advocacia da filial palestina da ONG, ressaltou que a instituição de caridade está "profundamente preocupada" com os relatos de uma potencial invasão terrestre em Rafah e com o aumento dos ataques aéreos na área. "Sejamos absolutamente claros: qualquer intensificação das hostilidades em Rafah, onde mais de 1,4 milhões de pessoas estão abrigadas, seria absolutamente desastrosa", afirmou.

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