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Tumulto em estádio de El Salvador deixa 12 mortos

Publicado em: 22/05/2023 09:20 | Atualizado em: 22/05/2023 09:15

 (Foto: MARVIN RECINOS / AFP)
Foto: MARVIN RECINOS / AFP
O tumulto envolvendo torcedores na noite de sábado (20), que deixou 12 mortos no estádio Cuscatlán, em San Salvador, durante um torneio local de futebol, deixou sobreviventes traumatizados e provocou comoção em El Salvador.

"Estou traumatizado por ver gente jogada, morta, com hematomas, com o rosto pisoteado. Isso entrou para a história", contou à AFP Fredy Alexander Ruiz, de 28 anos, sobrevivente da confusão.

Torcedor do Alianza, que enfrentava o FAS pelas quartas de final do torneio Clausura, Ruiz, que trabalha em uma loja de peças de reposição, queria assistir à partida com dois amigos, mas se deparou com a confusão.

O tumulto ocorreu aos dez minutos da partida, que acabou suspensa. Até mesmo os jogadores ajudaram nos trabalhos de socorro.

"Havia cerca de cinco [pessoas] em cima de mim, que estavam me sufocando. Não conseguia mais respirar, estava sufocando [e] graças a Deus consegui segurar o pé de um policial e fui tirado dali com outro amigo", lembrou.

Após ser estabilizado com oxigênio e soro em um hospital da capital salvadorenha, Ruiz agora precisará se recuperar das lesões sofridas no ombro direito, nas costelas e na coluna.

O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, disse que a polícia e o Ministério Público estão realizando uma "investigação exaustiva" para determinar as responsabilidades da tragédia.

"Todos serão investigados: times, dirigentes, estádio, hotelaria, liga, federação, etc. Sejam quem forem os culpados, não ficarão impunes", tuitou Bukele.

O procurador-geral, Rodolfo Delgado, informou que as investigações incluem "a atuação" da EDESSA, empresa privada que administra o estádio.

Quase 24 horas depois da tragédia, o Ministério Público não havia registrado prisões.

O balanço da tragédia, segundo o boletim preliminar do diretor da Polícia Nacional, Mauricio Arriaza, é de nove mortos dentro do estádio e outros três nos hospitais da capital.

Segundo esta força de segurança, "as primeiras informações apontam para um tumulto de torcedores que tentaram entrar para ver a partida entre o Alianza e o FAS", violando um dos portões do setor sul do estádio.

Neste domingo, parentes das vítimas aguardavam em frente ao Instituto Médico Legal pela entrega dos corpos das vítimas.

Descansem em paz
Durante a noite, 50 torcedores se reuniram ao lado do estádio Cuscatlán para prestar homenagem às vítimas.

"Descansem em paz", afirmava um cartaz fixado no muro do estádio, onde os torcedores também depositaram flores e acenderam 12 velas para homenagear as vítimas fatais.

Depois de uma oração, os torcedores deixaram o local.
 
 (Foto: AFP)
Foto: AFP
 

Não vão voltar ao estádio
"Um monte de gente caiu em cima de mim, não conseguia respirar, estava sufocando", contou à AFP, na madrugada de domingo, Sandra Gusmán, de 40 anos, quando saía do Hospital Nacional Rosales.

Ela relatou que, quando estava em frente ao portão, "as pessoas me empurraram para entrar [no estádio], não me deram mais chance de recuar. Quando fui ver, entrei em pânico, tinha muita gente em cima de mim. Desmaiei, quando acordei, estava no hospital".

Com uma bandagem no joelho esquerdo, Sandra saiu caminhando com dificuldade do hospital, acompanhada do amigo Javier Ramírez, de 31 anos.

Os dois disseram que foi "a primeira e última vez" que passaram por isso porque não vão voltar ao estádio.

Pêsames da Fifa
O presidente da Fifa, Gianni Infantino, não demorou em manifestar seus pêsames "aos familiares e amigos" dos mortos. "Nós, juntamente com a Fifa e a comunidade mundial do futebol, acompanhamos em sentimento todas as pessoas afetadas, assim como as pessoas da República de El Salvador, a Concacaf, a Federação Salvadorenha de Futebol e a Primeira Divisão de Futebol de El Salvador nestes momentos difíceis", acrescentou Infantino em nota.

O presidente do comitê de Regularização da Federação Salvadorenha de Futebol (Fesfut), Humberto Sáenz, anunciou que terá uma reunião virtual na segunda-feira com delegados da Fifa. 

A Fesfut, segundo Sáenz, busca "entender o que de verdade aconteceu" para que a tragédia do sábado "nunca mais volte a acontecer".

Mais de 500 atendimentos

Sobre as pessoas socorridas, "preliminarmente foram realizados mais de 500 atendimentos", que se concentraram no setor popular do estádio, com capacidade para cerca de 35.000 pessoas, declarou o porta-voz do grupo de socorro Comandos de Salvamento, Carlos Fuentes.

As 88 pessoas em estado de maior gravidade foram transferidas a hospitais nacionais e do Instituto Salvadorenho de Seguro Social, algumas com sintomas de asfixia e outras com "diferentes tipos de traumatismos".

A Defesa Civil informou, neste domingo, que a maioria dos hospitalizados "já teve alta".

Sobre como começou o incidente, Fuentes disse que "aparentemente um dos portões do setor caiu, provocando aglomeração".
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