RACISMO

"Simulador de Escravidão": jogo disponível no Google reúne racistas e discurso de ódio

Publicado em: 24/05/2023 13:00

 (Foto:  Reprodução)
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Em meio às discussões sobre o racismo no Brasil e no mundo, um jogo disponível na plataforma de distribuição digital do Google, a PlayStore, choca por conta da crueldade e do discurso de ódio contra as pessoas negras: um game, chamado de “Simulador de Escravidão”, oferecido pela MagnusGames. Até a manhã desta quarta-feira (24/5), eram mais de mil downloads e 70 avaliações, além de reunir comentários perversos e racistas de usuários do serviço.

O Correio acessou a plataforma e constatou a gravidade da situação. Um perfil, identificado como “Mateus Schizophrenic”, sugere até mesmo que sejam criadas outras funcionalidades para o jogo, como, por exemplo, adição de novos métodos de tortura aos negros. “Ótimo jogo para passar o tempo. Mas acho que faltava [sic] mais opções de tortura. Poderiam estalar [sic] a opção de açoitar o escravo também. Fora isso, o jogo é perfeito!”, escreveu.

Outro usuário, identificado como Vitor Benício vai na mesma linha racista e diz que devem ser colocadas novas interações no game. “O jogo é bom, mas tem que haver algumas alterações como na venda e compra”, avaliou no PlayStore.

A reportagem entrou em contato com o Google para questionar se a big tech vai tomar providências diante do caso, mas até o momento, não obteve resposta. O espaço permanece aberto para manifestação da empresa.

OAB vai cobrar providências
O presidente da Comissão de Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Distrito Federal, Beethoven Andrade, definiu o caso como “estarrecedor e inacreditável”. Ao Correio, ele afirmou que a entidade vai cobrar providências do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e do Ministério Público Federal (MPF). O órgão também deve oficiar o Google.

“O período de escravização ainda reflete sobre negros no Brasil, e isso não pode, em qualquer hipótese, servir como forma de entretenimento, porque ainda resulta em dor, sofrimento e apagamento. O combate ao racismo exige seriedade e participação das instituições e esse tipo de jogo não deveria ter sido aceita em uma plataforma aberta, sobretudo a jovens”, disse Andrade.

“Há clara violação aos preceitos de combate ao racismo, aos princípios de igualdade e valorização da pessoa, o que resulta em punição, não apenas com o banimento da plataforma, mas na esfera penal, à luz legislação correlata”, destacou o presidente da comissão.
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