MEDO

Na Orla de Piedade "toque de recolher"

Publicado em: 19/05/2023 08:10

Após diversos assaltos, violência e tráfico de drogas, moradores de Piedade adotam medidas de segurança e pressionam autoridades por mais patrulhamento

 (Créditos: Rômulo Chico/DP)
Após diversos assaltos, violência e tráfico de drogas, moradores de Piedade adotam medidas de segurança e pressionam autoridades por mais patrulhamento (Créditos: Rômulo Chico/DP)
Moradores da Orla de Jaboatão dos Guararapes após vários episódios de assaltos e violência resolveram agir. Na segunda (8) de abril, Condôminos de alguns edifícios da região se reuniram e enviaram um ofício à Secretaria de Defesa Social (SDS) e à Policia Militar de Pernambuco (PMPE), pedindo segurança, até o fechamento desta matéria não foram respondidos. 

"Solicitamos o ofício porque estamos desesperados, não sabemos mais o que fazer, até agora ninguém nos respondeu. A situação está caótica, os moradores estão fazendo toque de auto recolher, por volta das 17h30, todos já saíram do calçadão, só fica até tarde quem não é da região e não sabe dos riscos. Administro três condomínios e o que tenho visto são moradores amedrontados, o pessoal está com medo trancado em casa. Não há Policiais Militares e nem guardas municipais. Eles têm dito que há, mas não vemos. E se tivesse mesmo, não estariam assaltando nessa frequência e com tanta brutalidade. O que queremos é o nosso direito de ir e vir com segurança”, afirma Lúcio Jesus, síndico administrador de três edifícios na região.

O medo é real. Idosos estão sendo obrigados a caminhar no sol, ainda quente, porque à noite é certo que eles esperam para atacar. Além de roubos, há denúncia de tráfico de drogas na região. Casas e terrenos abandonados têm facilitado a ação da bandidagem, pois têm sido usados para esconderijos de furtos ou encontro para usuário drogas. Agora o combinado é caminhar somente em dupla ou em grupo, porque sozinho vira alvo. O pouco policiamento que se tem, segundo moradores da região, nunca faz abordagem com frequência, isso facilita a utilização de arma branca, como faca por exemplo.

" Já tem quatro dias que não venho caminhar, com medo. Aqui está horrível de se morar, não tem policiamento, é tudo mentira. Olhe, eu só venho caminhar pela manhã e à tarde, porque quando vai escurecendo eu tenho medo, começa a ficar deserto aqui. Estou saindo pra caminhar às 15h30, prefiro caminhar no sol quente do que me arriscar", disse Maria Gomes de 67 anos, aposentada.

" Eu sempre vejo um grupinho de cinco ou seis pessoas fumando maconha, eu não me sinto seguro de caminhar a noite aqui, prefiro vir a tarde. Policiamento vejo pouquíssimo, eles ficam parados, passam um tempinho e vão embora", Erivaldo Félix, 63 anos, militar da reserva.

"Não tem policiamento, inclusive agora estou indo fazer uma caminhada nesse horário porque a noite não é seguro. Aqui você só vê dois policiais parados em frente ao Sesc, mas em direção a Orla, até a igrejinha, você não se vê policiamento algum. Esporadicamente passa uma moto com policial. A Orla aqui para caminhar tem que ser no período diurno ou vespertino, mas a noite não é aconselhável porque fica muito esquisito. Além de roubos, nós vemos muito tráfico por aqui também.  Agora a maioria está saindo em dupla ou em grupo pra fazer qualquer atividade, seja ela física ou de recreamento. Outra coisa, eu nunca vi uma abordagem policial aqui, quando houve a inauguração da Orla, até tinha polícia, mas não havia abordagens", afirma Divison, Vasconcelos, 47 anos, aposentado.

"O que tem facilitado esses assaltos por aqui também, é que tem casas e terrenos desocupados, então eles usam para se esconderem e usarem drogas. Eu caminho aqui no período da tarde, à noite não recomendo de jeito nenhum, porque não tem policiamento. Tenho medo sim, de caminhar por aqui, tenho medo de andar sozinho de bicicleta. Outra coisa, até tem guarda municipal, mas é só pra multar o pessoal, agora pra vigiar o patrimônio, não vejo. O pessoal evita de caminhar a noite sim, porque é quando está cheio de bandido e eles ficam de olho para atacar a qualquer momento de distração nossa” disse Sérgio Henrique, 45 anos, operador de telemarketing.

Recentemente um homem estava caminhando na Orla, quando foi abordado com facadas, ele começou a gritar e correu, não conseguiram levar nada dele. Minutos depois, uma ciclista foi esfaqueada e levaram a bicicleta dela. Cenas como essas infelizmente têm se tornado comum na região. A resposta da Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes sobre a segurança na Orla, é que a Secretaria de Mobilidade e Ordem Pública de Jaboatão disse que tem quatro guardas municipais fazendo a fiscalização patrimonial da Orla de Piedade, diariamente e que a função da Guarda Municipal é proteger o patrimônio público.

Já a Secretaria de Defesa Social (SDS) e a Polícia Militar de Pernambuco (PMPE), disseram que o policiamento em Piedade é de responsabilidade do 6° BPM, que coloca viatura nas ruas com carros e motocicletas, além de patrulhas a pé, sobretudo ainda tem o GATI, e que essa ostensividade tem proporcionado resultados positivos. Com a redução de 13 %, até o momento, no número de crimes contra o patrimônio, neste segundo trimestre, no comparativo com o mesmo período do ano passado. Por ter um comércio forte, com grande circulação de pedestres, o comando do Batalhão tem intensificado a presença do efetivo nas ruas e desenvolvido estratégias em conjunto com a polícia civil, que levem a captura dos sujeitos. Fazer denúncias pelo 190 e registrar queixas nas delegacias são muito importantes para o planejamento da segurança e o redimensionamento do lançamento operacional.
Tags: moradores | medo | assaltos | piedade | orla |

COMENTÁRIOS

Os comentários a seguir não representam a opinião do jornal Diario de Pernambuco; a responsabilidade é do autor da mensagem.