ENTREVISTA

Dueire pede articulação pelo Metrorec

Publicado em: 20/05/2023 08:00

 (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação
Em entrevista exclusiva ao Diario de Pernambuco, o senador Fernando Dueire (MDB) destrinchou sua visão sobre o cenário político nacional e estadual, e falou sobre a sua curta e eficaz atuação no Senado, tendo pontuado como principal bandeira a reestruturação e um plano de investimentos para o metrô do Recife. 

Aliado histórico do ex-governador Jarbas Vasconcelos (MDB), que ocupou o cargo entre 1999 e 2006, Dueire se manteve fiel escudeiro até os dias atuais, tendo ocupado a função de secretário estadual de Infraestrutura durante toda a gestão Jarbas, até ter estado como primeiro-suplente do senador, que se ausentou do posto por problemas de saúde, quando confiou a vaga ao agora parlamentar.

Fernando Dueire sempre foi um político centrista e articulador nos bastidores da política pernambucana, tendo um perfil técnico e pragmático quando o assunto é gestão pública. Gestor da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) entre 1995 e 1998, Dueire falou com propriedade sobre o tema, e traçou um apanhado histórico desde a criação do Metrorec até os dias atuais.

Metrô
“É necessário que [a governadora] Raquel Lyra (PSDB) escolha uma pessoa responsável para tratar sobre o tema. Pedi para que ela pudesse escalar uma pessoa específica porque quem tem vindo a Brasília tratar da questão basicamente é ela, e são muitos os detalhes. É preciso alguém que possa se dedicar a essa matéria. O metrô não dá lucro, nunca deu. O que acontece é que os recursos entram para a União e a CBTU pede o custeio para manter o sistema, e assim se mantém desde sempre. O que é necessário é que os lucros da partição tarifária possam ingressar no sistema como parte da prestação de serviços que o metrô oferece, e há uma negociação nesse sentido, mas não posso oferecer detalhes.” 

Sistema S x Embratur
“A rigidez jurídica da Embratur não atendia às expectativas. Por ter se transformado em agência, o grupo se afastou da possibilidade de receber orçamento público, então ao mesmo tempo que ganhou-se flexibilidade, houve essa troca, e perdeu-se o dinheiro. O que precisamos ver com certo equilíbrio e cuidado é que historicamente já houveram outros pedidos de transferência de recursos do Sistema S para o poder público. Para cada caso específico, há de se ouvir os dois lados. O turismo é um serviço fundamental, então o recurso vai e volta, mas há também uma grande pauta de investimentos em profissionalização da indústria pelo Sistema S, então essa queda de braço se criou para que se tenha um entendimento. Até os mais fiéis defensores de que os recursos se mantenham no Sistema S reconhecem que há uma questão delicada envolvida na prestação desses serviços.”

TCE
“A sucessão da conselheira Teresa Duere estará sob a responsabilidade da Assembleia Legislativa de Pernambuco, que deve ser soberana em sua escolha. Tenho a confiança que ela seja sucedida por um nome à altura do conceito que formou. Ao longo de 20 anos no tribunal de contas, ela mostrou uma conduta firme e um padrão diferenciado em seus posicionamentos, pareceres e julgamentos. Empenho, coragem e seriedade sempre marcaram a sua vida e não foi diferente em sua jornada no tribunal.” 

Raquel Lyra
“É cedo para uma avaliação. A governadora Raquel Lyra foi eleita para uma gestão de quatro anos. Todos nós temos muita responsabilidade com o povo pernambucano. O MDB não faz parte do seu governo, mas é dever nosso oferecer o apoio necessário para que ela atenda às expectativas da população. Precisamos ampliar o diálogo político, romper preconceitos, exercitar a criatividade, buscar projetos estruturais, parcerias com a classe empresarial e atender aos mais vulneráveis. É imperioso um planejamento estratégico focado em entregas multidisciplinares. Essas são pedras de toque relevantes que movem a gestão pública.”

Futuro político
“Jarbas me delegou muitas responsabilidades e acho que pude responder a muitas delas. Foi ele que teve o reconhecimento e a confiança dos pernambucanos nas urnas. Sobre a sucessão, está longe. Estou aqui há apenas quatro meses e não posso colocar essa possibilidade de forma alguma. O meu plano, e digo de coração, é que eu possa entregar isso de volta a Jarbas o mais rápido possível. Que ele continue tendo a confiança que sempre teve em mim, sabendo que no período em que esteve ausente eu pude suprir as demandas. Claro, não chego nem aos pés dele enquanto grande político que é. O gabinete está do jeitinho que ele montou, está tudo aqui, como se ele aqui estivesse. Se está tudo assim é porque precisamos apostar que ele supere as dificuldades de saúde e retorne o quanto antes.”

Posicionamentos
“Trabalho em quatro comissões: a de Assuntos Econômicos, na qual fui relator no processo de aprovação do empréstimo de R$ 2 bilhões para o Recife; e das de Relações Exteriores e Defesa; Ciência, Tecnologia e Inovação; e Hidrogênio Verde. Minha atuação política, que tem muita identidade com a de Jarbas, é de independência. Sem perder o olhar crítico, procuro sempre o entendimento do que é melhor para o país. As posições extremadas vão sempre existir, mas trabalho na arte de construir convergências possíveis. Embora tenhamos nesse colegiado algumas visões de mundo diferentes, percepções de caminhos que por vezes nos levam a divergências e debates acalorados, perseguimos como endereço final os mesmos resultados: o melhor para a população.”

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