EDUCAÇÃO

Diagnóstico precoce e ação multidisciplinar garante aprendizagem

Publicado em: 24/05/2023 17:42 | Atualizado em: 24/05/2023 17:55

Crianças e adolescentes inteligentes podem apresentar dificuldades para aprendizagem (Dimas Alves/Ceam)
Crianças e adolescentes inteligentes podem apresentar dificuldades para aprendizagem (Dimas Alves/Ceam)
O I Congresso Nacional de Transtorno do Desenvolvimento discute, nos próximos sábado e domingo, razões e formas de superação de transtornos e problemáticas que dificultam o desenvolvimento educacional, na esteira de um problema decorrente da pandemia da Covid-19 que pode comprometer o desenvolvimento de crianças e adolescentes. Tendo como tema “Um Olhar Multidisciplinar”, o evento ocorre sob o alerta de que a não identificação precoce de problemas, não cuidar e não tratar adequadamente os casos pode comprometer o futuro da nova geração, que inclusive já tem diagnósticos de ansiedade e depressão dentre outros da modernidade antes identificados inicialmente apenas em adultos.

Segundo a organização do evento que ocorrerá no Mar Hotel, em Boa Viagem, Região Sul do Recife, um relatório divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) em 2022 revelou que a pandemia de Covid-19 teve um impacto significativo no processo de ensino-aprendizagem da leitura e escrita infantil. Segundo o relatório, destaca, as aulas remotas podem ter prejudicado seriamente o desenvolvimento das crianças em fase de alfabetização, principalmente devido à ausência de interação entre professores e estudantes, que desempenham um papel fundamental nessa etapa.

Os dados obtidos por meio do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) indicam que, durante o período de dois anos, no qual as aulas presenciais precisaram ser substituídas pelo ensino remoto, a porcentagem de alunos com dificuldades de leitura mais que dobraram, de subindo de 15% para 34%. Números que refletem danos causados pelas metodologias utilizadas durante o ensino remoto para a alfabetização infantil.

Inteligentes com dificuldade
Contudo, ainda segundo a organização do congresso, apesar do levantamento estar relacionado aos impactos da pandemia da Covid-19, há muito tempo a questão do desenvolvimento infantil e aprendizagem são temas de grande interesse para muitos pesquisadores e profissionais da área da educação. “Existem diversas dificuldades que as crianças podem enfrentar nesse processo, como transtornos amplos de desenvolvimento, alterações de linguagem e problemas específicos de escrita. Além disso, há também as crianças que são consideradas inteligentes, mas apresentam dificuldades acima da média no processo de aprendizagem”, destaca o fonoaudiólogo e doutor em Educação, Jaime Zorzi, que é diretor do Cefac Saúde e Educação (SP).

De acordo com o especialista, o processo de aprendizagem da leitura e da escrita pode ser complexo para algumas crianças, em virtude de dificuldades em reconhecer certos símbolos gráficos, ou compreender a relação entre letras e sons ou ainda em interpretar textos. Nesses casos, a intervenção pedagógica e o acompanhamento por profissionais especializados podem ser necessários para a superação das dificuldades e para o sucesso no processo de alfabetização. “Essas crianças com problemas diversos requerem atenção especial e podem ter uma dificuldade muito grande no momento da alfabetização. Existem várias razões pelas quais algumas crianças começam a falar mais tarde, como atraso no desenvolvimento maturacional, condições ambientais desfavoráveis ou transtornos com base neurológica”, comenta Jaime Zorzi.

O diretor do Cefac Saúde e Educação acredita ser de fundamental importância que os profissionais da educação estejam preparados para identificar as dificuldades e desenvolver métodos de intervenção que possam facilitar o processo de aprendizagem dessas crianças. “Isso inclui não apenas trabalhar com as crianças em si, mas também oferecer formação e assessoria para os professores e implantar projetos de mérito nas escolas”, argumenta. “Com a atenção e cuidado adequados, essas crianças podem superar suas dificuldades e alcançar todo o seu potencial”, completa Jaime Zorzi. É com foco nessa preocupação de esclarecer e compartilhar formas assertivas de trabalhar o desenvolvimento infantil de crianças e adolescentes com dificuldade de aprendizagem que o professor doutor participa do I Congresso Nacional de Transtorno do Desenvolvimento, onde vai proferir a palestra sobre “Influência da Psicofarmacologia na Aprendizagem”.

Transformando a aprendizagem
“Buscamos profissionais que pelas suas formações e trabalhos estão transformando o processo de aprendizagem para mais diversos público, através de iniciativas, técnicas e intervenções que têm proporcionado experiências inovadoras para crianças e adolescentes que, no passado, não eram vistos ou incluídos da maneira adequada no processo pedagógico escolar”, diz Luciene Santos. Psicopedagoga, ela é a fundadora do Centro Especializado em Apoio Multidisciplinar (Ceam), responsável pelo congresso.

O congresso reúne especialistas multidisciplinares no campo da educação e saúde, para dividir experiência, técnicas e conhecimento para quem atua ou convive com públicos com transtornos e dificuldades de aprendizagem. “Nossos palestrantes são especialistas em suas áreas e trarão métodos e trabalho e dividirão experiências com profissionais que atuam na educação e na saúde e pais de crianças e adolescentes com transtornos e dificuldades de aprendizagem para entenderem melhor como se envolverem no processo e obter resultados que reduzam as dificuldades existentes”, ressalta a fonoaudióloga e sócia-diretora do Ceam, Anne Karerina Bittencourt. 

Também participa do evento a psicopedagoga Inês Abranges; a neurocientista Marta Relvas; a psicopedagoga Rita Russo; a fonoaudióloga e a professora Simone Capellin, coordenadora do Laboratório de Investigação dos Desvios da Aprendizagem; o psiquiatra  e neurocientista, Luiz Antônio Correia, presidente da Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia (SBNPp); o professor Fabrício Cardoso, líder do Laboratório de Inovações Educacionais e Estudos Neuropsicopedagógicos; o professor Paulo Chereguini, especialista em terapia ABA (Análise Aplicada ao Comportamento) ao TEA; a psicóloga clínica e mestre em Educação, Aída Brito, especialista em Educação Especial e Inclusiva; e o professor Lucelmo Lacerda, especialista em Educação Especial, Inclusiva e Políticas de Inclusão. “Queremos que todos que participem do congresso tenham a oportunidade de ampliar seus conhecimentos e aplicar no dia a dia processos que estão mostrando grandes resultados no país todos, pois acreditamos que quem estuda melhor atende. Com isso, os pais das crianças se sentem mais preparados e os profissionais conseguem desenvolver melhor suas intervenções seja no ambiente clínico ou escola. Precisamos mostrar que o desenvolvimento das crianças é uma parte de todo uma jornada que envolve vários agentes e interações multidisplinares”, enfatiza o psicólogo Italo Gomes, sócio-diretor do Ceam. 

*Com informações da Assessoria de Imprensa.

Serviço
I Congresso Nacional de Transtorno do Desenvolvimento: Um Olhar Multidisciplinar
Quando: sábado 27/5, das 7 às 19h;  domingo 28/5, das 8h30 às 17h
Onde: Mar Hotel Conventions (Rua Barão de Souza Leão, 451 Boa Viagem)
Mais informações: Clique/toque aqui!

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