Efeito

Trégua em guerra comercial leva Bolsas a baterem máximas

Por: FolhaPress

Publicado em: 01/07/2019 19:57

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)
A trégua na guerra comercial entre Estados Unidos e China e retomada da negociação entre os dois países animou investidores nesta segunda-feira (1º). Mesmo após dados fracos da indústria europeia e chinesa, a Bolsa de Frankfurt bateu a máxima do ano e o índice S&P 500, na Bolsa de Nova York, quebrou seu recorde histórico.

A Bolsa brasileira voltou aos 101 mil pontos, puxada pela maior alta do minério de ferro no ano, que fez as ações da Vale dispararem. O dólar teve leve alta de 0,10%, a R$ 3,8450.

Durante a reunião do G20, o presidente americano Donald Trump e chinês, Xi Jinping se reuniram para retomar as negociações de um acordo comercial entre os países.

O encontro superou as expectativas do mercado, já que Trump decidiu abandonar a ameaça de impor novas tarifas à importação produtos chineses e falou, sem dar detalhes, sobre a possibilidade de abrandar o veto à Huawei, gigante tecnológica chinesa.

"As empresas americanas podem vender seus equipamentos para a Huawei", afirmou o presidente dos EUA em coletiva de imprensa ao final da cúpula. 

No entanto, ainda não está claro como a atitude dos EUA em relação à empresa chinesa irá mudar.

Em maio, o governo Trump ameaçou colocar a Huawei em uma lista negra de empresas que estão proibidas de vender tecnologia nos EUA. A marcar foi acusada de espionagem em favor de Pequim. O grupo negou. 

Do lado chinês, Xi concordou em fazer novas compras de produtos agrícolas dos EUA e retomar as negociações depois que a última rodada entrou em colapso em maio.

O saldo foi tão positivo, que investidores ignoraram os dados da indústria chinesa e alemã. A atividade industrial da China encolheu inesperadamente em junho, uma vez que as demandas doméstica e de exportação enfraqueceram, mostrou a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) nesta segunda.

A leitura fraca sugere que a segunda maior economia do mundo ainda está perdendo força apesar de uma série de medidas de suporte ao longo do último ano, com algumas empresas informando que suspenderam as linhas de produção por causa da disputa comercial entre China e Estados Unidos.

O PMI de indústria ficou em 49,4 em junho, pior leitura desde janeiro e abaixo das expectativas de economistas de 50,0. Foi a primeira vez em quatro meses que o índice ficou abaixo da marca neutra de 50 que separa contração de expansão.

A confiança empresarial no país caiu para o menor nível em mais de sete anos como resultado, e as empresas cortaram empregos pelo terceiro mês seguido.

O PMI da zona do euro também encolheu no mês passado, mais rápido do que estimado anteriormente. O dado, divulgado nesta segunda, foi a 47,6 em junho, abaixo da preliminar de 47,8 e dos 47,7 de maio, chegando ao quinto mês abaixo da marca de 50 que separa crescimento de contração.

A pesquisa também indica que o segundo semestre começará lento. As novas encomendas caíram pelo nono mês, os estoques de novos materiais foram reduzidos e o número de funcionários foi cortado pelo segundo mês.

"As indústrias da zona do euro permaneceram em forte contração em junho, com uma das taxas mais acentuadas em mais de seis anosA pesquisa decepcionante encerra um segundo trimestre em que a leitura média do PMI foi a mais baixa desde os primeiros meses de 2013", afirma Chris Williamson, economista-chefe do IHS Markit.

Os números fracos devem somar-se aos pedidos para que o Banco Central Europeu (BCE) afrouxe a política monetária uma vez que também destaca o enfraquecimento das pressões inflacionárias.

A expectativa de queda na taxa de juros e a trégua na guerra comercial levaram a Bolsa de Frankfurt a uma alta de 0,99%, a 12.521 pontos, maior patamar do ano.

O índice CSI 300, que mede o desempenho das Bolsas chinesas de Xangai e Shenzhen, subiu 2,88%. A Bolsa japonesa acompanhou o viés positivo e teve alta de 2,13%. Hong Kong, que vive uma série de protestos contra o governo, recuou 0,3%.

"Importante ressaltar que os mercados já esperavam por um desfecho positivo [da guerra comercial], mas mesmo assim avançam nesta segunda ignorando novos dados industriais fracos vindos da China e da Europa sugerindo que a desaceleração do crescimento global veio para ficar. Por estar abaixo de 50 pontos o indicador mostra retração da atividade econômica e confirma um momento de fragilidade por lá", diz relatório da Rico Investimentos.

Índices da Bolsa de Nova York também reagiram à aproximação de Trump e Xi. Dow Jones subiu 0,44% e Nasdaq, 1,06%. O índice S&P 500 teve alta de 0,77%, a 2.964 pontos, maior patamar de sua história.

Outra máxima nesta segunda foi do minério de ferro, cujo contrato futuro na China atingiu o maior preço do ano, a US$ 124,85 (R$ 480,04), alta de 2,87%. A valorização é impulsionada pela oferta restrita, com queda na produção brasileira e australiana, bem como pelas expectativas de que o aumento dos preços do aço elevará a demanda pela matéria-prima.

As ações da Vale foram puxadas pela alta da commodity e subiram 3,53%, a R$ 53,65, maior patamar desde abril. A CSN acompanhou e teve alta de 1,5%, a R$ 16,96.

O Ibovespa, maior índice acionário do país, subiu 0,37% com a alta da Vale, a 101.339 pontos. O giro financeiro foi de R$ 14,854 bilhões. 
Dentre as maiores altas do índice, estão os frigoríficos, que serão beneficiados pelo acordo entre Mercosul e União Europeia (UE).

Além do acordo preliminar de livre comércio, a JBS foi incluída no portfólio de investimentos do BTG Pactual nesta segunda, o que levou os papéis da companhia a uma alta de 5,51%, a R$ 22,39. A concorrente Marfrig subiu 3%, a R$ 6,48.

A BRF também teve seus papéis impulsionados por uma oferta da ordem de US$ 350 milhões (R$ 1,3 bilhão) por ativos no Oriente Médio, segundo o jornal Valor Econômico. As ações da empresa subiram 8,67%, a R$ 32,08.

O desempenho da Bolsa foi contido pela queda de 0,54% e 0,33% nas ações preferenciais (mais negociadas) e ordinárias (com direito a voto) da Petrobras e pela apreensão de investidores quanto a apresentação da nova versão do relatório da Reforma da Previdência na comissão especial, prevista para esta terça (2).

Ainda não há uma definição sobre a inclusão de estados e municípios no projeto. Na manhã desta terça (2), líderes partidários, governadores, o relator da proposta, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tentarão chegar a uma solução sobre a questão. Só então haverá a leitura de uma complementação de voto na comissão, o que abre o caminho para a votação da proposta.

O presidente da comissão especial, deputado Marcelo Ramos (PL-AM), disse acreditar que a proposta será votada pelo colegiado nesta semana, mas alertou que sempre há o risco de adiamento, uma vez que ainda há pontos em negociação.

"Acho que votamos essa semana. Mas risco sempre existe. Vamos vero o clima amanhã", disse Ramos.

Além da questão envolvendo os entes federativos, a aposentadoria de carreiras da segurança pública é outro ponto de tensão, de acordo com a assessoria do presidente do colegiado.

Se não for votada nesta semana na comissão, a reforma da Previdência corre risco de não ir ao plenário da Câmara antes do recesso parlamentar, que se inicia em 18 de julho.
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