justificativa

"O problema do baixo crescimento econômico é estrutural", afirma economista

Publicado em: 01/07/2019 20:33 | Atualizado em: 01/07/2019 20:54

Foto: Carlos Vieira/CB/D.A Press (Foto: Carlos Vieira/CB/D.A Press)
Foto: Carlos Vieira/CB/D.A Press (Foto: Carlos Vieira/CB/D.A Press)
Durante o evento do Correio Debate, "25 anos do real: Os desafios para o Brasil", ocorrido nesta segunda-feira (1º), o professor adjunto do departamento de economia da Universidade de Brasília (UnB), José Luis Oreiro, ressaltou que o problema de baixo crescimento da economia brasileira é estrutural e que a causa da crise de 2014 se baseia no colapso no investimento público com o privado em 2014, pela redução da taxa de lucro, motivada pelo superaquecimento da economia. 

"O governo Dilma achava que o diagnóstico errado sobre a questão do baixo crescimento econômico brasileiro era de escassez de demanda agregado, quando na verdade, era um problema estrutural, relacionado com a mudança na composição da estrutura produtiva na economia brasileira, o diagnóstico foi errado, logo, foram utilizados instrumentos equivocados". 

Segundo ele, o plano Real não conseguiu eliminar inteiramente a indexação na economia e tornar o real uma unidade de conta de fato, em que todos os contratos, preços e salários fossem expressos. “Isso não foi feito. Continuamos com economia indexada, com contratos indexados e a unidades que não são unidades de conta da economia brasileira Portanto, nesse sentido, temos uma estabilização inacabada, que gera maior dificuldade do Banco Central baixar os juros, aumenta os juros pontual e acaba tornando a gestão macroeconômica mais difícil”, aponta.

Oreiro apontou ainda que o problema cíclico de desemprego em que o país tem se afundado. “Não temos apenas um grande número de pessoas desempregadas, como o desemprego de longo prazo, por mais de dois anos, já soma quase 3 milhões e meio de brasileiros. Temos risco de, nos próximos anos, sair da renda média e cair na pobreza. Longos prazos são uma sucessão de pequenos prazos. Se continuar assim, num curto prazo, talvez não tenhamos longos prazos para a economia brasileira”, avaliou.

Para o economista, o que explica a redução do crescimento da economia brasileira a partir dos ano 80, foi a queda sensível do esforço de arrumação de capital.

"Enquanto que nos anos 50, 60, 70 crescia em 9%, 10%, a partir de 80, 90, 2000 passou a crescer 2,5% ao ano, ou seja, o Brasil investiu uma fração muito pequena do PIB na expansão da capacidade produtiva, em máquinas, instalações, infraestrutura e isso reduziu brutalmente a taxa de crescimento. Por outro lado, não é possível ter desenvolvimento de longo prazo se não tiver produtividade".

Ele explica ainda que o aumento da produtividade está diretamente relacionado ao crescimento estoque de capital físico por trabalhador.

"A redução do ritmo de crescimento da economia brasileira e do crescimento da produtividade brasileira está umbilicalmente relacionado com a redução de esforço de arrumação de capital tanto do setor privado, quanto do setor público. O salto que a economia deveria ter dado era aumentar a participação no mercado de manufaturados. O que podemos dizer é que os momentos em que a taxa de crescimento do PIB per capita cai, são momentos em que há contração da participação da indústria", destaca.

Ele ainda elencou que problemas no grau de utilização de capacidade produtiva (efeito acelerador); a participação dos lucros na renda (efeito lucratividade); a taxa real de câmbio (efeito competitividade externa e a taxa real de juros (efeito custo do capital) foram motivos que levaram à queda da taxa de investimento.
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