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Barcos encurtam caminhos em cidade congestionada

Publicado em: 27/06/2019 08:34

O barqueiro Anísio Barros transporta passageiros de diferentes bairros do Recife há quatro décadas.
Foto: Tarciso Augusto / Esp. DP Foto. (O barqueiro Anísio Barros transporta passageiros de diferentes bairros do Recife há quatro décadas.
Foto: Tarciso Augusto / Esp. DP Foto.)
O barqueiro Anísio Barros transporta passageiros de diferentes bairros do Recife há quatro décadas. Foto: Tarciso Augusto / Esp. DP Foto. (O barqueiro Anísio Barros transporta passageiros de diferentes bairros do Recife há quatro décadas. Foto: Tarciso Augusto / Esp. DP Foto.)

O barqueiro A nísio Silva Barros, 54 anos, carrega uma média de 70 pessoas diariamente no Rio Capibaribe. Segundo ele, hoje já existe uma demanda estabelecida na travessia Jaqueira-Torre, no Jardim do Baobá e no Marco Zero, seja de turistas ou de recifenses que utilizam o modal pelo rio para driblar grandes percursos ou engarrafamentos. Para as travessias, num trecho de até 60 metros, ele cobra R$ 1,50. Quando ele sai do Jardim do Baobá, nas Graças, até o Recife Antigo, o valor é de R$ 250 para grupos de 10 pessoas, mas sempre com perspectiva de turismo.

“Tem muita gente que mora na Torre e frequenta a Jaqueira e vai de barco. Estudantes de escolas localizadas nos Aflitos, Graças e Espinheiro também fazem o transporte fluvial. Ou gente que mora na Torre, mas pega ônibus na Avenida Rui Barbosa. No sentido contrário, tem muita gente que pega o barco pra ir ao Hospital Evangélico, na Torre. O movimento nessa área é sempre bom, principalmente quando a cidade está travada”, conta seu Anísio, que atua há 40 anos como barqueiro. “Eu trabalhava fazendo a travessia das pessoas do Parnamirim para a Torre”, lembra. Para seu Anísio, o transporte por barcos é muito mais seguro. “O trânsito na rua é uma verdadeira loucura”.

Mesmo na Zona Sul, área não banhada pelo Rio Capibaribe, existe demanda. O analista de sistemas Breno Gonçalves, 40 anos, mora em Boa Viagem e trabalha no Recife Antigo. Diariamente, ele usa os barcos para fazer o trecho Brasília Teimosa-Marco Zero. “Eu vou de bicicleta até o Parque de Esculturas Brennand e de lá pego um barco. Além de ser mais seguro, economiza meu tempo. De bike e barco, eu gasto 18 minutos e tenho a previsibilidade. De ônibus, levo mais de uma hora. De carro, são 45 minutos. Isso em dias normais. Com congestionamento, eu gasto mais tempo enquanto de bike e barco eu sei quanto tempo vou chegar em casa”, diz Breno. A travessia de barco custa R$ 1,50.

ENTENDA

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Breno acredita que o transporte fluvial também possa ser oferecido na Zona Sul, através dos cursos d’água do Rio Pina, que chegam quase até a Avenida Antônio Falcão. “A mobilidade pelo rio dá pra ser muito bem explorada no Recife em diversas áreas da cidade, sem grandes obras, se houver vontade política. Acredito que o custo do serviço não barre o preço da tarifa de ônibus, por exemplo, e por isso não seria uma solução de trans- porte de massa. Mas com certeza seria uma boa opção sobretudo em relação ao carro”, defendeu o analista de sistemas. Ele ressalta que o próprio turismo vai se beneficiar desse tipo de serviço.

Em nota, a Capitania dos Portos no Recife afirmou que não existem restrições para o serviço de transporte fluvial desde que as embarcações estejam equipadas com iluminação adequada e as rotas estejam devidamente balizadas. “Segundo as Normas da Autoridade Marítima para Embarcações Empregadas na Navegação Interior, nos atracadouros específicos de travessia somente poderão trafegar, atracar, desatracar e permanecer nas proximidades, as embarcações autorizadas pelo setor competente do Ministério dos Transportes (ANTAQ ou DNIT), pelas Agências Reguladoras Estaduais ou Órgãos Municipais competentes para explorar o serviço regular de travessia”, informou.

A Capitania dos Portos disse também que atua na formação/qualificação dos profissionais aquaviários de Pernambuco, cabendo a esta autoridade marítima garantir a segurança do tráfego aquaviário em águas sob jurisdição nacional.
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