Comunidade do Detran
Quatro PMs envolvidos em ação que terminou em mortes já responderam a processos na Justiça
As informações estão no sistema de buscas do site do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE); SDS diz que todos foram arquivados
Por: Wilson Maranhão
Publicado em: 23/11/2023 18:22 | Atualizado em: 23/11/2023 18:35
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PMs entraram em casa onde duas pessoas morreram (Foto: Redes Sociais) |
Quatro PMs envolvidos em ação que terminou em mortes já responderam a processos na Justiça pernambucana.
As informações estão no sistema de buscas do site do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE); SDS diz que todos foram arquivados
Quatro dos nove policiais militares envolvidos na operação que resultou na morte de dois homens, na Comunidade do Detran, na Iputinga, na Zona Oeste do Recife, já responderam por algum processo na Justiça pernambucana.
De acordo com a Consulta Processual do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), esses policiais, citados pela própria corte, já possuem registros anteriores por delitos diferentes.
Esses quatro PMs estão entre os seis que estão detidos no Centro de Reeducação da Polícia Militar de Pernambuco (Creed), em Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife (RMR).
Todos tiveram prisão preventiva decretada pelo TJPE, na quarta (22), após pedido feito pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE).
Eles foram autuados pelo crime de invasão de domicílio.
Outros cinco que estavam na ação não possuem processos anteriores, de acordo com a apuração feita pela reportagem do Diario de Pernambuco.
Dois desses cinco também estão presos preventivamente no Creed.
Os três demais tiveram liberdade provisória decretada e responderão por medidas cautelares, segundo o TJPE.
Todos os nove PMs são do Batalhão de Operações Especiais (Bope), que na segunda (20), participaram da operação policial que resultou na morte de Rhaldney Fernandes da Silva Caluete, de 31 anos, e Bruno Henrique Vicente da Silva, de 28 anos.
Os nove PMs são alvo de três inquéritos diferentes, sendo um da Polícia Militar (Inquérito Policial Militar), um do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil e outro sendo uma sindicância interna da Corregedoria-Geral da Secretaria de Defesa Social (SDS).
Eles participaram da operação em busca de suspeitos de tráfico de drogas. São cinco soldados, dois sargentos e dois cabos.
O Diario de Pernambuco apurou no site da Consulta Processual do TJPE, por ordem alfabética, os PMs que já responderam por algum tipo de processo na Justiça.
Confira:
Bruno Matteus Berto Lacerda
O soldado do Bope, segundo consta no site do TJPE, respondeu por homicídio, de acordo com o processo de número 0002800-76.2021.8.17.2730. Consta que o status do processo “Homicídio simples: legítima defesa”. A autoria é da 1ª Promotoria de Justiça Criminal de Ipojuca.
Consta nos autos, que no dia 14 de abril deste ano, às 8h22, que o processo foi arquivado definitivamente.
Carlos Alberto de Amorim Júnior
O terceiro sargento do Bope e os soldados Brunno Matteus Berto Lacerda e Ítalo José de Lucena Souza são citados em um processo assinado pela 28ª Promotoria de Justiça Criminal da Capital.
O processo é de número 0110032-35.2023.8.17.2001.
Consta no site do TJPE que foi determinado o arquivamento do processo no dia 28 de setembro deste ano.
Ítalo José de Lucena Souza
O soldado do Bope, segundo consta no site do TJPE, também respondeu a uma investigação. O processo é de número 0001250-82.2023.8.17.2760 no qual a autoria é da 1ª Promotoria de Justiça de Itamaracá.
Consta no site da corte que nesta quinta (23), foi determinado o arquivamento definitivo do processo.
Josias Andrade Silva Júnior
O segundo sargento do Bope, segundo consta no site do TJPE, possui dois processos. Um deles é o de número 0000747-25.2021.8.17.2730 no.
O caso aponta homicídio simples. A autoria é da Promotoria de Justiça Criminal de Ipojuca.
Segundo consta no site da corte, no dia 10 de maio de 2022, foi determinado o arquivamento definitivo do processo.
Já o segundo é de número 0000739-41.2022.8.17.3400, também com status de homicídios simples.
A autoria é da Promotoria de Justiça de Sirinhaém. De acordo com o site do TJPE, no dia 25 de maio deste ano, o processo foi arquivado definitivamente.
O que diz a SDS
Por meio de nota, a Secretaria de Defesa Social (SDS) afirmou que os processos anteriores abertos contra os PMs, que constam da consulta processual do TJPE, foram tramitados e julgados pelos tribunais.
“Os casos foram também avaliados pelo Ministério Público, um dos órgãos responsáveis pelo controlo externo da ação policial, que decidiu arquivar os referidos casos”, afirmou a nota.
Ainda segundo a SDS, o fato de responder a ações judiciais durante a vida profissional “é um procedimento comum para os membros das forças de segurança que trabalham dia após dia no combate ao crime”.
A pasta disse, ainda, que, “para evitar que ocorram excessos, a Secretaria de Defesa Social dispõe de órgãos como a Inspetoria Geral da SDS, responsável por regular as atividades desenvolvidas por seus funcionários, a partir de denúncias de irregularidades nos serviços prestados”.
A Corregedoria funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana, na Avenida Conde da Boa Vista, 428, em Recife. Denúncias também podem ser feitas pelo telefone 3184 2772 ou pelo e-mail denuncia@corregedoria.sds.pe.gov.br .
Entenda o caso
Na noite de segunda (20), integrantes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) entraram na comunidade do Detran, na Iputinga, na Zona Oeste da capital, em busca de suspeitos de tráfico de drogas. A operação deixou dois mortos a tiros.
A operação começou por volta das 19h30 de segunda. O alvo seria um homem conhecido como ''gerente'' do tráfico de drogas na comunidade.
Os PMs entraram em uma casa, onde estavam os dois suspeitos. Imagens divulgadas em redes sociais mostram parte dessa operação.
Ainda na quarta, o alto comando da PM anunciou a saída do comandante da unidade. Wambergson Correia Melo será substituído interinamente por José Rogério Diniz Tomaz a partir desta quinta-feira (23).