SATÉLITE ESPIÃO
Coreia do Sul afirma que foguete espião de Pyongyang teve ajuda russa
O lançamento do satélite espião foi condenado pela maioria da comunidade internacional por violar as sanções impostas pela Organização das Nações Unidas (ONU) ao regime
Publicado em: 23/11/2023 16:44
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O satélite de espionagem militar foi lançado na última terça-feira (21) (foto: AFP PHOTO / KCNA VIA KNS) |
O serviço de inteligência sul-coreano afirmou que a Rússia ajudou a Coreia do Norte a lançar, na última terça-feira (21), um satélite de espionagem militar. “Após a reunião entre o presidente russo, Vladimir Putin, e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, em setembro, o Norte forneceu a Moscou o plano e os dados para o lançamento do primeiro e do segundo satélites. A Rússia, por sua vez, analisou esses dados e forneceu informações ao Norte", confirmou o deputado sul-coreano Yoo Sang-bum.
Pyongyang disse que colocou em órbita o primeiro satélite militar espião do país, depois de realizar o lançamento de um foguete espacial detectado por Seul e Tóquio. A Coreia do Norte defendeu a colocação em órbita do satélite como parte do direito legítimo de reforçar as capacidades defensivas, e prometeu lançar mais destes dispositivos de inteligência num curto período de tempo.
Mas, Seul declarou que ainda é cedo para saber se o satélite irá funcionar. "O serviço nacional de Inteligência avaliou que o lançamento do satélite espião foi bem sucedido e que foi colocado numa trajetória orbital", revelou o serviço de inteligência.
O lançamento do satélite espião foi condenado pela maioria da comunidade internacional por violar as sanções impostas pela Organização das Nações Unidas (ONU) ao regime. “O lançamento revela, mais uma vez, que Pyongyang não tem vontade de respeitar o acordo militar", apontou Shin Won-sik, ministro da Defesa da Coreia do Sul. Shin também disse que a suspensão parcial do acordo militar assinado com Pyongyang há cinco anos, que permite a Sul retomar as atividades de reconhecimento nas zonas em torno da fronteira militarizada com o Norte, é uma medida essencial para proteger a vida e a segurança do povo e uma resposta proporcional. Logo depois de a Coreia do Sul ter suspendido parcialmente este acordo, na quarta-feira (22), o país posicionou drones e aviões de reconhecimento nas zonas fronteiriças.
Os comentários de Shin surgiram horas apos a Coreia do Norte ter anunciado que ia abandonar o pacto na totalidade, avisando que vai "pagar caro" pela decisão, e de ter efetuado um teste de mísseis, aparentemente sem sucesso, durante a noite. "Se a Coreia do Norte levar a cabo provocações sob o pretexto da suspensão, responderemos imediatamente, com força e até ao fim", acrescentou o ministro sul-coreano.
O acordo militar de 2018, assinado em Pyongyang durante uma cúpula entre o líder norte-coreano, Kim Jong-un, e o então presidente sul-coreano Moon Jae-in, foi um passo importante para reduzir a tensão militar na península, especialmente ao longo das fronteiras. No entanto, após o fracasso das negociações de desnuclearização com os EUA, em 2019, Pyongyang aprovou um plano de modernização do seu armamento, que inclui a instalação de satélites militares e envolve testes de mísseis, além de se recusar a retomar o diálogo e procurar, por outro lado, estreitar os laços com a China e a Rússia.
Por outro lado, Seul e Washington reforçaram a cooperação militar com Tóquio e fortaleceram o mecanismo de dissuasão, destacando um crescente número de meios estratégicos norte-americanos para a península coreana.