Ucrânia rejeita atenuar sanções à Rússia em troca de retomada do acordo de cereais

A Ucrânia rejeitou hoje demover parte das sanções internacionais impostas à Rússia em troca de um regresso do Kremlin ao pacto que permite a exportação de cereais de três portos ucranianos do Mar Negro. "Debilitar parte do regime de sanções contra a Rússia em troca do restabelecimento do acordo dos cereais seria um triunfo da chantagem alimentar russa e um convite a novas chantagens por parte de Moscou”, indicou Oleg Nikolenko, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia.

A reação de Kiev se deve a carta que o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, enviou ao chanceler russo, Serguei Lavrov, onde sugere a redução de uma parte das sanções impostas para converter no retorno ao acordo dos cereais. Nikolenko apelou aos responsáveis internacionais que continuem empenhados para que a Rússia volte a cumprir as suas obrigações em vez e reforçar a sua sensação de impunidade e estimular novas agressões com concessões. 

A proposta de Guterres incluiria o regresso dos bancos russos ao sistema internacional e movimento de capitais Swift, o fim do embargo a diversos investimentos russos na Europa e facilidade de acesso a portos europeus. O compromisso garantiria ainda que os navios russos não fossem atacados no mar Negro. 

A Rússia suspendeu o acordo após meses de críticas ao texto acordado, argumentando que os seus envios de produtos agrícolas e de fertilizantes estavam bloqueados pelas sanções ocidentais. Desde o fim do pacto, Moscou realiza bombardeios intensos nos portos do sul da Ucrânia e seus silos de cereais, ao mesmo tempo em que Kiev tem procurado rotas alternativas à exportação de produtos, para além de ataques a diversos portos e embarcações russas no Mar Negro.