Conselheiro de Zelensky recusa mediação do Papa após declarações 'pró-russas'

Nesta sexta-feira (8), o principal conselheiro da presidência ucraniana, Mykhailo Podolyak, disse que o Papa Francisco não pode mediar o conflito na Ucrânia por ser "pró-russo", após o pontífice ter mencionado a "Grande Mãe Rússia" e a respectiva herança cultural durante um recente discurso. A Ucrânia acusou Francisco de legitimar as iniciativas imperialistas passadas e presentes de Moscou. "O Papa não pode desempenhar um papel de mediação, porque é pró-russo e não é credível. Kiev exclui a possibilidade de mediação do Vaticano para solucionar o conflito militar no território ucraniano”, afirmou Podolyak.

O conselheiro presidencial ainda insinuou a existência de investimentos russos no Instituto para as Obras de Religião (IOR), mais conhecido como o Banco do Vaticano. 

O Papa já alegou que os comentários eram estritamente culturais e justificou que não elogiou o imperialismo russo, mas exortou a conservar a herança e a transmissão da cultura russa. "Num diálogo com jovens russos emiti no final uma mensagem que repito sempre: que cuidem da sua herança. É o mesmo que digo em todos os lugares, a necessidade de diálogo entre avós e netos. Esta era a mensagem", esclareceu na ocasião.

Francisco também acrescentou que se referiu à "Grande Rússia" para sublinhar a sua mensagem, porque "a herança russa é muito boa e muito bela e basta pensar no campo da literatura, da música, até chegar ao escritor Fiódor Dostoievski" que aborda o humanismo.

As palavras do Papa foram na ocasião criticadas pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores ucraniano, Oleg Nikolenko, ao considerar que defendiam o "imperialismo russo".