CUSTO DE VIDA
Preço dos alimentos recua e inflação tem alta de 0,23%
Alimentação e bebidas registram queda de 0,85% em agosto. Queda pelo terceiro mês consecutivo contribui para índice de preços ficasse abaixo das expectativas
Publicado em: 13/09/2023 16:40 | Atualizado em: 13/09/2023 16:42
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A comerciante Elaine Avila fez compras ontem em um sacolão e disse ter percebido a redução no valor das batatas, mas o mesmo não observou em relação ao preço dos tomates (foto: Túlio Santos/EM/D.A Press) |
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial, calculada pelo Instituto de Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentou uma queda importante no item “alimentação e bebidas” no último mês de agosto. O levantamento divulgado ontem revelou uma deflação de 0,85%, com um recuo ainda mais acentuado no subitem “alimentação no domicílio” - 1,26%. A queda nos preços revela a importância de analisar os itens que compõem o IPCA de maneira isolada. Essa é a terceira queda consecutiva no item, que apresenta um recuo acumulado de 0,31% no ano, apesar da alta de 1,08% nos últimos 12 meses. Em junho a deflação foi de 0,66% e em julho de 0,46%.
“Temos observado quedas ao longo dos últimos meses em alguns itens importantes no consumo das famílias como, por exemplo, a carne bovina e o frango”, afirmou André Almeida, gerente do IPCA no IBGE, que atribui esta redução a uma maior oferta. Mesmo com a deflação dos alimentos, o levantamento do IBGE também confirmou que o IPCA teve alta de 0,23% no último mês, elevando a inflação para 4,61% nos últimos 12 meses, 3,23% até o momento em 2023. Segundo o instituto, a principal influência do mês veio do item Habitação, com destaque para o subitem energia elétrica residencial, com um aumento de 4,59% e impacto de 0,18 p.p. no índice geral. Apesar de subir 0,23% a inflação ficou abaixo das expectativas do mercado de uma alta de 0,29%.
“O aumento na energia elétrica foi influenciado, principalmente, pelo fim da incorporação do bônus de Itaipu, referente a um saldo positivo na conta de comercialização de energia elétrica de Itaipu em 2022, que foi incorporado nas contas de luz de todos os consumidores do Sistema Interligado Nacional em julho e que não está mais presente em agosto”, explica o gerente do IPCA/INPC, André Almeida.
Juros
Em contraste, segundo o IBGE, a alimentação fora do domicílio registrou alta de 0,22%, variação próxima ao do mês de julho, 0,21%. As maiores altas foram no lanche (0,3%) e da refeição completa (0,18%). O setor sofre impacto não apenas da produção e do preço do alimento, mas também do custo de pessoal e estrutura. Os preços foram impactados em agosto pelos aumentos nos setores de habitação (1,11%), saúde e cuidados pessoais (0,58%) e transportes (0,58%), afetados principalmente pelos aumentos na gasolina.
Devido a uma melhora na inflação após o impacto da pandemia e a guerra na Ucrânia, o Banco Central do Brasil iniciou em agosto um ciclo de “flexibilização” da elevada taxa básica de juros (Selic), com um corte de 0,50 ponto percentual para 13,25%, a primeira queda em três anos. A consultora Capital Economics considera que o Banco Central manterá a flexibilização apesar da aceleração da inflação, embora estime que o ciclo será mais gradual.
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva insiste em uma redução das taxas de juros para baratear o crédito, incentivar o consumo e os investimentos. O mercado projeta que o país termine 2023 com uma inflação de 4,93%, segundo a última pesquisa Focus, divulgada pelo Banco Central.
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