Líbia tem mais de 10 mil desaparecidos e mortes ultrapassam os 5 mil

As fortes chuvas trazidas pela tempestade Daniel provocaram inundações, um rastro de destruição  e o colapso de pontes e barragens em vários pontos no leste da Líbia.  A Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e a ONG Crescente Vermelho (FICV) declararam que deve haver mais de dez mil desaparecidos. O Ministério do Interior da administração do leste da Líbia afirmou que os mortos já ultrapassam os 5.200. No entanto, a estimativa é que o número deve aumentar nos próximos dias. 

“As necessidades humanitárias excedem em muito as capacidades do Crescente Vermelho Líbio e até mesmo as capacidades do governo. Por isso o governo lançou um apelo à ajuda internacional e nós também vamos lançar em breve um apelo de emergência", explicou Tamer Ramada, responsável da FICV.

 

O Crescente Vermelho comparou a situação à devastação vivida no Marrocos, após o terremoto.

O premiê do Parlamento Oriental da Líbia, Osama Hamad, anunciou a criação de um Comitê de emergência e pediu uma resposta rápida. Segundo um porta-voz do exército, a situação é particularmente complicada na cidade de Derna, que fica na costa, onde três pontes desmoronaram, duas barragens se romperam e a água invadiu e destruiu vários bairros. A localidade ficou isolada, sem eletricidade e comunicações. Em Benghazi, a quarta maior cidade do país, com quase 120 mil habitantes, está atualmente isolada por terra após a destruição das suas estradas e pontes, estando também sem eletricidade e sem comunicações.

A tempestade Daniel atingiu o leste da Líbia na tarde de domingo, afetando as cidades costeiras de Jabal al-Akhdar (nordeste) e Benghazi, onde foi declarado recolher obrigatório.

Descrita pelos especialistas como um "fenômeno extremo em termos da quantidade de água que choveu", a tempestade já provocou também pelo menos 27 mortes na Grécia, Turquia e Bulgária.

De acordo com o Centro Nacional de Meteorologia líbio, a chuva ultrapassou os 400 mililitros por hora, um valor que não se registrava há quatro décadas. As autoridades do país pediram à comunidade internacional ajuda humanitária o mais rapidamente possível.