MIGRAÇÃO
Itália promete levar crise migratória à Assembléia das Nações Unidas
Para o vice-primeiro-ministro da Itália, Matteo Salvini, e o ministro italiano das Relações Exteriores, Antonio Tajani, a chegada de migrantes da África "não é explosiva, já explodiu"
Por: Isabel Alvarez
Publicado em: 18/09/2023 14:18
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Mais de 10 mil pessoas desembarcaram no país, na ilha de Lampedusa, no período de três dias (Foto: Alessandro Serranò / AFP) |
O vice-primeiro-ministro da Itália, Matteo Salvini, e o ministro italiano das Relações Exteriores, Antonio Tajani, anunciaram que a chegada de migrantes da África "não é explosiva, já explodiu", após mais de 10 mil pessoas terem desembarcado no país em três dias, na ilha de Lampedusa. Tajani afirmou que levará o assunto da pressão migratória na Assembléia-geral da ONU.
"Não há muros que consigam conter o movimento de milhões e milhões de pessoas. Veja a história das invasões bárbaras. O exército de Roma, o mais poderoso da história militar, não conseguiu travá-las", declarou.
Já a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, visitou ontem Lampedusa a pedido da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, onde continuam os desembarques de imigrantes agravando a crise migratória na ilha. A chegada de von der Leyen e Meloni contou com protestos dos residentes na ilha, que recebeu mais de 10 mil migrantes, muito mais do que a população da ilha, em apenas três dias. "Estamos fazendo tudo o que podemos, mas o aumento na chegada de migrantes representa uma pressão insustentável para Itália” disse Meloni.
Von der Leyen apresentou um plano de ação para Lampedusa em que se admite uma nova missão naval da União Europeia no Mediterrâneo, mas Tajani contrapôs que nem os 27 membros em conjunto são capazes de enfrentar a crise e pediu a intervenção da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e das Nações Unidas.
A Cruz Vermelha Italiana, que gere o centro de acolhimento de Lampedusa, informou que ali ainda se encontram 1500 migrantes, para uma capacidade de 400 pessoas. De acordo também com dados do Ministério do Interior italiano, mais de 127 mil migrantes entraram no país desde o começo do ano, quase o dobro em relação ao mesmo período de 2022.
Por outro lado, a Alemanha já suspendeu o acolhimento voluntário de requerentes de asilo provenientes de Itália, previsto nos acordos europeus, devido à "forte pressão migratória" e à recusa de Roma em aplicar os acordos.
Mas, o presidente da França, Emmanuel Macron, defendeu um dever de solidariedade e responsabilidade europeia com a Itália perante o afluxo de migrantes à ilha de Lampedusa e afirmou que os dois Governos estão trabalhando juntos e que serão tomadas decisões.
Na Espanha, o Ministério do Interior comunicou que nas duas primeiras semanas deste mês registraram um recorde de migrantes resgatados no mar, mais de 3.400, a maioria deles nas Ilhas Canárias. Segundo os dados mais recentes do ministério espanhol, desde o início de 2023, um total de 24.463 migrantes chegou à Espanha, o que representa 25% a mais do que no mesmo período do ano passado.