Índia nega acusação do Canadá de assassinar líder sikh

Nesta terça-feira (19), o Ministério das Relações Exteriores indiano considerou um "absurdo" a acusação do primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, de que a Índia esta por trás do homicídio do líder sikh, Hardeep Singh Nijjar, ocorrido em junho. O governo indiano expulsou um alto diplomata canadense, cuja identidade não foi divulgada, em resposta também a expulsão do chefe dos serviços de informação da Índia no Canadá, Pavan Kumar Rai, na segunda-feira.

"É crescente a preocupação com a interferência de diplomatas canadenses em nossos assuntos internos", disse a chancelaria indiana. 

O Canadá é o país com a maior diáspora sikh, tendo mais de 770 mil pessoas. A situação afeta há anos as relações diplomáticas entre Ottawa e Nova Deli. Ontem, Trudeau acusou a Índia de ser responsável pelo assassinato de Nijjar, ocorrido em Surrey, cidade perto de Vancouver. Nijjar morreu após ser atingido por múltiplos disparos feitos por dois homens mascarados no estacionamento do templo sikh que liderava. "Qualquer envolvimento de um governo estrangeiro no assassínio de um canadense em nosso solo é uma violação inaceitável da nossa soberania", disse Trudeau, que ainda afirmou que já havia exigido explicações ao premiê da Índia, Narendra Modi, quando se encontraram na cúpula do G20, no início do mês. 

Em contrapartida, Nova Deli ressaltou o compromisso com o Estado de Direito e instou Ottawa a tomar medidas legais imediatas e eficazes contra todos os elementos anti-Índia que operam a partir do seu solo. "Tais alegações infundadas procuram desviar o foco dos terroristas e extremistas do Calistão, que receberam abrigo no Canadá e continuam a ameaçar a soberania e a integridade territorial da Índia. A inação do governo canadense nesta matéria tem sido uma preocupação antiga e contínua. O fato de figuras políticas do Canadá terem expressado abertamente simpatia por tais elementos continua a ser motivo de profunda preocupação. O espaço concedido no Canadá a uma série de atividades ilegais, incluindo assassinatos, tráfico de seres humanos e crime organizado, não é novo. Rejeitamos qualquer tentativa de ligar o governo da Índia a tais desenvolvimentos”, disse em comunicado o Ministério das Relações Exteriores indiano.

Hardeep Singh Nijjar, que tinha 45 anos, nasceu em Jalandhar, no estado do Punjab, região que os sikh querem tornar independente, sob o nome de Calistão. Nijjar se  mudou para o Canadá em 1997. Líder de um templo sikh, foi dado como terrorista pela Índia, em 2020, por alegadas ligações com o grupo extremista Força Tigre do Calistão. De acordo com a imprensa indiana, Nijjar estava organizando um referendo não oficial para a criação de um estado sikh independente quando foi assassinado.