ONU
Guterres critica governação global e diz que ameaça imediata é o aquecimento
Em seu discurso de abertura na 78ª sessão da Assembléia geral, o secretário-geral da ONU disse que a governança global está "presa no tempo"
Por: Isabel Alvarez
Publicado em: 19/09/2023 12:52
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António Guterres sublinhou ainda a importância do compromisso de paz na Carta das Nações Unidas (Foto: Fabrice Coffrini/ AFP) |
Nesta terça-feira (19), o secretário-geral da ONU, António Guterres, em seu discurso de abertura na 78ª sessão da Assembléia geral, fez duras críticas à governação global, ao dizer estar "presa no tempo", dando como exemplo o próprio Conselho de Segurança das Nações Unidas e as instituições financeiras. Guterres acrescentou que esses dois sistemas refletem as realidades políticas e econômicas de 1945, quando muitos países agora representados no plenário ainda estavam sob domínio colonial.
"O mundo mudou. As nossas instituições não. Não podemos resolver eficazmente os problemas tais como eles são se as instituições não refletirem o mundo tal como ele é. Em vez de resolverem problemas, correm o risco de se tornarem parte do problema", declarou, defendendo reformas das instituições financeiras internacionais e do Conselho de Segurança da ONU e a ampliação com a União Africana.
Guterres destacou ainda que a ameaça mais imediata ao futuro humano é o aquecimento do planeta e que as alterações climáticas vão mudar a vida dele. "Em todo o mundo, assistimos não só à aceleração das temperaturas, mas também à aceleração do aumento do nível do mar, à propagação de doenças mortais, à extinção de espécies e cidades sob ameaça. E isto é apenas o começo", pontuou.
António Guterres sublinhou ainda a importância do compromisso de paz na Carta das Nações Unidas e afirmou que a invasão da Ucrânia pela Rússia é a prova de uma violação à Carta e que criou um mundo de insegurança para todos. "Em vez de se acabar com o flagelo da guerra, estamos assistindo a uma onda de conflitos, golpes de Estado e caos. Se todos os países cumprissem as suas obrigações nos termos da Carta, o direito à paz estaria garantido", concluiu.