ABALO

Por que terremoto na Turquia e na Síria foi tão devastador?

Por: AFP

Publicado em: 06/02/2023 17:16

 (Foto: AFP)
Foto: AFP
Uma combinação de fatores provocou o número elevado de mortos no forte terremoto que arrasou a Turquia e a Síria nesta segunda-feira (6).

Mais de 2.700 pessoas morreram no sismo de magnitude 7,8 na fronteira entre os dois países, um balanço que aumenta com o passar das horas.

A localização, a hora em que ocorreu, os antecedentes e as medidas de segurança pouco rigorosas para as construções ajudam a explicar o alto número de vítimas.

O terremoto mais forte já registrado na Turquia desde 1939 atingiu uma região densamente povoada. Ocorreu durante a madrugada, às 04h17 locais (22h17 em Brasília), surpreendendo a população enquanto dormia.

As vítimas, em sua maioria, "ficaram bloqueadas quando suas casas desabaram", explicou à AFP Roger Musson, investigador do Serviço Geológico britânico. Os métodos de construção "não eram realmente adequados para uma área propensa a grandes terremotos", explicou o especialista.

A falha geológica onde ocorreu o tremor esteve relativamente calma nos últimos tempos. A Turquia é uma das zonas sísmicas mais ativas do mundo. 

Um tremor na região de Duzce(norte), em 1999, causou mais de 17.000 mortes. Desta vez, o terremoto ocorreu no outro extremo do país, na chamada falha da Anatólia Oriental.

Esta região não sofria um terremoto de magnitude superior a 7 há mais de 200 anos. Provavelmente por isso seus habitantes "foram negligentes", explicou Musson.

Devido a este longo período de relativa tranquilidade, a energia da falha "foi se acumulando", explicou Musson. A região sofreu outro tremor de magnitude 7,5 horas depois, o que confirma que muita energia acumulada precisava ser liberada, acrescentou.

- Repetição do tremor de 1822 -
Em 13 de agosto de 1822, esta mesma área sofreu um impacto "quase igual", com um tremor de 7,4 de magnitude. O abalo causou "um dano enorme, com cidades totalmente destruídas e dezenas de milhares de vítimas", assegurou Musson. As réplicas se prolongaram até junho do ano seguinte, afirmou.

Além disso, o epicentro do terremoto desta segunda-feira foi relativamente pouco profundo, apenas 17,9 quilômetros, e se situou na cidade turca de Gaziantepe, onde vivem cerca de dois milhões de pessoas.

A placa tectônica Arábica se deslocou para o norte. "Não tendo espaço, colidiu" com a placa da Anatólia. Essa fricção reverbera por toda a falha, explica este especialista.

O epicentro não é tão importante neste caso como a extensão do movimento telúrico, ao longo de 100 km.

"Isso significa que tudo dentro dessa margem de 100 km ao longo da falha" sofre as consequências do tremor, acrescentou.

- Infraestrutura fragilizada -
Os terremotos não podem ser previstos, indicou Carmen Solana, uma vulcanóloga da Universidade de Portsmouth, no Reino Unido.

“As infraestruturas adaptadas são raras no sul da Turquia e especialmente na Síria, portanto agora a prioridade é salvar vidas”, recordou a especialista.

A Turquia aprovou uma lei em 2004 para reforçar os critérios de construção, após o terremoto de 1999. 

Na Síria, devido à guerra, a situação é provavelmente pior. "Muitas estruturas já estavam fragilizadas após um uma década de guerra", lembrou Bill McGuire, vulcanólogo da University College London.

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