ECONOMIA

Desemprego alcança mínimo histórico nos EUA após forte criação de vagas em janeiro

Por: AFP

Publicado em: 03/02/2023 21:30 | Atualizado em: 03/02/2023 18:17

 (Foto: MARIO TAMA / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP
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Foto: MARIO TAMA / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP
O mercado de trabalho superou todas as expectativas em janeiro nos Estados Unidos e mostrou uma saúde de ferro, apesar dos temores de desaceleração econômica e dezenas de milhares de demissões no setor de tecnologia, que não impediram que o desemprego atingisse seus menores níveis desde 1969.

A maior economia do mundo criou 517 mil empregos em janeiro, anunciou nesta sexta-feira (3) o Departamento do Trabalho.

É quase o dobro de dezembro, quando foram criados 260 mil postos de trabalho, segundo dados revisados para cima e publicados também nesta sexta.

Os analistas esperavam praticamente um terço do resultado anunciado para o primeiro mês deste ano: 187 mil novos empregos, de acordo com o consenso reunido pelo Briefing.com.

Com esses números, a taxa de desemprego, que estava há vários meses em seu nível anterior à pandemia (3,5%), o mais baixo em 50 anos, cai ainda mais, a 3,4% da população economicamente ativa. A expectativa era de 3,6%.

"O crescimento do emprego foi generalizado, liderado pelos setores de lazer e hotelaria, serviços profissionais e empresariais e pela saúde. O emprego também aumentou no setor público, em parte pelo retorno de trabalhadores após uma greve", detalha o Departamento do Trabalho em seu comunicado.

O presidente Joe Biden saudou "o maior aumento de empregos da história" do país. "Criamos 12 milhões de empregos desde que assumi minhas funções" em 2020, afirmou ele na Casa Branca.

Que "mais pessoas cheguem ao mercado [de trabalho], busquem e encontrem emprego, é um sinal positivo para a saúde da economia no futuro", enquanto muitos economistas temem uma recessão em 2023.

- A 'grande renúncia' -
O mercado de trabalho parece ter uma saúde de ferro, apesar do arrefecimento da economia provocado pelo incremento das taxas de juros por parte do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), que tenta conter a inflação encarecendo o crédito e desestimulando o consumo e o investimento.

Na quarta-feira, e pesquisa mensal ADP/Stanford Lab havia indicado um volume de postos criados no setor privado em forte baixa em relação a dezembro, essencialmente por condições climáticas desfavoráveis, com inundações na Califórnia e nevascas no centro e no leste do país.

Mas "vemos um mercado de trabalho ainda sólido apesar das consequências da meteorologia", disse a economista-chefe da ADP, Nela Richardson, ao publicar o relatório.

As taxas em alta estão tendo, no entanto, um efeito sobre o crescimento dos salários, que se modera.

Há quase dois anos, devido à escassez de mão de obra, as empresas tendem a propor salários mais altos para atrair ou até mesmo reter seus funcionários, em plena escalada inflacionária.

Os salários mais altos pressionam a alta dos preços na economia.

Em um movimento chamado de "grande renúncia", milhões de pessoas deixaram seus empregos em busca de melhores condições em outras empresas.

- Questão de tempo -
Em meio às dificuldades de um mercado de trabalho sob tensão, as empresas tentam não demitir funcionários que tiveram dificuldades para contratar e com os quais gastaram dinheiro para formar.

A exceção é no setor de tecnologia, que, depois de contratar em massa desde o começo da pandemia pela maior demanda de serviços online, dá um passo atrás e anuncia milhares de demissões - da Alphabet à Amazon, passando por Meta e Microsoft.

Companhias de outros setores também começam a fazer anúncios de cortes de pessoal, como a transportadora FedEX e a fabricante de múltiplas utilidades 3M, com muita demanda por seus serviços e produtos durante a pandemia, e até o banco de negócios Goldman Sachs.

Apesar desses números muito elevados de cortes de postos de trabalho, "as demissões como um todo [...] são poucas, e as que registramos em alguns setores ainda não se traduziram em aumento de novos pedidos de seguro desemprego", observou a economista Nancy Vanden Houten, da Oxford Economics.

As inscrições para essas ajudas inclusive baixaram na última semana de janeiro, para seu menor nível desde abril, segundo dados do Departamento de Trabalho.

Mas é questão de tempo para que isso mude, estima Ian Shepherdson, economista-chefe da Pantheon Macroeconomics: "A tendência é a alta [das demissões] e os pedidos [de seguro desemprego] continuarão".

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