Tradição

Pátio de São Pedro e Boulevard Rio Branco recebem sambadas de maracatus de baque solto

Publicado em: 20/11/2019 16:05

Foto: Jan Ribeiro/Prefeitura de Olinda.
Para celebrar os rituais que servem de raízes às tradições culturais mais autênticas de Pernambuco, a Prefeitura do Recife vai encurtar a distância entre a capital e o interior e promover pela primeira vez, nos próximos dias 24 de novembro e 8 de dezembro, duas Sambadas de maracatu no Recife, com a participação do Cruzeiro do Forte do Recife e Pavão Dourado de Tracunhaém, Piaba de Ouro de Olinda e Gavião da Mata de Glória do Goitá, no Pátio de São Pedro e no Boulevard Rio Branco.

Celebração de dança de terreiro pouco conhecida e nunca realizada na capital, as Sambadas são um ensaio para preparar os grupos de maracatu de baque solto para as apresentações do carnaval. “Antigamente, durante o período pré-carnavalesco, cada agremiação realizava pelo menos quatro sambadas. Hoje, quando fazem, os Maracatus de Baque Solto realizam no máximo uma sambada antes do carnaval. Os jovens folgazões (brincantes) estão mais preocupados com o brilho de suas fantasias do que em preservar esses rituais. E o risco é que os Maracatus de Baque Solto se tornem uma brincadeira apenas de Carnaval”, preocupa-se Manoelzinho Salustiano, presidente da Associação de Maracatus de Baque Solto de Pernambuco.

As Sambadas no Recife, segundo ele, celebram duas tradições: as origens das brincadeiras dos Maracatus de Baque Solto e a fundação da Associação dos Maracatus de Baque Solto de Pernambuco, criada há 30 anos para defender a tradição que hoje é patrimônio imaterial do Brasil. “É a primeira vez que as sambadas chegam à capital. Estamos fazendo isso para fortalecer a cultura do Maracatu de Baque Solto. Vamos transformar o Pátio de São Pedro e a Rio Branco em verdadeiros Terreiros, para mostrar que maracatu não é só Carnaval. É também dança, poesia, música e terreiro.”

No próximo domingo (24), a Sambada recifense será no Pátio de São Pedro, a partir das 16h, com o colorido, força e tradição dos maracatus Cruzeiro do Forte do Recife e Pavão Dourado de Tracunhaém. No dia 8 de dezembro, também um domingo, a Sambada será no Recife Antigo e contará com os maracatus Piaba de Ouro de Olinda e Gavião da Mata de Glória do Goitá. A brincadeira começa às 16h, no Boulevard Rio Branco.

Sambada

Tradição centenária, a Sambada reúne folgazões de 8 a 80 anos. Cada maracatu chega na Sambada com sua diretoria, seu Mestre e seus brincantes, realizando coreografias chamadas por eles de manobras. Os folgazões vestem-se à vontade, com calça e camisa estampada de manga longa, galho de arruda (ou alguma planta de caráter purificador, como pinhão roxo, alfavaca de caboclo, manjericão) na boca, atrás da orelha ou pendurada no peito. A guiada (lança do caboclo) é substituída por um pedaço de madeira, que é manejado mais facilmente.

Após o ritual de chegada de cada um dos dois Maracatus, é dada a largada para a peleja. O Mestre é acompanhado pelo terno, composto de músicos de percussão (surdos, taróis, cuícas, gonguês e ganzás) e instrumentos de sopro. O clima é festivo. Os dois mestres, um de cada maracatu, passam a alternar as estrofes da peleja, com desaforos, para disputar a admiração do público.

Os folgazões dançam como se estivessem lutando, de dois em dois, ou em pequenos grupos. E se movimentam com agilidade, já que a pesada vestimenta carnavalesca, caracterizada pelas golas bordadas, não é usada na brincadeira.

A cultura do Maracatu de Baque Solto surgiu nos Engenhos da Mata Norte no final do século XIX e início do século XX com os trabalhadores dos canaviais que se reuniam nos momentos de folga para brincar e festejar.

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