REVIEW
Por: Antônio Gois
Publicado em: 11/04/2025 17:47 | Atualizado em: 13/04/2025 21:32
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Divulgação/Ubisoft |
O Japão vem em uma alta na indústria dos videogames. Samurais, ronins, shinobis e outros personagens famosos da cultura nipônica estão diversamente representados em diversas obras de desenvolvedoras mundo afora, que contam histórias de vingança, guerra e até mesmo amor. Unindo o útil ao agradável, a Ubisoft decidiu surfar nessa onda, buscando também encontrar uma calmaria na maré agitada em que esteve nos últimos anos.
Mas não foi fácil. 'Assassin's Creed Shadows', novo título da já clássica saga, passou por caminhos tortuosos para enfim chegar aos jogadores. Adiamentos, ondas de ódio e até pedidos de cancelamento do jogo fizeram muitos fãs perderem a fé, ou pelo menos levarem suas expectativas lá para baixo, esperando o pior ou algo próximo a isso. Porém, ao longo do tempo, materiais do jogo e notícias de seu desenvolvimento conseguiram acalmar os ânimos até seu lançamento - momento em que muitas opiniões mudaram rapidamente.
O novo título da franquia se passa no Japão feudal dos anos 1500, na época dos Estados Combatentes. Após ter sua vila invadida e sofrer perdas inestimáveis, a shinobi Naoe decide buscar vingança e correr atrás de seu misterioso destino. Tal jornada leva a guerreira a conhecer Yasuke, um samurai trazido de terras estrangeiras que também busca explicações sobre fatos de seu passado. Buscando um objetivo em comum, os dois usam seus diferentes modos de combate para lutar contra um grupo que pretende trazer uma era sangrenta ao Japão.
ASSASSIN'S CREED SHADOWS
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Divulgação/Ubisoft |
Após um caminho enorme, 'Assassin's Creed Shadows' viu a luz do dia. Com críticas a cada material promocional divulgado e enfrentando uma onda de ódio descomunal, o game chega em um momento onde se tornou quase uma sentença de fracasso do público colocar uma mulher e um homem negro como personagens principais, especialmente de uma franquia tão famosa. Buscando se distanciar de algumas fórmulas que comprometeram produções nos últimos anos, a Ubisoft resolveu surfar a onda da indústria e explorar um enredo que está em alta.
Abraçando o período histórico em que se passa, 'Shadows' impressiona já de cara com a sua ambientação. Buscando mergulhar o jogador na atmosfera do Japão feudal, o jogo utiliza sua direção de arte apurada para trazer um agradável sentimento de conforto, seja no movimento das folhas e da vegetação quando o vento assopra, na sua natureza e mundo cheios de vida, em sua trilha sonora que alterna entre leveza e dinamismo, ou na arquitetura imponente dos palácios e fortes. Outros aspectos visuais também chamam a atenção, como a densidade populacional nos grandes centros e as apuradas texturas de pele, cabelos e da água. Esse mundo vivo proporciona uma interação considerável com o controle - o DualSense do PS5, nesse caso -, algo que é sempre bom pontuar.
O visual ilustra um enredo já conhecido, mas suficientemente original e carismático. Trazendo à tona temas como vingança e destino em diferentes perspectivas, somos apresentados primeiramente a Naoe, filha de uma pequena vila que vê o mundo se transformando rapidamente em seu redor. Após uma longa introdução e mesmo após ela se juntar ao samurai algumas horas após o começo do game, dá para notar que os dois não pretendem dividir o protagonismo. A shinobi funciona como a força motriz da história e o modo palpável e crível com que ela se desenvolve faz com que Yasuke flutue entre as posições de um segundo personagem principal e um coadjuvante de luxo.
Claro, o samurai tem o seu brilho e os seus momentos, sendo a figura clássica de um herói de índole imaculada - o que é compreensível, já que sua mera presença aqui já representa uma ousadia por parte da Ubisoft, que preferiu, por vezes, optar por 'jogar seguro' em sua personalidade. Não é para menos, já que ele é inspirado em uma figura real e ganha um merecido destaque ao longo do enredo, além de trazer importantes pontos históricos à trama, como a presença dos portugueses e jesuítas no Japão. Porém, ao longo em que ele precisa mais de outros personagens para se desenvolver, Naoe parece ser mais independente, trazendo para si a responsabilidade de mover a história no momento em que a jogamos.
Isso se reflete também na gameplay: enquanto Yasuke funciona como um 'tanque', derrotando os inimigos usando força bruta e se mostrando desajeitado e pesado até na hora de correr, Naoe é ágil e graciosa, se movendo com furtividade e aproximando-se à jogabilidade que deu fama para a saga.
Mas não se engane, isso se trata de um ponto positivo no game, já que a variedade no combate traz um fator diversão bem interessante à 'Shadows'. À medida em que temos a liberdade para poder escolher um caminho furtivo e estratégico para invadir um castelo ou alcançar algum item, a opção de ter um personagem com mais vida, mais força e mais poder destrutivo bruto parece enriquecer o game. O combate é bom e versátil, dando liberdade para o jogador se adaptar às armas disponibilizadas. As Katanas, Tanto, Kusarigama, Naginata e Kanabo, misturadas às opções de longo alcance e ferramentas para furtividade e agilidade, oferecem uma gama de opções que nunca deixam o combate se tornar monótono, convidando o jogador a descobrir sua preferência.
Outra ferramenta da gameplay já conhecida da Ubisoft em seus jogos de mundo aberto são as torres, que funcionam como um 'desbloqueio' de partes do mapa. Aqui, os templos têm esse papel, mas ele foi mais simplificado em relação a seus predecessores, já que apenas destacam pontos do mapa bem próximos da área e servem de locais de viagem rápida - sem mencionar a bela vista que propiciam -, sendo ocasionalmente ignoráveis, já que outros lugares também servem para este último propósito. Porém, essas torres evidenciam outra questão a ser mencionada, que são os saltos e descidas. A movimentação no geral é fluida e até serve para ilustrar a diferença entre os personagens, todavia, especialmente com a Naoe, esses dois movimentos poderiam ser melhor trabalhados e apresentados de maneira mais objetiva, sem algumas firulas e com o controle mais preciso.
Por fim, vale mencionar o roteiro do game, que ao mesmo tempo que proporciona diálogos inteligentes, imersão na história, interações que geram expectativa e constrói tensão para atingir seus ápices, como os 'chefões', por exemplo, entrega resoluções rápidas, que ficam desbalanceadas e até subestimam a habilidade do jogador. Isso é causado não só pelo texto, mas por uma união com o balanceamento de dificuldade de certos inimigos do jogo, que poderiam ter batalhas mais desenvolvidas.
'Assassin's Creed Shadows' é o tipo de jogo que é potencializado por expectativas equilibradas, assim as superando a cada momento de forma divertida e prazerosa. Se games refletem o momento da desenvolvedora e a época em que estão inseridos, este novo título da franquia faz parecer que, se este caminho de paciência for trilhado novamente, podemos sim esperar tempos melhores da Ubisoft, e torcemos para que o alívio proporcionado por esse jogo direcione a desenvolvedora por mares mais calmos.
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