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REVIEW

'Lost Records: Bloom & Rage' apresenta personagens memoráveis em um mundo de nostalgia e hormônios

Em sua primeira parte, sucessor de 'Life is Strange' é uma história cativante em um clima de conforto

Publicado em: 28/02/2025 20:39 | Atualizado em: 05/03/2025 10:55

 (Divulgação/Don't Nod)
Divulgação/Don't Nod

 

Em 2015, 'Life is Strange' abalou as estruturas da indústria dos videogames e furou a bolha das histórias de 'adolescentes alternativas e tristes', se firmando como uma referência das chamadas aventuras gráficas e se tornando um dos games que uniu o público alternativo ao mainstream.

Nos moldes de Arcadia Bay, a pequena cidade onde 'LiS' se passa, está Velvet Cove, palco de 'Lost Records: Bloom & Rage', título mais recente da Don't Nod. 

Dividida em duas partes - ou melhor, fitas - o jogo traz uma história repleta de emoção e nostalgia. Em 1995, quatro garotas adolescentes cruzam seus caminhos e suas semelhanças as tornam amigas imediatamente. Tendo suas diferenças parecidas, as quatro não são nem um pouco populares entre os outros jovens, mas acabam criando um laço que se aperta a cada momento juntas, onde compartilham intimidades, medos e sonhos. Enquanto suas vidas e aventuras se desenrolam na década de 90, as agora conhecidas se encontram em um bar na velha cidade para relembrar o passado e encarar um mistério que as perseguiu durante décadas.

 

LOST RECORDS: BLOOM & RAGE - TAPE 1

 

 (Divulgação/Don't Nod)
Divulgação/Don't Nod
 

 

'Lost Records' é um ótimo exemplo de uma história desconfortável contada de uma forma confortável. Usando e abusando da nostalgia no formato de um passeio suave entre memórias, o jogo se apresenta em um enredo de amizade nos moldes dos anos 90, onde a harmonia entre as personagens é o que leva a história adiante.

Swann, Autumn, Nora e Kat são cheias de questões internas e externas que formam suas personalidades. Toda elas exalam carisma, as tornando divertidas, ao ponto em que suas diferentes visões de mundo fazem delas críveis e palpáveis. As modelagens, visuais e ambientação complementam o roteiro e são quase personagens coadjuvantes na história.

A protagonista Swann, por exemplo, é uma aspirante a diretora fascinada por ficção científica e natureza. O quarto que compartilha com seu gato laranja é repleto de pôsteres de séries, livros de suspense e capas de videocassete. A grande estrela, claro, é a TV de tubo onde seu VHS player (com direito aos cabos AVI) está conectado. A garota carrega para todo lugar uma filmadora, presente que recebeu no aniversário de 16 anos, e que traz ao jogador a maior mecânica do jogo: gravar e editar fitas, chamadas aqui de 'memórias'.

A liberdade em que se é permitido fazer as gravações é um toque especial que adiciona gameplay em um gênero onde ela é limitada por natureza. O jogo cria um interesse em capturar essas memórias oferecendo uma atmosfera rica em detalhes, formada pela 'iluminação' natural sempre presente, objetos pessoais que refletem a personalidade das garotas e pelo zelo nos ambientes externos e internos, que permitem uma interação direta com e entre as personagens.

 

O roteiro se curte em seu próprio ritmo e maneira de contar, oferecendo sequências emocionantes e divertidas enquanto desenvolve as quatro histórias com direito a um subtexto interessante sobre autoconhecimento. Porém, em um contexto de uma história adolescente guiada por escolhas, a narrativa poderia trazer mais ramificações à história do jogo, ampliando os cenários oferecidos como consequências.

 (Divulgação/Don't Nod)
Divulgação/Don't Nod

Entre os visuais coloridos do dia e as risadas e exageros de um verão durante a puberdade, ainda existe espaço para um bom mistério ao melhor estilo 'It'. Aqui, a luminosidade clara do sol dá espaço aos limitados fios de luz de uma lanterna no escuro e a um lovecraftiano brilho roxo, que empolga e serve como um gancho para a próxima fita. 

Tal qual os hormônios que correm pelas garotas, a presença desse mistério e dos conflitos da história as fazem desabrochar vontades e desejos, abrindo caminho para a exploração de suas personalidades como mulheres ao passo que descobrem o que querem do futuro. Tudo isso contrasta com os flashes em que vemos no que aquelas adolescentes se transformaram. Dentro do bar, sua aparência muda de forma natural, mas não o suficiente para deixarmos de ter o vislumbre das personagens que estamos acostumados a ver.

Olhar o visual das personagens de perto permite notar a textura da pele, dos cabelos e das roupas, que, se não fosse por problemas pontuais de carregamento, não ficariam muito atrás de produções de maior porte.

Em sua primeira parte, 'Lost Records: Bloom & Rage' é um passeio confortável entre as estranhezas e belezas de uma nova amizade, contando uma história não exatamente original, mas suficientemente cativante. 

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