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Estudantes criam luva que estabiliza tremores em pacientes com Parkinson

Projeto foi desenvolvido por alunos da Escola Técnica Estadual (ETE) Professor Paulo Freire, em Carnaíba, no Sertão

Publicado em: 28/07/2024 07:32 | Atualizado em: 29/07/2024 06:58

Luva é muito mais barata do que as similares  (Foto: Governo de Pernambuco)
Luva é muito mais barata do que as similares (Foto: Governo de Pernambuco)
Alunos da  Escola  Técnica Estadual (ETE) Professor  Paulo  Freire,  em Carnaíba,  no  Sertão,   desenvolveram uma  luva  que  consegue  estabilizar  tremores  nas  mãos.  
 
Chamada  de GlovETE,  a  iniciativa  foi  criada  para amenizar  um dos sintomas mais comuns da Doença de Parkinson, distúrbio degenerativo que afeta as células cerebrais. 
 
O protótipo custa, em média, R$ 92, enquanto diferentes  luvas  já  presentes  no  mercado  podem chegar a R$ 8 mil. O projeto foi desenvolvido  no  Espaço  4.0  da  ETE, com  orientação  dos  professores  Gustavo Bezerra e Carla Robecia, e a luva surgiu durante os encontros do clube de robótica da escola, a partir de um exercício de empatia dos alunos.
 
“Tive  que  faltar  alguns  dias  pra levar  minha  mãe  a  um  tratamento  de Parkinson e, quando cheguei ao clube, comentei com os alunos o que ela es-tava  enfrentando.  Então,  os  quatro  estudantes  do  grupo  discutiram  a  possibilidade  de  encontrar  uma  alternativa na  robótica. Achei  muito  bacana,  por-que, por mais que eu sempre tenha desenvolvido projetos com os alunos para resolver problemas da comunidade, eu nunca imaginei que pudesse ser um problema tão próximo a mim”, contou Gustavo Bezerra. 
 
A partir daí, utilizando conceitos de robótica e de física aprendidos na escola, os estudantes partiram para o desenvolvimento  do  protótipo.  O  primeiro desafio foi encontrar um motor de alta rotação que pudesse ser reutilizado para funcionar com um antitremor.
 
“Eles chegaram ao motor de HD de computador,  disponível  em  algumas  máquinas antigas lá na escola. A rotação des-se motorzinho na superfície da mão vai fazer  com  que  o  portador  evite  realizar  movimentos  involuntários,  tentando  controlar  os  movimentos  causados pelo Parkinson”, explicou o orientador.
 
O motor do HD reaproveitado funciona como um giroscópio, garantindo estabilidade para a mão enquanto gira em alta velocidade. A ele, foram adicionados uma luva de academia e outros componentes eletrônicos, como Arduíno, uma placa programável. O protótipo  foi  construído  graças  aos  materiais disponíveis no Espaço 4.0, como uma impressora  3D,  furadeiras  e  uma  microrretífica,  ferramenta  capaz  de  per-furar,  escavar,  cortar,  lixar  e  polir  materiais e superfícies em pequena escala.
 
Rayane  Morais,  uma  das  estudantes envolvidas no projeto, lançou-se ao desafio  com  pouco  conhecimento  sobre tecnologia e hoje cursa Sistema de Informação  na  Universidade  Federal de Pernambuco (UFPE). 
 
“Os meninos que participaram comigo do projeto já tinham uma boa base geral de tecnologia, de programação, de montagem. Tive que me esforçar um pouco mais pra conseguir acompanhar. Eu fiquei mais por dentro das pesquisas, mas estudando,  observando.  Com  a  ajuda  dos  co-legas, consegui me adequar melhor ao projeto. Essa oportunidade me mostrou uma área que eu consegui me identificar  e  que  eu  me  sinto  mais  à  vontade e mais confiante em atuar profissional-mente.”, disse a jovem, que antes planejava cursar licenciatura em Letras. A estudante aponta a fase de testes da  luva  como  uma  das  mais  complicadas  do  projeto.  “A  gente  não  pode-ria testar logo de cara em uma pessoa que tem a Doença de Parkinson, então um amigo nosso ia usando e dizia o que incomodava. O objetivo foi preservar a autonomia sem afetar o desempenho do nosso protótipo”, explicou Rayane. 
 
Prêmios
 
O projeto conquistou premiações. 
 
Foi um dos 50 melhores projetos de 2023 do Solve For Tomorrow, prêmio da Samsung, e também alcançou o primeiro lugar no QCiência, evento de ciência e tecnologia da UFPE. 
 
Atualmente, o projeto está em fase de transição. Os estudantes que desenvolveram o protótipo - Danilo Morais, Felipe Santos e Gustavo Henrique e a própria Rayane - concluíram o ensino médio e outros estudantes trabalham para propor melhorias na luva.
 
“Dentre essas melhorias, a gente visa diminuir o tamanho  dela  para  ficar  mais  confortável  para  o  portador  da doença, substituindo o Arduino Uno por um Arduino Na-no, além de deixar ela mais automatizada, acoplando baterias  recarregáveis,  o  que  vai  facilitar  a  locomoção  das pessoas com a luva”, informou Gustavo. Após as modificações, o grupo tentará aprovar o projeto em um comi-tê de ética para testar o protótipo em pessoas que sofrem da doença.
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