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REVIEW

'inZOI' quer grandiosidade, mas precisa de foco e tempo

Novo simulador de vida já conta com mais de 1 milhão de jogadores na Steam

Publicado em: 04/04/2025 18:58 | Atualizado em: 04/04/2025 19:08

 (Divulgação/inZOI/Krafton)
Divulgação/inZOI/Krafton

 

Jogos de construção e simulação fazem parte da indústria dos videogames há um longo tempo, sendo quase sinônimos dos games de computador dos anos 2000. Seja no nível de pequenas casas e famílias até grandes cidades e sociedades inteiras, esses títulos acompanharam gerações tanto de jogadores, quanto de tecnologias.

Quando anunciado em 2023, o 'inZOI', mais novo simulador de vida, impressionou principalmente por seus gráficos ousados e sua proposta de se assemelhar a realidade. Prometendo uma gameplay rica em detalhes e misturando mecânicas que permitem usar IA generativa para criar padrões e objetos no jogo, fãs ficaram atentos às novidades desse game que pretendia alavancar os jogos de construção para um novo patamar.

Se passando em um mundo aberto, o jogador recebe o papel de administrar não só um, mas toda uma vizinhança de 'Zois', como são chamadas as 'pessoinhas' aqui, podendo controlar uma família - ou apenas um indivíduo, se desejar - e, claro, construindo casas e todo um plano de vida, envolvendo relacionamentos, carreira e estudos.

inZOI

 (Divulgação/inZOI/Krafton)
Divulgação/inZOI/Krafton
 

'inZOI' vem em um momento onde jogos de construção já estão bem consolidados e os simuladores 'relaxantes' estão ganhando cada vez mais espaço. Buscando unir esses dois mundos e tentando ir mais além, esse é o exemplo de um jogo que quer impressionar o jogador a todo momento, oferecendo um carisma inegável com seus gatinhos peludos, trilha sonora confortável e muito, mas muito, brilho. 

Visualmente, 'inZOI' é impressionante. Buscando um tom próprio de realismo em sua direção de arte, temos personagens muito bem detalhados, com marcas de expressão, pintas, sinais, movimentação fluida e trejeitos naturais. Seu mundo é tão caloroso quanto e a atmosfera formada pela arquitetura das cidades, boa distribuição de pessoas na rua, comportamento desses outros Zois, iluminação natural e texturas criam um clima cativante ao redor de seus personagem.

Infelizmente, esse clima não é para qualquer um. Por ter uma barreira de entrada consideravelmente alta por seus requisitos avançados, 'inZOI' já se impõe seu primeiro limite em relação aos seus 'semelhantes'. Embora hoje a durabilidade dos motores gráficos seja boa e exista uma maior acessibilidade - em relação a opções - de possuí-los, vale considerar que o público que consome tais jogos podem não querer algo tão avançado assim, visto que outros títulos como The Sims, Stardew Valley e a série Two Point são bem mais democratizados, tecnicamente falando. Além disso, mesmo considerando que essa versão de trata de um acesso antecipado, o jogo poderia estar melhor otimizado e as telas de carregamento deveriam ser menos demoradas.

 

Como todo jogo do gênero, os pilares jogador, personagem e espaço são fundamentais. A criação dos Zois é interessante e rica dentro da estética 'cool' em que a modelagem é construída. Não só os personagens, mas suas roupas e acessórios fazem parte de uma identidade visual bastante própria, misturando o realismo das texturas e opções físicas com uma vibe moderna. Faltam opções nos detalhes físicos, como mais diversidade nos cortes de cabelo, especialmente, mas isso não atrapalha na criação e devem vir em atualizações futuras.

A maior novidade aqui é o uso da IA generativa para criação de texturas e inserção de objetos da vida real no jogo, ferramentas ainda inconsistentes, mas promissoras. Por vezes, os objetos parecem disformes e não são bem capturados pelo sistema, mas a ferramenta está lá e há espaço para melhora. Em relação às estampas, o jogador tem que fazer tentativas certeiras nos 'prompts' para a IA oferecer algo satisfatório.

Na criação de espaços, o game começa a criar rumos questionáveis. Daqui para frente, a intuitividade passa a ser um ponto negativo e o jogador pode facilmente ficar perdido. As opções clássicas de construção como paredes, móveis e customizações estão presentes e são divertidas, mas levam apenas a criações simples, que deixam um gostinho de quero mais. Aqui, fica claro que 'inZOI' ainda é um jogo cru e que ainda falta muito, desde opções de decoração como objetos pessoais, possibilidades de construções e até a presença de pets dentro da casa - o que é um pouco estranho, devido a enxurrada de gatos nos materiais do jogo.

Na simulação em si, temos aqui um sistema de autonomia já conhecido para fãs do gênero. O Zoi sente fome, vontade de ir ao banheiro, cansaço, entre outras necessidades comuns. Porém, à nível pessoal, existem pequenas vontades que são tratadas como desafios, que vão de tocar bateria até tomar um shake proteico para manter a forma. Essas oferecem recompensas e podem render dinheiro, felicidade e melhora nos atributos, o que desbloqueia novas opções de produções e interações, melhorando assim a maneira como seu personagem se relaciona com os outros. À esses relacionamentos ainda faltam polimento e o toque de realismo que é tão proposto pelo jogo aqui parece ser deixado de lado. Ao mesmo tempo que as interações são limitadas, os textos oferecidos para fazê-las parecem ser aleatórios e até mesmo confusos. Falta um senso de progressão nessas interações, já que todas elas parecem ser facilmente manipuláveis. 

Somos jogados ao mundo de tal forma que a complexidade das opções que podemos exercer se torna um limitante. O jogo faz com que o jogador mergulhe de cabeça praticamente sozinho e seja apresentado a tantos conceitos que a gameplay de simulação demora a engrenar. Até lá, isso pode causar até uma impaciência e frustração. 

Apesar disso, 'inZOI' não é um jogo ruim, mas isso não que dizer que ele é bom, pelo menos ainda. Assim como era quando foi anunciado, o game é promissor e, até agora, comunidade e desenvolvedores parecem estar em sintonia, o que só tem a oferecer bons frutos daqui em diante. Há a impressão que o jogo pode estabelecer um foco maior em alguns de seus conceitos, o que deve enriquecer ainda mais sua gameplay, permitindo um otimismo. Por ora, vale esperar o game se consolide e evolua, expandindo onde deve expandir e contraindo onde deve contrair, assim, se tornando mais agradável e alcançando seu enorme potencial.

 

*Uma chave do jogo foi disponibilizada pela Krafton para a produção deste material.


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