ARTES VISUAIS
Por: André Guerra
Publicado em: 26/04/2025 06:00
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Foto: Francisco Silva/DP |
Conferir o sentido de leveza, espiritualidade e libertação a um material associado ao peso, à dureza e ao aprisionamento tem sido a linha mestra do trabalho de Diogum. O artista recifense teve seu desabrochar durante a pandemia, quando decidiu fechar o bar que mantinha em Olinda e mergulhou de vez na pesquisa das artes do ferro.
Parte desse trabalho pode ser conferida na exposição individual Ferro Ifé: O Atlântico Negro de Diogum, em cartaz no Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães (Mamam) até este domingo (27), com curadoria de Bruno Albertim e produção da Galeria Amparo 60.
Nascido Diogo Jorge de Oliveira, ele incorporou para si o nome que referencia seu orixá, Ogum (senhor do ferro, da guerra e da tecnologia). Filho mais velho do metalúrgico Zaqueu, que chegou a ter sua própria serralharia, Diogum aprendeu desde cedo com o pai as técnicas de solda e do acabamento, tornando-se o único de quatro irmãos que enveredou pelas artes.
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Foto: Francisco Silva/DP |
Enquanto ainda estava na fase dos artesanatos, suas primeira peças foram pássaros, que viraram assinaturas reconhecíveis de sua produção. Seu pai chegou a ver o início desses pássaros, mas faleceu no começo da pandemia, não conseguindo alcançar a consagração do filho, que se tornou também um orgulho para os irmãos. "Quando eu comecei, eles não entendiam muito o que eu estava fazendo, mas, à medida em que o processo foi afinando, eles passaram a prestigiar e a dizer que minhas peças orgulhariam nosso pai", celebra o artista em bate-papo com o Viver.
A artesania desse trabalho em meados de 2019 foi pouco a pouco se transformando em um projeto conceitual de artes visuais. Contando com a parceria criativa indispensável de sua esposa, a pintora baiana Sil Karla, Diogum passou a consolidar seu método e a compreendê-lo como uma busca pela ressignificação do ferro através do poder de sua ancestralidade.
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Foto: Francisco Silva/DP |
Formas humanas, pássaros, criaturas marinhas, orixás, símbolos abstratos compõem as peças de distintos tamanhos e dimensões, sempre representando uma conexão espiritual que desafia a dureza do material. Expondo na Fenearte e ganhando espaço em outros projetos posteriores, ele foi convidado para expor nas celebrações de 25 anos da Amparo 60. Após a individual Ferro e Fé no Mamam, ele se prepara ganhar o mundo, levando duas peças para expor no Grand Palais, em Paris.
"Eu e minha companheira temos a sorte de ter um ao outro para conversar o tempo inteiro, com muita riqueza, sobre nosso trabalho. Ela tem o lado da formação teórica que eu não tenho, já que fez Artes Visuais na UFPE, e me ajudou muito na construção do conceito da minha criação", destaca Diogum.
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Foto: Francisco Silva/DP |
O artista ressalta a diferença entre as peças de acabamento rústico e as mais recentes como representantes de distintos momentos de seu trabalho. "Essa exposição Ferro Ifé tem algumas obras que estão entre os meus trabalhos mais antigos e acho importante trazê-los também para mostrar a evolução do acabamento", explica. Mesmo que eu tenha desenvolvido um conceito, minhas obras são moldadas com bastante liberdade. Gosto de deixar espaço em todas elas para que o público possa interpretar do seu jeito. É isso que completa a experiência da arte".
Moldar e domar a dureza do ferro exige mais do que talento e força física, mas, principalmente, uma dedicação espiritual. E, a Diogum, isso não falta.
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