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Foto: JP Rodrigues |
Em alto e bom som, o tenor Thiago Arancam abre, nesta sexta-feira (14), a temporada 2025 do Projeto Seis e Meia, uma das iniciativas culturais mais longevas do Brasil. O cantor lírico traz o show Uma Viagem Pela Itália ao palco do Teatro do Parque, prometendo emocionar a plateia com a mesma voz que o levou a vestir a icônica máscara de O Fantasma da Ópera na montagem brasileira do musical da Broadway. A abertura da noite segue a pegada erudita com o Grupo Rugendas, coletivo que mantém viva a essência do Movimento Armorial.
Com mais de 500 apresentações ao redor do mundo, Thiago já cantou em teatros históricos como o Scala de Milão e a Ópera de Roma (na Itália), Ópera Nacional de Washington (EUA), Ópera Estadual de Viena (Áustria), Deutsche Opera de Berlim (Alemanha) e Bolshoi (Rússia). Pela primeira vez no Parque, ele não vê a hora de acrescentar mais um nobre palco a essa lista de locais memoráveis. “Quero proporcionar aos pernambucanos tudo o que vivi ao longo da minha trajetória artística e musical. Por isso, estar fazendo um show no meu país, especialmente no Recife, me deixa muito, muito feliz”, destaca, em conversa exclusiva com o Viver.
Thiago alcançou o status de artista global após viver durante anos exatamente na Itália. Nesse percurso, recebeu o apoio imprescindível do espanhol Plácido Domingo, ícone mundial da ópera, que se impressionou com a sua performance em uma audição. “Começamos uma relação de trabalho e amizade. Graças a isso, fiz minha estreia nos Estados Unidos e percorri diversos países sob a tutela dele”, relata. Foi nesse período que ele refinou suas técnicas de canto e teatro, além de se tornar fluente em quatro idiomas: italiano, francês, espanhol e inglês.
Apesar de sua sólida carreira, Thiago Arancam rompe com o estereótipo do tenor clássico, imortalizado pelo próprio Plácido Domingo e pelo saudoso Luciano Pavarotti. Desde que voltou de vez ao Brasil, em 2018, ele mescla o erudito e o popular, como visto na canção Aquela Alegria, parceria com Durval Lelys, em que o carnaval e o clássico se encontram no estilo que ele chama de “operaxé”. Seu próximo passo será explorar ritmos do sertão nordestino. “Quando se trata de cultura, é sempre interessante estar antenado e buscando conhecer mais”, afirma.
Uma dessas vivências aconteceu em 2022, quando participou do Festival de Inverno de Garanhuns e se encantou com a diversidade cultural do estado. “Pude presenciar vários estilos em um mesmo lugar, o que me deu a oportunidade de entender a fundo uma cultura tão bonita e importante”.
Aos 34 anos, idade precoce para tenores consagrados, Thiago já influencia uma nova safra de artistas. “Fico feliz por ter sido um dos precursores dessa nova geração. Ser fonte de inspiração para outros artistas me deixa muito feliz”, revela. Nada melhor do que celebrar essa jornada com um espetáculo cheio de emoção na terra do frevo, do maracatu e, agora, também da ópera.