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CINEMA

'Milton Bituca Nascimento' mostra bastidores da turnê de despedida do cantor

Documentário dirigido por Flávia Moraes revela o impacto de sua música entre os grandes artistas do Brasil e do mundo

Publicado em: 19/03/2025 06:00 | Atualizado em: 19/03/2025 09:42

 (O cantor emocionou fãs de todo o mundo relembrando seus grandes sucessos (Gullane /Divulgação))
O cantor emocionou fãs de todo o mundo relembrando seus grandes sucessos (Gullane /Divulgação)
No dia 11 de setembro de 2022, os fãs locais de Milton Nascimento acompanharam na Arena Pernambuco o momento em que uma das maiores vozes brasileiras de todos os tempos se despedia dos palcos, com a sua turnê histórica A Última Sessão de Música. Esse icônico adeus ao grande público aconteceu também em todo o Brasil, nos Estados Unidos e na Europa, demandando um registro que fizesse jus ao seu impacto na música. E assim surgiu o documentário Milton Bituca Nascimento, dirigido por Flávia Moraes, que entra em cartaz amanhã nos cinemas.

Seguindo o cantor de então 80 anos por essa ambiciosa jornada e revelando seus momentos reflexivos e silenciosos, o filme, que conta ainda com a prestigiada narração de Fernanda Montenegro, não possui exatamente uma narrativa linear, apesar de sua produção ter acompanhado a cronologia da própria turnê. Começando pela perspectiva internacional e depois mergulhando nas raízes de Bituca, apelido dado ao cantor ainda na infância, o roteiro busca uma explicação para o poder sensorial de um canto que atravessou continentes ao longo de seis décadas de carreira.
 ((Gullane /Divulgação))
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Várias entrevistas feitas nos Estados Unidos mostram a influência e reconhecimento de Milton. "Ele é o único no mundo que canta assim", afirma o diretor musical Steve Jordan em uma cena. "A humanidade da música dele é universal", enfatiza o guitarrista Pat Metheny. "Uma das maiores vozes de todos os tempos", exalta o cineasta Spike Lee, do clássico Faça a Coisa Certa. Em toda essa primeira parte, o filme se dedica, portanto, a explorar o poder de arranjos que transcendem a língua e se comunicam com todo o planeta.

Já os depoimentos de Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Djavan, entre outros nomes da arte brasileira, dão conta de discutir as origens musicais de Bituca e também relembrar o racismo sofrido na infância, sendo uma criança negra adotada no Rio de Janeiro e levada para Minas Gerais, onde cresceu. O passado do cantor, no entanto, é mostrado apenas pontualmente no filme para tratar dos seus motores criativos, intensamente pessoais.
 ((Gullane /Divulgação))
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Em conversa exclusiva com o Viver, a diretora Flávia Moraes descreve o filme como um "road movie", enaltecendo a importância do registro histórico que ele representa. "Nossa intenção foi seguir as coisas enquanto elas iam acontecendo, como em um filme de estrada, mas no final não nos interessava uma cronologia narrativa, e, sim, musical. Não é um filme da vida dele, mas um recorte que propõe levar a plateia em uma viagem visual e sonora com esse grande artista nas últimas vezes em que ele pisa naqueles palcos", explica. "Quando olhamos para o Milton de fora do Brasil, temos uma outra dimensão do tamanho que o trabalho dele tem. Por isso há um efeito tão forte começar de fora e depois retornar ao Brasil".
 ((Gullane /Divulgação))
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Apesar da honra em receber o convite para produzir o documentário, a cineasta comenta que era essencial que o próprio Bituca estivesse disposto a ter sua rotina invadida pela presença da câmera e da equipe. "Eu disse a ele que só toparia fazer o filme se ele mesmo quisesse, porque não é pouco fazer uma turnê como essa e ainda ter uma câmera seguindo você o tempo todo", brinca Flávia. "Mantive a preocupação em deixar ele confortável com a nossa presença, então decidi filmar várias cenas com uma certa distância também. Com o passar do tempo, fomos nos acostumando e entendendo melhor qual seria um bom momento para gravar".

A luz cheia de vida, a música constante e a edição ritmada de Milton Bituca Nascimento criam uma experiência que, para quem não teve a oportunidade de ver o autor de Travessia no palco pela última vez, pode ser a chance de, através do cinema, fazê-lo em vários lugares ao mesmo tempo — e mais próximo dele do que nunca.
 
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