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Foto: Priscilla Melo/DP Foto |
Quem viveu o carnaval do Recife nos anos 1990, com certeza tem muitas histórias para contar. Foi um período de reafirmação da identidade cultural da cidade, quando o orgulho de ser pernambucano transbordava nos corpos e nas avenidas, seja no Galo da Madrugada ou no Recifolia. Fervo 90, o novo EP da cantora Uana, chega hoje para fazer uma viagem no tempo, reinventando alguns dos principais hits da época através da versatilidade sonora que só o frevo pode entregar.
Em Fervo 90, a cantora mostra que boa música é atemporal, incluindo faixas que todo mundo canta e dança no reinado de Momo, mesmo depois de três décadas: Arreia a Lenha e Nas Ondas do Desejo, de Marron Brasileiro, e O Bicho Vai Pegar, de André Rio. “As faixas têm uma conexão com os gêneros urbanos daqui. O frevo, por si só, já é urbano, mas vejo uma ponte direta com ritmos como o brega e o brega-funk. A proposta do EP é justamente promover esse diálogo entre o ritmo tradicional e os sons urbanos do estado”, explica em conversa exclusiva com o Viver.
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Foto: Priscilla Melo/DP Foto |
Nascida em 1994, a cantora faz parte de uma geração de millennials moldada pela revolução cultural que sacudiu Pernambuco. Uana convida o público a reviver a emoção dos seus carnavais da infância – tanto que escolheu uma foto sua ainda criança, e bem carnavalesca, para a capa. “Cresci ouvindo frevo o ano inteiro. Minha mãe sempre ouviu e ainda ouve, então isso fez parte da minha formação. Sei os instrumentais de cor, os frevos-canção, os frevos de bloco, tudo isso está muito presente em mim”, lembra.
Através da amizade com André Rio, com quem já cantou várias vezes em seus Ensaios de Carnaval, Uana entrou em contato com Marron Brasileiro para apresentar o projeto com a devida consideração e o prestígio que o ícone do carnaval merece.“Tenho uma relação muito forte com essas músicas. Eu queria que eles ouvissem, não apenas para autorizar, mas para, de alguma forma, acreditarem no que estou propondo”, ressalta.
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Foto: Priscilla Melo/DP Foto |
Nas suas recriações, a artista mergulha no vasto universo rítmico que a efervescência do frevo pode explorar, como o brega funk, para garantir que nossas tradições continuem atrativas. “Tenho certeza de que o ritmo pode continuar se reinventando e conquistando novos públicos”, crava. Marron já deu o papo, e agora vem Uana para confirmar: a cidade vai tremer, a galera vai suar e o frevo vai reinar!