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MÚSICA

Lenine agita o carnaval pernambucano e reflete sobre sua trajetória de sucesso

Em conversa exclusiva com o Viver, o artista fala sobre as diferentes fases de sua carreiras, seu motor criativo e o prazer de retornar à sua terra para o carnaval

Publicado em: 28/02/2025 06:00

 (Divulgação)
Divulgação
Nos preparativos para se apresentar no carnaval da sua terra, Lenine esbanja alegria para celebrar os 32 anos de seu disco emblemático, feito em parceria com Marcos Suzano, no show Olho de Peixe, que traz no dia 3 de março ao Polo Lagoa do Araçá e, no 4 de março, ao Marco Zero. Em outro show, o artista chega ainda para cantar em Bezerros neste domingo, dia 2, no Polo QG do Frevo.

Aos 66 anos e com uma das carreiras de maior sucesso entre os artistas contemporâneos do Recife, o vencedor de seis troféus do Grammy Latino e 12 do Prêmio da Música Brasileira fez de cada um de seus álbuns ricos laboratórios de criação, experimentação e trabalho coletivo. Para ele, o maior prazer de todos, no entanto, é a energia do palco — em especial quando proporcionada na sua cidade natal.

Engenheiro químico de formação na Universidade Católica de Pernambuco, Oswaldo Lenine Macedo Pimentel entendeu já naquela época que seu negócio era seguir carreira de artista e, apoiado sobretudo pelo pai, José Geraldo, passou a trilhar seus caminhos de, como ele mesmo diz, "cantautor": intérprete de suas próprias composições. Em busca de oportunidades novas, foi para o Rio de Janeiro no final da década de 1970 e, de início, encontrou dificuldades para um estilo difícil de classificar à época, como relembra em conversa exclusiva com o Viver.

"O meu primeiro disco, Baque Solto, em parceria com Lula Queiroga, tinha um tipo de hibridagem que teve muita dificuldade de penetração no Rio naquele tempo. Era algo que não se encaixava em nenhum nicho; tanto é que foi um trabalho que virou uma espécie de disco-fantasma", reflete Lenine. "Demorei dez anos para lançar um segundo disco, Olho de Peixe, que, aí sim, marcou uma inauguração total e efetiva na minha carreira. Desde então, marcou também uma frequência maior de projetos como ele. Mas eu diria que esse hiato entre um e outro foi definidor da minha trajetória de certa forma".

O cantautor pernambucano relaciona ainda esse primeiro auge de sua produção com um crescimento grande no mercado fonográfico e de maior visibilidade da cultura brasileira como um todo, sobretudo nos anos 2000, época mais premiada da sua carreira. "Logo depois desse boom todo em que eu passei a sedimentar o meu trabalho, o Brasil desabrochou, economicamente e culturalmente. E aí surgem realmente circuitos diferentes, festivais e uma série de espaços para fazer show e frequentar. Abriu-se um mercado gigantesco nesse período e eu vi isso acontecendo comigo também", conta Lenine, sempre se mostrando grato com os resultados que conquistou, o que atribui tanto ao trabalho quanto à sorte.

Na conversa, ao discorrer sobre seu processo criativo e sua dedicação por cada etapa da produção, ele reafirmou as diferenças entre a feitura de um álbum e o contato com o público através do palco. "São duas experiências muito distintas, não saberia dizer qual a melhor, mas sei que sou um artista de palco. Muita gente tem medo do palco, é normal. Mas minha paixão sempre foi esse contato com a plateia. Por outro lado, é bom demais o espaço de criação de um álbum, porque é uma hora de buscar coisas novas, fugir das regras. Nunca gostei de me limitar a qualquer estética", revela.

A participação do artista no carnaval pernambucano é tida por ele como um dos maiores presentes que já recebeu. De acordo com ele, foi a partir da ideia de polos estacionados de músicas contemporâneas na cidade que o seu trabalho, assim como o de outros artistas, passou a figurar na programação da sazonalidade. "Esse novo momento foi essencial para que eu, Geraldo Azevedo e o saudoso Naná Vasconcelos, como exemplos de músicos da terra, pudéssemos trazer nossos sotaques para o carnaval de Pernambuco", exalta ele.
 
Lenine segue: "É incrível poder fazer meu próprio repertório, mesmo que sempre buscando um arranjo que se adeque ao frevo de alguma forma. O nosso carnaval virou um farol muito importante que eu sempre usei durante todos esses anos para fazer encontros, trazer pessoas. O Recife é a minha formação". Celebrar mais de três décadas de um trabalhos tão significativo quanto Olho de Peixe a convite do seu povo marca ainda, para ele, o sabor de um retorno que não tem preço.
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