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CARNAVAL

Como fazer para criar e manter um bloco de rua?

O Viver foi às ruas para conversar com representantes de agremiações de Olinda e Recife e relembrar como começaram a fazer parte da folia nas duas cidades

Publicado em: 24/02/2025 06:00 | Atualizado em: 25/02/2025 08:29

 (Eu Acho é Pouco é um dos mais tradicionais e conhecidos blocos de Olinda (Foto: Marcelo Lacerda))
Eu Acho é Pouco é um dos mais tradicionais e conhecidos blocos de Olinda (Foto: Marcelo Lacerda)
Nem precisa chegar a data carnavalesca para o povo pernambucano começar a cair na folia. Disso todo mundo sabe. Mas todos realmente sabem o que é necessário para criar e coloacar na rua um bloco de carnaval, um dos maiores símbolos da nossa festividade? A apenas alguns dias de o Recife e Olinda explodirem em festa, o Viver saiu às ruas para conversar com representantes de diferentes cortejos das duas cidades para entender o surgimento, o processo de manutenção e a pulsão criativa que movem essas agremiações.

Os blocos possuem histórias, percursos, datas de desfile e dimensões de público distintas. A maioria deles nasce de maneira totalmente espontânea: um grupo de amigos se reúne, começa a cultivar agregados e resolve contratar uma orquestra para animar a brincadeira. O frevo contagiante levantado pelos instrumentos de corda, sopro e percussão rapidamente atraem foliões e, estabelecendo uma frequência, um espaço de concentração e, às vezes, também um trajeto, o bloco começa a tomar forma.

Filha de Irma Chaves e Newton Monteiro, que participaram da criação do Eu Acho é Pouco, fundado em 1977 e conhecido por movimentar as ruas de Olinda com as cores vermelha e amarela, Maria Chaves revela que a estruturação verdadeira de um bloco vem depois, de modo natural. “Quando a ideia é um modelo tradicional de bloco de rua, o crucial é ter a orquestra e, em alguns casos, contratar também passistas de frevo. No nosso, temos basicamente a orquestra mesmo e toda a parte de adereços e alegorias foi e segue sendo organizada espontaneamente, ao longo do tempo”, explica, em entrevista ao Viver, destacando ainda a parte prática de manter o bloco ativo. “Os foliões contribuem com muita coisa, os organizadores se reúnem e todos pensam em formas de arrecadações, como vendas de camisa e a realização do nosso baile. E, claro, pelo tamanho do bloco, precisamos contar com a prefeitura para ter apoio na questão de controle urbano”.

Já no Centro do Recife, pensar nas grandes referências históricas que celebram o frevo significa automaticamente falar do Bloco da Saudade, um dos primeiros na lista de várias gerações dos cortejos líricos mais tradicionais do estado e que foi às ruas pela primeira vez em 1974, por iniciativa do músico Antônio José Madureira e do jornalista Marcelo Temporal Varela.

No bate-papo com o Viver, Claudia Melo, representante do bloco, conta que a música Valores do Passado, de Edgard Morais, impulsionou a criação da troça carnavalesca. “A finalidade principal era resgatar o carnaval de rua do Recife, que vivia, naquela época, dos bailes dos clubes. Era necessário trazer de volta os blocos e a música de Edgard marcou o nascimento do nossa agremiação e se tornou também o grande hino”, exalta. “Um bloco lírico como o nosso precisa de uma orquestra de pau e corda, um coral de vozes femininas, os integrantes fantasiados, pastores e pastoras, que saem desfilando pelas ruas. A escolha de um repertório de frevos de bloco e, claro, um flabelo também são essenciais”, descreve Claudia.

Já entre os blocos de frevo de rua, um dos mais icônicos é o Amantes de Glória, surgido de um grupo de estudantes da Unicap que se encontrava nas segundas-feiras, nas sessões de arte do saudoso Cine Veneza. A brincadeira já acumula 28 anos de história. “A princípio, pensamos em criar uma confraria. Depois, a história evoluiu e criamos um bloco de carnaval, no ano de 1997. Não precisa de muito planejamento, basta a vontade mesmo de fazer algo que se propague no tempo e homenageie a amizade e a boemia”, explica Cezar Maia, um dos fundadores.

São tantas as formas de colocar e administrar um bloco de rua que a maior das lições aprendidas com esses foliões, cheios de energia para arrastar alegria pelas ruas do Recife e de Olinda, é o amor incondicional pelo ato de brincar carnaval. Desse ponto de partida em comum, todos os caminhos parecem possíveis.
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