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CINEMA

Terror 'Prédio Vazio' arranca aplausos e elogios na 28ª Mostra de Tiradentes

Diretor Rodrigo Aragão e atriz principal Gilda Nomacce conversam com Diario sobre a riqueza do gênero no cinema brasileiro

Publicado em: 28/01/2025 14:55 | Atualizado em: 28/01/2025 18:18

 (Filme abraça o exagero de fantasia e violência, traços marcantes na filmografia do diretor, também responsável por 'O Cemitério das Almas Perdidas'. (Divulgação))
Filme abraça o exagero de fantasia e violência, traços marcantes na filmografia do diretor, também responsável por 'O Cemitério das Almas Perdidas'. (Divulgação)
Um dos filmes mais esperados da programação da 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes parece ter correspondido às altas expectativas em seu primeiro encontro com o público. Exibido em pré-estreia mundial na Olhos Livres, mostra que faz parte da competitiva do evento, o terror Prédio Vazio, novo trabalho de Rodrigo Aragão (O Cemitério das Almas Perdidas), ganhou aplausos efusivos do público e fortes elogios da imprensa ao término da sessão da última segunda-feira (28), na cidade histórica de Minas Gerais.

Na trama, a jovem Luna (Lorena Corrêa) tem um pressentimento de que algo ruim acontecerá com sua mãe e resolve ir até Guarapari, no litoral do Espírito Santo, para encontrá-la. Sendo último dia de carnaval e com a alta temporada indo embora, toda a área parece quase abandonada, incluindo o edifício em que ela e seu namorado (Caio Macedo) se aventuram na empreitada. Nesse lugar, porém, a presença de uma mulher de olhar ameaçador (Gilda Nomacce) se transforma no centro do mistério.

Conhecido como uma das vozes mais importantes do cinema de horror brasileiro desde que lançou Mangue Negro, em 2008, o diretor capichaba vem gerando expectativas altas dos fãs do gênero nos principais festivais e Prédio Vazio resgata todos os principais apelos do seu cinema, sobretudo no que diz respeito ao uso irrestrito e assumido de tropos consagrados (sustos, sangue, cenários com aspecto abandonado, gritos, fantasmas etc). 
 
O trabalho de Rodrigo Aragão é muito menos focado na reinvenção e mais voltado para fazer o básico com o máximo de convicção, adaptando os clichês do horror à realidade brasileira, às vezes com referências históricas, como no caso do Cemitério das Almas Perdidas, e, no caso aqui, referências sociais. A locação em Guarapari é bastante evocativa do clima de "trem-fantasma" que o diretor imprime a Prédio Vazio, seu primeiro filme realmente urbano.
 
Muitas cenas que envolvem efeitos especiais são apropriadamente absurdas, abraçando um estilo B de terror raiz que remete desde Suspiria (1977) até o recente A Morte do Demônio: A Ascensão. Há inúmeras outras referências espalhadas pela obra, que tem ainda a vantagem de uma duração curta e objetiva, evitando que os recursos narrativos simples caiam na repetição.

Gilda Nomacce, atriz conhecida por célebres participações em filmes de terror como Trabalhar Cansa e As Boas Maneiras, ganha uma excelente oportunidade para explorar latitudes surpreendentes do gênero e representa muito bem toda a energia ao mesmo tempo despretensiosa/divertida e convicta/competente do projeto. Com um bom lançamento, ainda não anunciado, Prédio Vazio tem todo o potencial para conquistar um público maior. 

Em entrevista concedida ao Diário, Rodrigo Aragão falou sobre o estado atual do cinema de terror no país e mencionou a importância de se naturalizá-lo para que ele siga com o bom momento que está vivendo desde a última década. "Quando lancei Mangue Negro, em 2008, apenas outros longas de horror foram registrados no Brasil: A Encarnação do Demônio, último de José Mojica Marins, e A Capital dos Mortos, de Tiago Belotti. Foi um ano muito importante porque, a partir daí, várias outras produções começaram aparecer, ao ponto de chegarmos a 37 longas de terror em 2019", enfatiza.
 (Público lotado na sessão, ocorrida no Cine-Tenda, ponto principal da Mostra de Tiradentes, em Minas Gerais. (Foto: Bárbara Demerov))
Público lotado na sessão, ocorrida no Cine-Tenda, ponto principal da Mostra de Tiradentes, em Minas Gerais. (Foto: Bárbara Demerov)
"O terror é um gênero nobre e desafiador, que força uma emoção intensa do público, e isso é muito desafiador artisticamente. Estamos em um ótimo momento, mas temos muito a melhorar especialmente do ponto de vista de divulgação: de fazer com que tantos jovens, sobretudo, que gostam tanto de filmes estrangeiros do gênero saibam que existe aqui uma produção cada vez maior e mais diversa", afirma Rodrigo.

Comentando sobre a sua experiência no set de Prédio Vazio, Gilda Nomacce exaltou a reação positiva que o filme teve nessa primeira exibição pública. "A direção de Rodrigo foi muito precisa e ao mesmo tempo muito solta. Eu sabia exatamente o que ele queria a partir da quantidade de sangue falso, a partir do cenário, das roupas, da atmosfera do set. Eu gosto muito do risco, de filmes que permitam esses extremos, e o cinema de Rodrigo também trabalha muito com isso", destaca.
 
"Fiquei super feliz de ver que as pessoas na plateia estavam se conectando, se divertindo e se assustando com o filme. Nosso trabalho não é fazer algo que se torne uma piada interna e, sim, uma experiência que se conecte com o público e gere essas respostas intensas. Ontem foi uma sessão muito bonita aqui em Tiradentes justamente por isso. A pessoas vieram mesmo dar os parabéns de forma efusiva e não tem nada mais gratificante do que isso", completou a atriz.
 
Prédio Vazio ainda não tem data de lançamento comercial. De acordo com Rodrigo Aragão, o longa deve rodar por festivais neste primeiro semestre e deverá ganhar distribuição no circuito a partir do segundo semestre, visando uma janela próxima ao Halloween (final de outubro).
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