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Charles Gavin: Celebração ao Mangue Beat foi um importante marco em 2024

Apaixonado pela cultura pernambucana, o baterista, titã e pesquisador gostou das homenagens a Chico Science e Mundo Livre e ainda destaca o pianista Amaro Freitas como grande estrela da música contemporânea.

Publicado em: 06/01/2025 21:32 | Atualizado em: 08/01/2025 14:55

 (Divulgação)
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Por Marcelo Cavalcante
Especial para o Dário de Pernambuco
 
O que mais chamou a atenção no mundo da música em 2024? O que poderá acontecer de surpreendente no ano que está apenas começando? São essas as perguntas que giram em torno de quem vive e acompanha o circuito de shows pelo Brasil afora. O Diário de Pernambuco conversou com o eterno titã Charles Gavin, profundo pesquisador da música, que nunca escondeu sua admiração pelos artistas de Pernambuco. E, para Gavin, é justamente na terra do Frevo que saiu momentos marcantes da música nacional em 2024: as celebrações em torno do Movimento Manguebeat. 

No ano que passou, o primeiro álbum da Mundo Livre s/a, o Samba Esquema Noise, de 1994, foi relançado em vinil pelo selo Noise. Além disso, o jornalista e escritor carioca Pedro Luna, lançou o livro que conta a história da banda. A Nação Zumbi fez shows comemorando os 30 anos de lançamento do clássico Da lama ao caos, e o jornalista José Teles publicou a biografia do mangueboy  líder da banda, Chico Science. Para Charles, as efemérides são importantes para se jogar luz nesta manifestação/movimento, uma das mais importantes da música pop brasileira em décadas.

"As duas bandas são pilares de uma manifestação cultural, mas que são bem diferente uma da outra, tanto na questão de sonoridade e referência. O que Chico e Fred fizeram, com suas bandas, foi um marco na música brasileira. E as celebrações é um reconhecimento disso", destaca Charles, que participou diretamente do álbum de estreia da Mundo Livre, sendo produtor, ao lado do saudoso Carlos Eduardo Miranda, o Veínho. 

Além da celebração dos pilares do Movimento Mangue, Gavin cita outro artista pernambucano que deve ter uma temporada com muito destaque em 2025: o pianista Amaro Freitas. "É um artista extraordinário que já conseguiu abrir o mercado internacional. Seu álbum YY, lançado ano passado, tem tudo para resultar numa longa temporada de shows. E espero que isso aconteça, pois quero muito assistir", elogia.
 
Outros álbuns que para Charles Gavin que merecem ser ouvidos com atenção pelo público são: Ao arrepio da lei, de Zeca Baleiro e Chico César; Se meu peito fosse o mundo, do paulista Jota Pê, Perpétuo, da banda de rock pesado Black Pantera, e Isso quer dizer amor, da paraibana Elba Ramalho. 

Sob sua ótica, além dos trabalhos citados, chamou sua atenção a consolidação de que a música pop brasileira está concentrada no Rap e sua variante Trap, as representantes Isa, Anitta , Ludmila, o som eletrônico, como Glória Groove, que tem grandes números nas redes, e o sertanejo, que domina o mercado completamente. "O universo sertanejo entendeu o mercado brasileiro e confirmou sua supremacia", destaca Charles, que é um dos jurados do Prêmio da Música Brasileira, que acontece ainda no primeiro semestre, mas não tem data definida.
 
Certo mesmo é a homenagem que o prêmio fará a dupla  sertaneja Chitãozinho e Xororó, o que pode ser uma ratificação da sua opinião a força desse estilo. "Mas é bom lembrar que a produção independente não está congelada. Eu tenho escutado música clássica brasileira, bossa nova, samba jazz, instrumental, rock... muitas coisas boas, mas que não frequentam as redes sociais. Os trabalhos que citei acima são exemplos, destaca.

Acústicos em festa

Em 2025, as bandas oitentistas Capital Inicial e Ira!, além do cantor e compositor Humberto Gessinger, eterno líder da já findada banda Engenheiros do Hawaii, vão celebrar os aniversários dos seus álbuns acústicos que tiveram a chancela da MTV, o que é visto com bons olhos pelo titã. "Olha, a turnê acústico dos Titãs foi um grande sucesso porque foi uma oportunidade de revisitar a obra com um outro formato. A questão é que o Brasil não vive uma relação boa com o que faz sucesso. Para você ter uma ideia, o da Cássia Eller, lançado em 2001 e um dos mais bem executados, foi bastante criticado pela imprensa. Mas é preciso entender que a música é para isso mesmo. Tudo é legítimo. É entretenimento, diversão, política, é tudo.  Enfim, Gessinger, Capital e Ira!, e tantos outros, têm mesmo que celebrar", afirma. 

Gavin em 2025

Atualmente, Charles Gavin integra duas bandas simultaneamente. A Sete Cabeças nasceu com a proposta de fazer releituras dos álbuns acústicos dos Titãs, Rita Lee e Cássia Eller, com shows no Rio e São Paulo. "Nesse ano, queremos fazer um registro. Entrar em estúdio para gravar e colocar nas plataformas de streaming. Vamos ver ainda como será", explica.

 Já a Pop3, que ele integra ao lado do cantor George Israel, ex-Kid Abelha, e do tecladista Henrique Portugal, ex-Skank, faz releituras das canções das suas antigas bandas, sem necessariamente serem hits. O trio ainda fará mais shows nesse ano. O outro projeto é um documentário sobre as baterias das escolas de samba do grupo especial do Rio de Janeiro. 

Nesse trabalho, Gavin conta com a parceria dos jornalistas Aydano André Mota e  Fernando Araújo. "No momento, estamos num processo de pesquisa. Em breve, vamos avançar o trabalho e mais pessoas serão envolvidas. Nosso objetivo é contar as histórias das baterias das escolas, como foram formadas, como funcionam, quem são as pessoas e a importância social e cultural delas", revela.

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