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'Um homem diferente', à esquerda', é destaque entre os lançamentos internacionais aguardados. 'Lispectorante', à direita, é um dos destaques entre os pernambucanos da mostra. Divulgação |
Chegando a sua 27ª edição para relembrar experiências marcantes que a sétima arte proporcionou ao longo do ano e ainda colocar lenha na ansiedade para o ano que vem, a Mostra Expectativa/Retrospectiva do Cinema da Fundação Joaquim Nabuco começa hoje e segue até o dia 19 com uma programação histórica de um número recorde de 67 produções, divididas pelos 15 dias nas três salas (Derby, Museu e Porto). As 137 sessões abrangem 52 longas (27 reprises e 25 inéditos no Recife), 5 curtas que compõem o projeto 'Eu não desisto de você' e ainda 10 videoclipes da sessão 'Música para ver'.
Um dos diferenciais desta edição é a volta do 'Passaporte Expectativa/Retrospectiva': na sessão do aguardado e premiado Um homem diferente, protagonizado por Sebastian Stan e Adam Pearson, às 20h10, serão sorteados 3 cartões passaporte que dão acesso individual e gratuito a qualquer uma das 137 sessões da programação.
A produção brasileira e pernambucana vai ganhar destaque com a primeira exibição no Recife do novo trabalho do pernambucano Marcelo Pedroso, Água capital, sobre a crônica falta d’água nas torneiras da maioria das casas periféricas na cidade, que contará ainda com bate-papo após a sessão na presença do realizador. O palhaço de cara limpa e Rua da Aurora, ambos de Camilo Cavalcante e com circulação em festivais internacionais, também marcam presença na programação e nas sessões de debate. Novo trabalho da diretora Renata Pinheiro, o lírico Lispectorante, com Marcélia Cartaxo, ganha uma sessão especial com debate após exibição na 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. E a estreante em longa Milena Times traz finalmente ao Recife o seu Ainda não é amanhã, exibido no Festival do Rio.
Aclamado pela mais importante revista de cinema do mundo, a Cahiers du Cinéma, como o melhor filme de 2024, o francês Misericórdia, de Alain Guiraudie, está entre os filmes que serão assunto no ano que vem e que são antecipados pela mostra já no sábado, dia 7, assim como O intruso, de Bruce LaBruce, programado para a sessão 'À Meia-Noite te Levarei ao Cinema', às 23h59 da mesma data. Enquanto isso, há espaço ainda para a delicadeza do filme japonês Sol de inverno, de Hiroshi Okuyama, aclamado na Mostra de São Paulo, e do islandês Quando a luz arrebenta, de Rúnnar Runnarson, exibido no Festival de Cannes.
Destaca-se nesta edição da Expectativa/Retrospectiva ainda a experiência de rever clássicos restaurados, como alguns dos ícones do cinema de François Truffaut, como Na idade da Inocência, Jules et Jim e A história de Adele H, reprisados em ano que marca quatro décadas do falecimento do cineasta francês. Pela primeira vez na cidade, serão exibidos em 4K: Pariz, Texas, de Wim Wenders; Calígula: O corte final, de Tinto Brass e Os educadores, de Hans Weingartner, e Brincando nos campos do senhor, Hector Babenco.
“2024 felizmente colocou em primeiro plano alguns filmes que usualmente estariam numa espécie de segundo pavimento do que circula nos cinemas. Me refiro especificamente a obras que passaram em festivais importantes, que tem um interesse natural da bolha que pensa e estuda cinema e já os aguardam desde o período dos respectivos festivais, Berlim, Cannes e Veneza, mas houve uma safra tão impressionante de 2023 pra cá, que isso viabilizou um interesse grande tanto do público quanto das distribuidoras também. Foi um ano muito bom para alguns filmes de circuito alternativo que acabaram furando essa bolha e conquistando números impressionantes”, comentou o coordenador do Luiz Joaquim, em entrevista ao Viver.