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'A vida secreta de meus três homens', de Letícia Simões, é um dos longas pernambucanos da competição. (Divulgação) |
Evento que abre o calendário de festivais do audiovisual brasileiro, a Mostra de Cinema de Tiradentes chega a sua 28ª edição em 24 de janeiro e segue sua programação até o dia 1º de feveiro, seguindo sua marca como vitrine da produção autoral e experimental da produção nacional. Filmes de 13 estados brasileiros estão na seleção de longas e curtas das três mostras competitivas, incluindo dois trabalhos pernambucanos.
As mostras competitivas Olhos Livres, Aurora e Foco, que reúnem filmes com inovações de linguagem e modos de produção, passam por alterações com objetivo de retomar algumas de suas premissas originais e manter a produção de vanguarda como grande destaque no evento. A mostra Aurora agora passa a ser exclusiva a filmes de diretores em primeiro longa-metragem; Mostra Olhos Livres será avaliada pelo Júri Oficial.
“Quando a Aurora foi criada pelo curador Cléber Eduardo em 2008, o cenário da produção independente, de baixo ou baixíssimo orçamento, ainda estava se consolidando e buscava identidades. Com o tempo, esse campo ganhou forma e maturidade e modificou as trajetórias de seus realizadores”, explica Francis Vogner dos Reis, coordenador curatorial da Mostra de Tiradentes.
A Olhos Livres tem se destacado nos últimos anos a exibir filmes que resgatam o espírito original da Aurora, quando a proposta era desbravar novos caminhos na produção autoral. “Muitos desses filmes surgem à revelia das dificuldades econômicas enfrentadas pelo cinema brasileiro e adaptam-se às circunstâncias disponíveis. O cenário revela uma geração de realizadores que muitas vezes iniciaram suas trajetórias há dez anos ou mais e hoje já estão em seus terceiros, quartos ou até sextos longas-metragens. Apesar de se firmarem como jovens veteranos, continuam a apostar na radicalidade inventiva que marca suas obras”, segue o curador.
Os filmes selecionados para a Olhos Livres em 2025 são Prédio vazio (ES), de Rodrigo Aragão; A primavera (PE), de Daniel Aragão e Sergio Bivar; Deuses da peste (SP/MG), de Gabriela Luíza e Tiago Mata Machado; O mundo dos mortos (RJ), de Pedro Tavares; As muitas mortes de antônio parreiras (RJ e CE), de Lucas Parente; A vida secreta de meus três homens (PE), de Letícia Simões; e Batguano Returns: Roben na estrada (PB), de Tavinho Teixeira.
No caso da Aurora, até 2024 a regra permitia a inscrição de até um terceiro longa-metragem de um mesmo realizador, com intenção de acompanhar o desenvolvimento e a evolução de novos autores. “Atualmente, esses realizadores, após o lançamento do primeiro longa, já ganham visibilidade e passam a circular em outros festivais, atingindo notoriedade muito mais rapidamente. Ao chegarem ao segundo ou terceiro trabalho, muitos têm carreiras em andamento e isso tornou necessário repensar os critérios da Aurora para valorizar a ideia de estreia e de novidade”, completa Francis.
Os selecionados para esta primeira edição da nova fase da Aurora são Margeado (ES), de Diego Zon; Um minuto é uma eternidade para quem está sofrendo (SE), de Fábio Rogério e Wesley Pereira de Castro; Nem Deus é tão justo quanto seus jeans (SP), de Sergio Silva; Kickflip (SP), de Lucca Filippin; Cartografia das ondas (RJ), de Heloisa Machado; e Resumo da ópera (CE), de Honório Félix e Breno de Lacerda.
Os curtas da Foco este ano são Não me abandone (SP), de Gabriel Vieira de Mello; Entre corpos (AL), de Mayra Costa; Osmo (DF), de Pablo Gonçalo; Estrela brava (RJ), de Jorge Polo; Memórias despejadas (ou A enchente levou tudo, e encontraram a luta), de Juliana Koetz (RS); Trabalho de amor perdido (SP), de Vinícius Romero; Ver céu no chão (CE e RJ), de Isabel Veiga; Tamagotchi_balé (RJ), de Anna Costa e Silva; Sem Título #9: Nem todas as flores da falta (SP), de Carlos Adriano; HEYARI: Espalhar fumaça para fazer adoecer colocando feitiço no fogo (SC), de Daniel Velasco Leão; Jamais visto (MG), de Natália Reis; O mediador (BA), de Marcus Curvelo; e Marmita (SP), de Guilherme Peraro.
As mostras Olhos Livres e Foco são avaliadas pelo Júri Oficial, que escolhe o melhor filme e alguns outros prêmios especiais. Em 2025 os integrantes são Carlos Francisco (MG), ator; Cíntia Gil (Portugal), programadora; Ivo Lopes Araujo (CE), cineasta; Juçara Marçal (SP), cantora e compositora; e Rita Vênus (PE), crítica e curadora.
Já a Mostra Aurora terá o Júri Jovem, formado por estudantes selecionados numa oficina de crítica de cinema e composto por Clara Prado (SP), Letras, USP; Duds Tuts (MG), Cinema e Audiovisual, PUC Minas; Giulia Belmonte (RS), Cinema e Audiovisual, UFPel; Otávio Osaki (SP), Comunicação Social - Midialogia, Unicamp; e Sofia Carlos (RN), Comunicação Social - Audiovisual, UFRN.