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Notícia de Divirta-se

EXPOSIÇÃO

Personagens ilustres dos mercados do Recife são imortalizados em exposição virtual

Pesquisa inclui os mercados de São José, da Boa Vista, Encruzilhada e Madalena

Publicado em: 26/11/2024 12:15 | Atualizado em: 26/11/2024 13:21

Seu Fernando é dono do Bar dos Cornos, no Mercado da Madalena
 (Foto: Gabriela Passos

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Seu Fernando é dono do Bar dos Cornos, no Mercado da Madalena (Foto: Gabriela Passos )
A estreita relação do Recife com os mercados públicos remonta aos tempos nos quais os centros comerciais eram robustos na economia local e se perpetua através das histórias de quem faz e frequenta esses lugares marcantes para o cenário e o cotidiano da cidade. Na exposição fotográfica virtual "Mercantes", alguns dos personagens mais icônicos de importantes mercados públicos do Recife são registrados em fotografia e texto.

A homenagem contempla os corredores dos mercados de São José, da Boa Vista, Encruzilhada e Madalena - os dois primeiros do século 19 e os outros do século 20. Batizadas segundo o bairro no qual estão instalados, as construções abrigam comércios e serviços variados e mantêm, simultaneamente, o papel de espaço de compras e socialização, além de reduto da boêmia e cultura locais.

"Mercantes" é uma iniciativa coletiva fruto de pesquisa teórico-prática idealizada pela produtora Tempoo, de Ana Sofia Oliveira e Mateus Guedes, e desenvolvida em parceria com o Estúdio Orra e jornalistas. A exposição busca estimular o público a reconhecer essas figuras como protagonistas dos mercados e patrimônios vivos da cidade, preservar a história e cultura recifenses e valorizar o trabalho delas.

"A ideia surgiu da vontade de retratar essas pessoas como parte importante da preservação da história desses espaços", explica Mateus Guedes. Os personagens escolhidos têm as próprias trajetórias ligadas a esses verdadeiros monumentos históricos. São cidadãos que constroem com os ofícios e a memória a identidade e representação do espaço que vivem. 

Os registros fotográficos foram feitos por três profissionais - Mateus Guedes, Gabriela Passos e José Rebelatto - e quatro estudantes convidados - Ga Olho, Maria Abreu (Newaqualtune), July Batista e Helena Müller. Eles se revezaram e utilizaram tipos diferentes de equipamentos para atingir visões distintas e complementares. Na exposição, as imagens são apresentadas junto aos textos de Clareana Aroxa e Rafael Cavalcanti sobre os retratados. 

PERSONAGENS
Há quem planeje o aniversário de 100 anos no Mercado de São José, como Seu Zinaldo, sempre de branco na cadeira de balanço em frente às peças de tecido para cama, mesa, banho e descanso, várias delas com rendas e bordados pernambucanas, ou quem peça para ser velada por entre as ruas do segundo mercado público mais antigo do país. É Ceça das Ervas. De ascendência indígena, ela decidiu incorporar o conhecimento sobre as plantas ao trabalho que desempenha há 41 anos.

Um dos primeiros a ocupar o Mercado da Encruzilhada à época da reinauguração, em 1950, Seu José é um dos mercantes retratados na exposição virtual. Diz para os sete filhos que ali é sua casa. O incêndio recente ficou fortemente marcado em quem dá vivacidade ao Mercado da Encruzilhada, como a família de José e Fernando da Sapataria 2 Irmãos. O ofício foi herança do avô, Seu Sebastião, natural de Belo Jardim, que começou a vida profissional na capital como engraxate na praça em frente à construção. Dos sete boxes da família, quatro foram afetados. 
 
Maria José de Santana, a dona Mariinha, chegou no Mercado da Boa Vista há 48 anos (Foto: José Rebelato

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Maria José de Santana, a dona Mariinha, chegou no Mercado da Boa Vista há 48 anos (Foto: José Rebelato )
 
Uma alegoria do Mercado da Madalena é o famoso Bar dos Cornos, já retratado em incontáveis reportagens jornalísticas. O nome por trás é Seu Fernando, cuja relação com o lugar começou aos 10 anos, quando levava marmita para o pai, verdureiro. O espaço tem até uma confraternização dos chifrudos, realizada anualmente. Quem também circula desde a infância é Temistocles Neto, o atual responsável pelo Acqua Recife, dedicado aos peixes ornamentais desde a década de 1970, quando o ramo ainda carecia de visibilidade por aqui. 

Consolidado ponto de encontro durante o ano inteiro, o Mercado da Boa Vista se consolidou como reduto festivo durante o carnaval. Foi num destes sábados de Zé Pereira, há mais de 35 anos, que Batatinha e Luzinete decidiram transformar o frigorífico em um bar - aberto de domingo a domingo. Outro transformado em bar foi o Petisqueiro, onde Dona Mariinha manteve uma loja de miudezas para acompanhar o marido, dono de mercearia. O sonho da mudança foi possível após um prêmio na loteria e, há 15 anos, ela circula entre as mesas do local e até dá uma canja nos eventos musicais organizados por Lelêu, primo dela e outra figura conhecida por lá. 

As personalidades recortadas pelo projeto, financiado pelo Sistema de Incentivo à Cultura de Recife (SIC 2023), são rostos conhecidos pelos frequentadores desses quatro mercados. A exposição "Mercantes" é uma homenagem a todos os responsáveis por manterem vivos esses espaços de convivência, serviços e comércio que, em tempos de shopping centers, proporcionam um elo mais forte com a cidade.

SERVIÇO
Exposição fotográfica virtual "Mercantes"
Disponível em www.osmercantes.com.br
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