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Foto: Andrea Rego Barros |
Neste domingo (1º) acontece o encerramento da exposição Spalt-me da pernambucana Juliana Notari no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (MAMAM). Para marcar esse fechamento, a partir das 14h30, haverá uma visita mediada com a artista, seguida por uma roda de conversa com a participação de Agrippina R. Manhattan, Inês Maia, Sheila Bezerra.
Na ocasião, serão lançados o catálogo impresso e o digital acessível. 'Spalt-me' traz um amplo recorte dos mais de 20 anos de trajetória artística de Notari. A mostra, que é a maior exposição já realizada da obra de Notari, tem curadoria de Clarissa Diniz.
O título da exposição deriva de um dos trabalhos em exibição, a série Spalt-me que,iniciada em 2009, reúne fotografias de paisagens diversas nas quais surge uma grande fenda vermelha. Para nomear esse trabalho, a artista se apropriou do verbo da língua alemã spalten que, de modo semelhante ao inglês to spalt, indica a ação de abrir uma fissura, de separar, de rachar.
Ao levar a expressão para o título da mostra, a ideia é abrir fendas que possam ajudar a compreender a poética da artista. "Acompanhado da partícula 'me', spalt torna-se um neologismo de caráter reflexivo, uma convocação à ideia de abrir uma fresta em seu próprio corpo, seja ele humano, arquitetônico, histórico, semântico. Spalt-me é, por isso, a imagem que, oriunda do corpo poético de Notari, se torna um convite a percorrermos as diversas fendas de sua vasta produção", explica a curadora Clarissa Diniz.
A exposição foi organizada em três núcleos que expõem questões centrais dentro da sua poética: corpo, ferida, gênero, carnalidade, tempo, violência, sexualidade, historicidade, linguagem, trauma, paisagem. "Clarissa acompanha meu trabalho há muitos anos, então ela trouxe essa proposta de dividir a mostra em núcleos diferentes, que abordam o meu olhar para o corpo (inclusive meus projetos em torno dos cabelos), a urbanidade, a alimentação, o risco e o cuidado. A exposição ressalta a centralidade das feridas sociais, dos traumas ligados à urbanidade e à modernidade: uma crítica ao capitalismo falocêntrico e patriarcal. Tudo isso está na exposição", resume a artista.
Interlocutoras há mais de dez anos, Juliana Notari e Clarissa Diniz propuseram, na exposição, um olhar ao mesmo tempo retrospectivo e prospectivo: "Fazemos o gesto artístico e curatorial de buscar uma obra antiga e jogá-la para o futuro, repensá-la, atualizá-la desde o agora", resume a curadora. Exemplos dessa proposição são as obras Parlamento Europeu (2022-2024), Janta (2001-2024) e Spalt-me (2009-2024), que intitula a exposição.