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TEATRO

Espetáculo de flamenco aborda a dualidade e a fusão cultural do Nordeste com a Andaluzia

LauD será apresentado no Teatro Barreto Júnior nesta quarta-feira (2), a partir das 19h30

Publicado em: 20/11/2024 15:41 | Atualizado em: 20/11/2024 15:53

Concebido pela fundadora da escola de flamenco Flamencura, Rafaela Wanderley, LauD é apresentado em três atos (Divulgação)
Concebido pela fundadora da escola de flamenco Flamencura, Rafaela Wanderley, LauD é apresentado em três atos (Divulgação)

 
Um diálogo intercultural que une aboio e cante, gibão e mantocillo, taconeo e arrasta-pé para celebrar, com olés e oxentes, a dualidade e as semelhanças profundas entre o Nordeste brasileiro e a região da Andaluzia, no Sul da Espanha. Essa intersecção das tradições flamenca e sertaneja define o espetáculo LauD - De Andaluzia ao Sertão, que será apresentado no Teatro Barreto Júnior nesta quarta-feira (20), a partir das 19h30.
 
Concebido pela fundadora da escola de flamenco Flamencura, Rafaela Wanderley, LauD é apresentado em três atos – Rocio, Noite de San Juan e Flamencura –, cada um espelhando as raízes e crenças das duas culturas. O espetáculo tem patrocínio do Instituto Cervantes, Ellas Resinart, Quimilab e VBV Comércio. 

 
Em uma atmosfera que alia dança, música e figurinos cuidadosamente selecionados, o público será transportado por cenas que evocam as peregrinações religiosas, as festividades de São João e as influências árabes e judaicas que permeiam as tradições de ambas as regiões.
 
"A busca pelo que é comum entre as culturas pernambucana e andaluza revela uma unidade implícita. Quando observamos o canto do aboiador ao lado do cante flamenco, ou o gibão nordestino e os trajes folclóricos espanhóis, percebemos uma conexão que vai além da superfície e nos aproxima", destaca Rafaela Wanderley, que também assina a coreografia de LauD junto com André Pimentel, La Negra (Ana Medeiros), Mariana Abreu e Milene Muñoz.

 
O espetáculo contará com 24 bailaoras no palco, incluindo a diretora e coreógrafa. LauD é encenado com música ao vivo executada por quatro artistas, três deles trazidos ao Recife pelo Instituto Cervantes: o guitarrista Allan Harbas, a flautista Camila Latenek, e a cantaora Isadora Arruda. Já a percussão será comandada pelo pernambucano Mek Mouro. A também pernambucana Laís Senna ficará responsável pelo canto do aboio. 

Inspirado na peregrinação de Rocío, o primeiro ato entrelaça a devoção e a espiritualidade. Em cena, as bailaoras desenvolvem um percurso em que a Virgem de La Paloma, figura central na fé andaluza, encontra Nossa Senhora da Conceição, santa mais querida dos recifenses. Nesse momento, o sagrado e o profano se interligam em coreografias de Sevilhanas e Tangos de Granada e de Triana, que ecoam o fervor das procissões religiosas.

 O segundo ato evoca as festas de São João no Nordeste do Brasil e no Sul da Espanha, que se assemelham nos sons, na alegria e nas cores. Com referências visuais que remetem às vestimentas e personagens nordestinos, incluindo a Rainha do Milho e os cangaceiros, executam Jaleos, Tangos, Bulerías e Fandangos de Huelva.
No ato final, LauD aborda a essência do flamenco e as afinidades culturais na expressão dos sentimentos. As bailaoras dançam a Seguiriya, inspirada na Missa do Vaqueiro, conectando a dança flamenca à tradição do aboio nordestino. Também estão previstos o Tarantos, Zambra com Castanholas e Alegrías, simbolizando a união entre os povos. 

 
Os figurinos, idealizados pela La Prenda Flamenca, relacionam o flamenco ao artesanato brasileiro, ressaltando as cores e texturas de ambos os lugares.

 
Os ingressos podem ser adquiridos por meio da plataforma Guichê Web (www.guicheweb.com.br/). Custam R$ 60 (antecipado); R$ 60 (meia-entrada) e R$ 120 (inteira) no dia do espetáculo. 


ORIGEM
A Escola de Flamenco Flamencura, responsável pela realização de LauD, foi fundada em novembro de 2023 com o propósito de difundir a arte flamenca em Pernambuco. Desde então, vem criando pontes entre as culturas nordestina e espanhola. "O flamenco, para nós, é mais do que uma dança. É uma expressão que reflete nossa própria identidade e que nos permite aprofundar raízes que, muitas vezes, nem sabíamos que tínhamos", enfatiza Rafaela Wanderley. 
 
SERVIÇO
Espetáculo: LauD
Data: 20 de novembro de 2024
Horário: 19h30
Local: Teatro Barreto Júnior, bairro do Pina
Ingressos: R$ 60 (antecipado); R$ 60 (meia-entrada) e R$ 120 (inteira) no dia


Saiba mais sobre as características dos palos/bailes flamencos:
  • Sevilhanas - Dança alegre e festiva, frequentemente associada às celebrações em Sevilha, com movimentos em pares e ritmos marcados.
  • Tangos de Granada - Estilo sensual e melódico, caracterizado por um compasso de ritmo lento e profundo, típico da região de Granada.
  • Tangos de Triana - Ritmo vivo e animado, originário do bairro Triana em Sevilha, com influência do flamenco cigano.
  • Jaleos - Baile vibrante e enérgico com muitos gritos de encorajamento, característico de danças espontâneas e festivas.
  • Tangos - Variação de flamenco descontraído e rítmico, com batidas fortes e uma influência afro-árabe.
  • Bulerías - Dança rápida e animada, marcada por improvisação e energia, popular em festas flamencas.
  • Fandangos de Huelva - Estilo de fandango com ritmo particular da região de Huelva, geralmente com letras que refletem a vida rural.
  • Zambra com Castanholas - Ritmo cigano de Granada, com danças sensuais e profundas, utilizando castanholas para acentuar o ritmo.
  • Alegrías - Modalidade leve e festiva, com batidas que lembram o som do mar, comum em Cádiz e associado à alegria e celebração.

SINOPSE - Por Samuel José
Espetáculo LauD – de Andaluzia ao Sertão
 
Se você já presenciou o cante rasgado de uma cantaora flamenca e o brado sonoro de um aboiador, saberá que o limiar entre o rifle do cangaceiro e o florete de um toureiro é estreito. Com um olhar atento e cuidadoso é possível perceber onde os passos da Andaluzia (Sul da Espanha) e do Nordeste brasileiro se encontram, abrindo fissuras onde cruzamentos se produzem. Se esse amálgama hispânico/pernambucano pudesse germinar em uma flor, ele seria certamente uma flor de mandacaru, símbolo de resistência que representa a força, adjetivo de comum ao cidadão nordestino e andaluz. 
Também como flor de mandacaru nasce o espetáculo lauD, que propõe a partir da dualidade o encontro com a unidade. Descortinando sua história, lauD é um espetáculo dividido em três atos Fé/Rocio, Noite de San Juan e Flamencura. Como quando as águas de um rio espelham a lua, lauD lança sua dualidade refletindo as duas culturas híbridas em um território único criado pela atmosfera da cena. 
O olhar zeloso da Virgem de La Paloma encontra o de Nossa Senhora da conceição na peregrinação do rocío; a noite de San Juan toca o sagrado e o profano de ambos os povos, onde o corpo reza dançando e assim encontra o amor; e na flamencura, os sentidos aguçam e a unidade pode enfim ser descoberta por inteiro. Pois, como afirma Allan Watts “Toda dualidade explícita… é uma unidade implícita”.


FICHA TÉCNICA
Realização: Flamencura Recife
Direção geral: Rafaela Wanderley
Roteiro original: Rafaela Wanderley
Colaboração artística: Adriano Cabral, Samuel José e Adilson Saturno.
Assessoria de imprensa: Mona Lisa Dourado e Angélica Renepont 
Produção: Flamencura Recife - escola de dança flamenca e Lara Barros.
Figurino: La Prenda Flamenca - moda flamenca e Señora Traje Flamenco.
Concepção de figurinos: Luísa dos Anjos (La Prenda Flamenca) e Rafaela Wanderley
Cenografia: Carol Lins (Acria Arte)
Cenotécnico: Luiz Xavier
Som: Izabel Brito
Direção musical: Allan Harbas (guitarra flamenca)
Design de luz: Cleison Ramos (Farol Ateliê da luz)
Design gráfico: Bruno Amorim
Fotografia e filmagem: Plume Fotografia de Dança (Camila Coimbra e Renata Ricarte)
Coordenação de palco: Laíse Brito
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