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Foto: Fabiana Lima (@cinemafilia) |
Homenageado pela 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo com o prêmio Leon Cakoff, o diretor lendário Francis Ford Coppola chegou ao Brasil no último fim de semana para participar do encerramento de um dos maiores eventos do calendário cinematográfico brasileiro do ano, onde conversou com jornalistas e realizadores na capital paulista sobre sua obra e, principalmente, sobre seu mais novo projeto, o épico de ficção científica e fantasia Megalópolis, que entra em cartaz nesta quinta (31).
Financiado pelo próprio diretor, que idealizou o projeto nos anos 1980 e nunca conseguiu apoio dos estúdios para bancar a ambiciosa produção, o longa é protagonizado por Adam Driver e se passa em uma Nova Iorque retrofuturista chamada de Nova Roma, na qual distintas figuras messiânicas disputam o poder, com diferentes visões de como melhorar a vida da população e fazer evoluir a nação.
Na conversa, mediada pela crítica Isabela Boscov e aberta a perguntas, o realizador de O poderoso chefão, Apocalypse now e Drácula de Bram Soker - entre outros clássicos - refletiu sobre a sua dificuldade de fazer os filmes que de fato gostaria de fazer mesmo após ter vencido o Oscar mais de uma vez e ter bastante dinheiro. Coppola enalteceu a importância de arriscar "Arte sem risco é como fazer bebês sem sexo, ou seja, não é possível. Você precisa estar livre e sem medo de ir em direção ao desconhecido. Deixa que os executivos se importem com risco", afirmou o cineasta.
Em um momento de destaque do encontro, Coppola exaltou a riqueza e a tradição do cinema brasileiro, elogiando o legado de Glauber Rocha, com quem manteve grande contato no começo da carreira e que chegou a morar com ele no início dos anos 1970, durante a Ditadura Militar no Brasil. "Ele [Glauber] até mim e chorou nos meus braços falando que achava que não ia voltar ao seu amado país. Eventualmente ele voltou e morreu aqui", lembrou. "O Brasil tem uma tradição extraordinária de cinema, não só de Rocha, mas Hector Babenco e seu incrível Pixote, outros que se inspiraram neles, como Cidade de Deus", ressaltou.