Pernambuco.com
Pernambuco.com
Notícia de Divirta-se

MOSTRA DE SP

Força e melancolia do circo itinerante são retratadas no filme 'Mambembe'

Dirigido por Fabio Meira ('Tia Virgínia') e rodado no agreste pernambucano, longa mostra o seu próprio processo de produção, transformando o que seria uma ficção em um documentário

Publicado em: 22/10/2024 11:33 | Atualizado em: 26/10/2024 02:00

 (Divulgação)
Divulgação
Dirigido por Fabio Meira (do aclamado Tia Virgínia) e refletindo o anseio por fazer cinema a partir da interseção entre ficção e documentário, Mambembe, que conta com uma parcela muito importante de Pernambuco dentro dele, está na programação da 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e ainda não tem data de estreia nos cinemas.

Projeto que usa a metalinguagem para falar sobre o próprio processo de sua produção, o longa coloca em discussão diante do próprio espectador as maneiras com que ele poderia ter sido feito, com o diretor entrevistando seus personagens para que eles sugiram caminhos e possibilidades narrativas e performáticas.

A história trata de três mulheres de um circo mambembe acompanhadas por um topógrafo solitário pelo agreste pernambucano. Entre elas, Índia Morena, figura icônica do estado de Pernambuco e cheia de ímpeto para falar do que ama, sempre acompanhada pelas falas tocantes de Madona Show, que ilumina a tela com suas cenas de dança e lembranças melancólicas. Apresentando cada uma delas e, a partir daí, suas relações com o mundo circense, seus dramas pessoais e a relação que se estabelece entre elas e o homem que permeia a história (nem sempre de maneira narrativamente produtiva), o cineasta compõe um bonito quadro da alegria e da melancolia desse mundo para muito além dos seus espetáculos.
 (Divulgação)
Divulgação
Em Mambembe, na verdade, o show é o depoimento dessas mulheres para as quais o circo é um estilo de vida e uma forma de ver o mundo. Ao perguntar a uma delas quem deveria interpretá-las no filme que está em produção, Fabio Meira escuta a sábia afirmação de que ninguém melhor do que elas mesmas para contar suas histórias e ninguém poderia sentir esse afeto por aquele universo com a mesma autenticidade.

Embora não haja nada de novo na estrutura ou no dispositivo do documentário, o cineasta encontra beleza e humor suficiente em cada uma dessas personagens para fazer suas jornadas bastante cinematográficas. A narração completa algumas informações, mas nunca se torna impositiva ou intrusiva e a trilha sonora surge como uma adição igualmente pertinente, sem manipulações emocionais até esperadas para algumas das falas.

Em um dado momento no filme, é revelado para as mulheres algumas imagens feitas com elas muitos anos antes (uma dessas cenas passadas na Casa da Cultura). Este é um momento ao mesmo tempo de melancolia e de catarse: imaginamos o filme de ficção que poderia existir a partir dessas figuras e histórias, por um lado, mas, por outro, celebramos a beleza de ver personagens reais tão fascinantes dando vida em tela às suas próprias narrativas.
Os comentários abaixo não representam a opinião do jornal Diario de Pernambuco; a responsabilidade é do autor da mensagem.
Pesquisador comenta sobre conceito de comunidade de futuro compartilhado
Pesquisador do Ceasia/UFPE avalia a abertura da China para turistas estrangeiros
Estudantes brasileiros simplificam a linguagem científica sobre a China
Deputado brasileiro   E possivel o Brasil ser uma China da America Latina
Grupo Diario de Pernambuco