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Laila Garin como Elis. Foto: Caio Galucci |
Evocar a voz imensa e a inconfundível personalidade de Elis Regina é um desafio no qual duas atrizes se colocaram há mais de uma década e vêm, junto com ele, ganhando ainda mais tração na sua potência dramática. Com direção de Dennis Carvalho, o espetáculo 'Elis, a musical', protagonizado por Laila Garin e Lilian Menezes – que se revezam em cada temporada –, revive a vida e obra de uma das mais célebres cantores brasileiras de todos os tempos, recriando momentos e canções icônicas em sua trajetória. Hoje, às 20 horas, no Teatro Guararapes, o público poderá vivenciar a interpretação de Laila e, amanhã, em duas sessões, às 16 e às 20, terá a chance de ver o papel encabeçado por Lilian.
Em 360 apresentações desde a estreia em 2013, o projeto conquistou mais de 380 mil espectadores nas diferentes cidades por onde passou e vem sendo celebrado pela maneira como faz a plateia se reconectar com clássicos marcantes da voz de Elis por meio dos mais de 50 números musicais – de 'Fascinação', passando por 'O Bêbado e o Equilibrista' até ‘Alô, Alô, Marciano’ e ‘Como Nossos Pais’. O texto, assinado por Nelson Motta e Patrícia Andrade, reconta fases distintas da breve vida da cantora gaúcha, notória pelo seu crescimento rápido, relacionamentos turbulentos e maternidade, numa linha temporal que perpassa a complexa fase da história brasileira dos anos 1950 até os anos 1970.
A ideia inicial para este trabalho já estava ganhando vida com Laila no papel de Elis e Lilian seria atriz substituta, integrando ainda o elenco da peça, mas, rapidamente, nos ensaios, as duas formaram uma amizade forte e perceberam o potencial de dividirem. Uma parceria se firmou logo na estreia da primeira temporada e, ao se assistirem em diferentes momentos, as duas atrizes amadureceram – e singularizaram – a cada ano as suas visões e timbres para incorporar a artista.
Laila destacou esse processo inicial e contou como atuar neste musical por tantos anos tem sido transformador. "Logo no início da primeira temporada percebemos que seria impossível para mim, por exemplo, fazer mais de uma sessão no mesmo dia. Foi então que Lilian começou a alternar comigo as sessões duplas; ela o fez brilhantemente e foi conquistando o público. A mim, Elis ajudou a ser mais eu mesma. Com sua interpretação visceral e catártica, ela nos ajuda a desnudar emoções, reconhecer dores e belezas de nossa própria alma. É uma mistura de inteligência e sensibilidade muito inspirador. Ganhei um reconhecimento que mudou minha vida e pude escolher melhor meus trabalhos pude conhecer artistas que sempre admirei, podendo ainda me aproximar na relação com o público", falou a atriz em entrevista ao Viver.
"Nós duas já éramos atrizes de teatro com longa bagagem e muita preparação, então, lá no começo, passamos a trocar informações e experiências. Laila já tinha feito musicais e já era bastante conhecida por eles, mas eu nunca tinha feito. Ela sempre teve um cuidado muito grande com a minha preparação e me deu grande suporte. É uma delícia fazer esse revezamento e a gente se alimenta também de ideias quando temos a oportunidade de nos assistir", afirmou Lilian em entrevista ao Viver. "Ela tem muita influência na minha construção e, ao mesmo tempo, eu fiz minha própria pesquisa e estudei muito para, assim como ela, dar vida da minha própria forma a Elis. Denis sempre nos falou para nunca a imitar e, sim, encontrá-la dentro de nós. E isso é o que torna esse projeto tão especial, a oportunidade riquíssima que o público tem de ver duas versões diferentes, com timbres distintos, inclusive, atuando como essa personagem tão marcante. Mas é uma construção enorme e uma personagem complexa. Precisaríamos de vários espetáculos para esgotar a quantidade de coisas a dizer e mostrar sobre Elis", completou.