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''Quadro a Quadro'' (2012), obra assinada por Neilson Leirner (Foto: Jaime Accioli) |
A primeira exposição póstuma de Nelson Leirner, intitulada 'Parque de Diversões', chega nesta quinta-feira (12/09) à Caixa Cultural Recife. A mostra fica em cartaz até 10 de novembro com 74 trabalhos do artista, entre objetos, pinturas, colagens e outros, com curadoria de Agnaldo Farias. A abertura terá visita guiada com o curador, às 20h.
Na sexta-feira, às 16h, Agnaldo Farias também realiza palestra aberta ao público. E no dia 10 de novembro, às 16h, será realizada outra visita guiada, desta vez com Júlia Borges Arana, produtora executiva da Phi, correalizadora da mostra.
Famoso por utilizar meios e mídias pouco tradicionais, Leirner estudou engenharia têxtil e pintura, na década de 1950. O resultado dessa base é a construção de uma história versátil e bem-humorada que estará em evidência nos trabalhos produzidos nos últimos 20 anos da vida de Leirner reunidos nessa exposição, que foi pensada para a Caixa Cultural.
Foram selecionadas pinturas, fotografias, estatuetas, imagens miniaturas, obras em tapeçaria, técnicas mistas, colagens, releituras da Mona Lisa e objetos onde a ironia dá o tom e que fazem um passeio pelo "parque de diversões" que era a mente de Nelson Leirner, talvez um dos mais versáteis artistas contemporâneos.
Algumas obras da série "Assim é... se lhe parece", por exemplo, trazem colagens que misturam o universo da Disney com mapas e mundos. Outras obras como "Missa móvel dupla" e "Futebol" são pontos de destaque para que o público observe como o artista respeita o poder dos fetiches religiosos. Além dos interesses espirituais e materiais, perpassados por vetores econômicos e ideológicos: não escapam os brinquedos das crianças, os bonequinhos, os stickers que elas grudam nos cadernos para ornamentar, colecionáveis que assumem uma outra função aos olhos curiosos do visitante frente à aglutinação de elementos.
No desenho curatorial não faltam referências históricas de Leirner com exemplares de séries e ações importantes realizadas nas décadas de 1960 e 1970. "Nosso objetivo aqui é mostrar a obra onívora que se alimenta de aspectos da vida cotidiana, mas não só, também discute a figura do artista – esse homem incomum, esse gênio que as plateias cultuam com uma admiração, como diria o pernambucano Nelson Rodrigues, 'verdadeiramente abjeta'; discute a natureza da obra de arte – ou aquilo que habitualmente é entendido como sendo arte -; e, por fim, discute a sobredeterminação de ambos pela história, pelo modo como estão enredadas num jogo", explica o curador.
Sobre Nelson Leirner:
Nascido em São Paulo em 1932, foi um pioneiro da arte intermídia e uma figura central na vanguarda brasileira. Após residir nos EUA e estudar pintura com Joan Ponç, Leirner se destacou por suas apropriações e performances inovadoras, como a "Exposição-Não-Exposição" e o envio de um porco empalhado ao Salão de Arte Moderna de Brasília.
Fundador do Grupo Rex e premiado na Bienal de Tóquio, incorporou elementos da cultura popular em suas obras e recebeu diversos prêmios, como o APCA de Melhor Exposição Retrospectiva, em 1994, e ampliou sua atuação para design e cinema experimental. Reconhecido internacionalmente, Leirner fez sua carreira transgredindo desde o princípio, como artista e como professor, responsável pela formação de toda uma geração de artistas.