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Foto: Walton Ribeiro |
Entre o dias 1º e 12 e outubro, o Festival Nacional de Teatro Infantil de Feira de Santana (FENATIFS) realiza sua 16ª edição com espetáculos teatrais, circenses, musicais, oficinas e bate-papos. Entre os 15 grupos e artistas que se apresentam, dois deles são de Pernambuco: Mestre Antero Assis, de Igarassu, e Cutia Coletivo, de Recife.
Além deles, companhias de Alagoas, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Paraíba, Rio de Janeiro e São Paulo foram selecionadas e convidadas para apresentar seus espetáculos dedicados à infância e à juventude na cidade de Feira de Santana – apelidada pelo escritor Ruy Barbosa como “Princesinha do Sertão”, graças a sua posição geográfica privilegiada da maior cidade do interior da Bahia.
Este ano, o festival recebeu 157 inscrições de companhias das cinco regiões do país, sendo de 16 estados e do Distrito Federal. Após uma edição online e outra híbrida, em função da pandemia, o FENATIFS está de volta ao seu formato 100% presencial. Criado em 2008 pela Cia. Cuca de Teatro, o evento completa 16 edições, consolidando-se no cenário cultural brasileiro como um importante projeto de fomento e democratização do acesso às artes cênicas e de formação de plateia.
De Igarassu, o Mestre Antero Assis vai ministrar a oficina “Mamulengo, nosso brinquedo popular”. Artista plástico e ator, o mestre bonequeiro é reconhecido pelo seu vasto trabalho realizado para o público da infância e juventude há mais de 20 anos. De forma lúdica, os participantes da oficina vão confeccionar seus próprios mamulengos com materiais reciclados, simples e de fácil acesso como papel, garrafa pet e papelão.
Mestre Antero Assis falará também sobre a importância da oralidade para a preservação da cultura popular e sobre a historicidade do Mamulengo e suas variações no Brasil.
“O FENATIFS é um evento consolidado nacionalmente que fortalece o teatro para infância. O diferencial do festival é reunir diferentes linguagens e formas de fazer teatro para criança, incluindo ações de formação que deixam um legado ao final do evento”, defende o artista. “Na oficina, voltada para artistas e educadores, vou compartilhar um pouco do meu conhecimento sobre esse brinquedo popular. Com materiais reciclados, os participantes terão a oportunidade de criar seus próprios mamulengos. Os bonecos poderão servir como brinquedos que estimulam a contação de histórias no ambiente familiar, escolar e artístico, propagando ainda mais essa manifestação cultural entre a comunidade”, explica o mestre bonequeiro.
Da capital pernambucana, o Coletivo Cutia apresenta o musical 'Pra não dormir' na Mostra Nacional do FENATIFS. Inspirado no Teatro Negro de Praga, o espetáculo leva para o palco a magia visual da manipulação de cenários e objetos em cores neon que interagem, voam e somem aos olhos do público, como um encantamento.
A montagem se passa no quarto de um menino que tenta a todo custo fugir do sono. Acompanhado de sua amiga imaginária, ele se diverte em peraltices, brincadeiras e magias, dando vida e movimento aos móveis, objetos e brinquedos.
'Para não dormir' estreou em maio deste ano em Recife. Esta será a primeira vez em que o musical será apresentado fora de Pernambuco. A dramaturgia e o cancioneiro trazem temas pertinentes aos dilemas do cotidiano infantil, como medos, gírias, bullying e a relação conflituosa com a autoridade dos adultos.
Para os efeitos visuais, o palco é divido em dois planos de luz, permitindo o diálogo entre os atores e os elementos animados. “É uma peça que realmente toca de forma diferente no espectador, não apenas pela imersão no ambiente mágico da luz negra ou pela dramaturgia e cancioneiro que não subestimam a inteligência das crianças, mas principalmente por trazer o cotidiano dos pequenos”, conta Pochyua Andrade.
Pochyua conta que o Coletivo Cutia enxerga o teatro e a leitura como ferramentas que vão de encontro ao nosso jeito de viver tão cercado de tecnologia. “A arte resgata o imaginário, a pureza, a construção de um anímico da infância a partir da mente tão rica de possibilidades dos pequenos, já impossível para nós, adultos. A arte tem que pulsar cada vez mais forte nas escolas, pois ela possibilita a formação e a inclusão. Acreditamos que a educação não é um bloco de conteúdos que precisam ser assimilados em determinado período de tempo ou faixa etária. A educação precisa respeitar a criança e seu desenvolvimento, seu livre brincar, seu desabrochar particular, seu mundo único. É um pouco do que trazemos na peça, um planeta particular de uma criança que imagina, que sonha acordada”, explica.