Telonas
Por: André Guerra
Publicado em: 16/08/2024 06:30 | Atualizado em: 15/08/2024 19:22
Edison Vara/Agência Pressphoto |
Homenageada da 52ª edição do Festival de Cinema de Gramado com o Kikito de Cristal, a produtora holandesa Marïette Rissenbeek, diretora executiva do Festival Internacional de Cinema de Berlim entre 2019 e 2024, se tornou o primeiro nome fora do eixo ibero-americano a receber a honraria, entregue tradicionalmente a grandes nomes do cinema. Na edição do ano passado do evento, a artista que recebeu o Kikito de Cristal foi Alice Braga. Cada homenageado, antes da coletiva com a imprensa, confecciona a cabeça de um troféu na fábrica e loja Cristais de Gramado, estatueta essa que será entregue ao escolhido do ano seguinte.
Marïette Rissenbeek tem formação em letras e literatura alemãs, estudos teatrais e sociologia na Rijksuniversiteit Utrecht e na Freie Universität Berlin. Produziu filmes, longas para televisão, curtas e médias-metragens, criando também a própria produtora em Hamburgo. Em resposta ao Viver, durante a coletiva imprensa realizada na fábrica, Marïette falou destacou a representatividade brasileira nos festivais internacionais e falou sobre as diferenças entre o nosso cinema e o alemão.
"O Brasil é um país imenso, como todos nós sabemos, e, apesar de todas as muitas diferenças culturais que nós temos e de muitas coisas que nós observamos soarem bem exóticas para nós, existe uma proximidade e uma universalidade também em muitas coisas. O cinema brasileiro tem uma história de muitos anos representada no Festival de Berlim e o público da Berlinale tem muito respeito pelos filmes brasileiros também", enalteceu Marïette. "Diferente de muitos filmes alemães que frequentemente são chatos e clássicos demais, os filmes feitos no Brasil em vários níveis de produção são ousados, inovadores e desafiadores na linguagem", disse.
"Nós alemães somos mais introvertidos, em termos de temperamento mesmo, o que se reflete muito na nossa maneira de fazer cinema, de certa forma. Como o brasileiro é um povo mais extrovertido, soa bastante crível quando algumas histórias são contadas de um jeito mais extremo e exagerado, porque isso já faz parte da cultura brasileira. No caso do alemão, soa meio falso quando um cineasta tenta muito forjar esse tipo de linguagem mais extrovertida. Então a produção desse país tem um imenso potencial e muito espaço para crescer ainda mais", completou a produtora.
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