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CINEMA

Premiação do Festival de Gramado é marcada por representação feminina e discursos de reconstrução

'Oeste outra vez' é consagrado o melhor filme do 52º Festival de Cinema de Gramado, evento marcado pela forte representação feminina e pelo ímpeto de reconstrução cultural

Publicado em: 19/08/2024 06:00 | Atualizado em: 19/08/2024 14:45

 (Foto: Edison Vara)
Foto: Edison Vara
Em uma edição simbólica e representativa, sendo o primeiro grande evento cultural no Rio Grande do Sul desde as enchentes que devastaram o estado, o Festival de Cinema de Gramado chegou ao final com a tradicional cerimônia de premiação. O evento ocorrido no sábado à noite e transmitido ao vivo pelo Canal Brasil abriu com uma breve homenagem a Sílvio Santos, falecido no mesmo dia.

Com o júri da competitiva de longas composto por Ansgar Ahlers, Emanuelle Araújo, Liliana Sulzbach, Samuel de Assis e Vania Catani, os Kikitos deste ano foram mais pulverizados do que no ano anterior, que havia consagrado Mussum, o Filmis com seis estatuetas, incluindo a categoria principal. Os sete longas brasileiros da competição deste ano saíram premiados – com o faroeste melancólico e irônico Oeste outra vez prevalecendo como o melhor filme da noite.
 ('Oeste outra vez', grande vencedor de melhor filme em Gramado 2024. Divulgação)
'Oeste outra vez', grande vencedor de melhor filme em Gramado 2024. Divulgação
Dirigido por Erico Rassi e estrelado por Ângelo Antônio, Babu Santana e Rodger Rogério – que venceu o prêmio de melhor ator coadjuvante – o projeto rodado no interior de Goiás conta a história de dois homens tentando se aniquilar após um deles ter perdido a mulher para o outro. Aclamado pela sua inteligência no trato do tema da masculinidade frágil em um ambiente sem mulheres e pelo formalismo da fotografia (também vitoriosa), Oeste outra vez é fiel ao seu gênero e ao mesmo tempo adaptá-lo ao cenário e questões reconhecidamente brasileiras.

Apesar disso, quem saiu com mais estatuetas entres os longas da competição desta 52ª edição foi Estômago 2: O poderoso chef, sequência do cult-clássico de 2007 novamente dirigido por Marcos Jorge. Mesmo com reações mistas da crítica, o filme ganhou os Kikitos de ator (prêmio dividido entre João Miguel e Nicola Siri), direção de arte, trilha sonora, roteiro e júri popular – uma excelente notícia para a continuação, que já entra em cartaz nesta próxima quinta (22 de agosto). O discurso do ator italiano, que recebeu o prêmio no palco por ele e por João Miguel, que não compareceu ao evento, foi um dos momentos emocionalmente mais fortes da cerimônia. “A gente voltou a respirar. Saímos da época das trevas, quando tentaram aniquilar a arte, a cultura, o cinema, e estamos aqui, todos nós juntos. Mas não acabou. Tem um monte de atores e atrizes aguardando por um grande papel. E tantas funções dentro de um filme que merecem atenção. Cinema é coletivo”, enalteceu Nicola. 
 (Foto: Edison Vara)
Foto: Edison Vara
Drama fantástico premiado em Berlim, Cidade; Campo não foi tão contemplado quanto se esperava, mas foi representado pelo prêmio de melhor atriz, para Fernanda Vianna, e venceu ainda o prêmio do Júri da Crítica. Dirigido por Juliana Rojas, o filme é dividido em duas metades que contam diferentes perspectivas femininas sobre migração, luto e busca por esperança, e entra em cartaz nos cinemas já em 29 de agosto.

Único competidor nordestino entre os longas, Filhos do mangue, de Eliane Caffé, ganhou o Kikito de melhor direção e atriz coadjuvante (Genilda Maria). Fechando a competição principal, a comédia ácida O clube das mulheres de negócios, de Anna Muylaert, ficou com um prêmio especial para todo o imenso elenco feminino. Já o thriller dramático Barba ensopada de sangue, de Aly Muritiba, adaptação do livro homônimo de Daniel Galera, foi lembrado apenas com o troféu de montagem, enquanto Pasárgada, a estreia de Dira Paes na direção de longa, levou o Kikito de melhor som.

Na competição dos curtas-metragens brasileiros, Pastrana, de Melissa Brogni e Gabriel Motta, já aclamado no Festival de Brasília, ficou com os prêmios de melhor curta, melhor fotografia e melhor montagem. Outro bem contemplado foi Maputo, de Lucas Abrahao, que ficou com quatro prêmios (direção, direção de arte, prêmio Canal Brasil e menção honrosa). E, apesar de os documentários não terem sido projetados no cinema do festival nesta edição, os competidores foram exibidos no Canal Brasil e o grande vencedor foi Clarice Niskier: Teatro dos pés à cabeça, de Renata Paschoal.
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