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MÚSICA

Artista francês radicado no Recife se inspira em Naná Vasconcelos

Charlie Dégaine mistura influências europeias e pernambucanas em apresentação no Festival Digaí, no próximo sábado

Publicado em: 14/08/2024 06:00 | Atualizado em: 14/08/2024 10:33

 (Foto: Caroline Fabre)
Foto: Caroline Fabre
O charme da língua francesa se mistura ao sotaque pernambucano em Charlie Dégaine, artista não binário francês que viveu por quase uma década no Recife. Seu vocabulário agora inclui expressões como “oxe”, “tá ligado” e “digaí”, sendo esta última a inspiração para o Festival Digaí, que Charlie co-idealizou e no qual será uma das atrações no próximo sábado (17), a partir das 16h, no Capibar, em Casa Forte. Com o objetivo de celebrar a cultura e a natureza, a 1ª edição do evento não fará uso de plástico e promoverá ações junto à ONG Recapibaribe.

Com 12h de festa, a grade contempla diferentes estilos musicais e tem o compromisso de criar conexões entre artistas, públicos e comunidades. O local escolhido para a estreia foi o Capibar, um espaço de resistência intimamente ligado às comunidades do Monteiro e do Poço da Panela. Sede do Recapibaribe, uma ONG dedicada à preservação do Rio Capibaribe, o Capibar se destaca por suas ações em defesa do meio ambiente. Todo ano, no dia 31 de agosto, a ONG promove o “Há Gosto Pelo Capibaribe”, um mutirão de limpeza do rio com a participação de pescadores. Para apoiar essa causa, os alimentos arrecadados com os ingressos sociais do Festival Digaí serão destinados ao Recapibaribe.

A programação ininterrupta de música contará com performances da Orquestra de Bolso, da banda Breggae, e dos DJs Sangue no Olho, Babilônia e Sidade. Também haverá participações especiais da drag queen Condessa Cabalista e dos bailarinos Ranessa Laranjeiras e Wanderley Aires. Em sua apresentação, Charlie Dégaine levará ao palco as canções do EP Éclora, lançado em março, que entrelaça francês e pernambuquês em suas letras e sonoridade. Além disso, será revelada uma amostra de faixas inéditas do seu próximo projeto, Fura-neve.

Com raízes em Paris, Charlie viveu em diversos lugares, como México, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador, mas foi a efervescência cultural do Recife, onde morou entre 2010 e 2019, que despertou sua vocação artística. “Tudo começou aqui para mim. Conheci pessoas com quem comecei a fazer música, me formei e me descobri como ser humano e artista”, afirma. No contexto da cena musical pernambucana, integrou os grupos Hey ho Charlotte, Cabra do Mato e Nós Moscada. Após retornar à França em 2019, veio à capital pernambucana em 2022 e 2023 para se apresentar com o trio Charlie e os Rodrigos, que formou junto aos músicos Rodrigo Félix e Rodrigo Samico.

Seu envolvimento com as artes em Pernambuco começou antes, no Sesc Santo Amaro, onde estudou dança popular e fez parte da peça “Os Três Coroados”, que chegou a ser exibida em Triunfo. ”Essa experiência me aproximou muito da cultura popular e dos ritmos daqui. Vindo da França, foi um contraste enorme. Lá, os ritmos são de alguma forma mais contidos, não sei bem como explicar. Aqui, porém, a maneira como se vive o ritmo é algo muito lindo. Mergulhar nessa piscina linda me fez me apaixonar pela cultura, e isso acabou se tornando o propósito da minha vida”, declara Charlie.

A fluidez entre questões de gênero e cidades é uma característica marcante de Charlie, evidente no EP Éclora. O álbum é versado em francês e português, refletindo de forma orgânica a interseção cultural e afetiva que une as influências brasileiras e francesas do artista. Elza Soares, Naná Vasconcelos, Catherine Ringer e Dom La Nena são algumas das referências musicais que, juntamente com os ritmos de capoeira, frevo e baião, embasam o trabalho. A literatura de Clarice Lispector e Amélie Nothomb também deixam sua marca. 

A princípio, Dégaine planejou apenas um show para o lançamento do EP, mas os planos evoluíram e deram origem ao Festival Digaí, em colaboração com o produtor recifense Vinícius Carvalho. “Queríamos reunir pessoas para promover encontros e reencontros. Isso também se conecta com a ideia da dança e das várias disciplinas artísticas que têm uma performance. Essa é a proposta da minha arte, e queríamos criar algo semelhante aqui. O nome 'Digaí' surgiu porque eu costumo usar essa expressão com frequência, e também tem um eco com o meu nome, Dégaine, na forma como é pronunciado”, comenta o artista francês. 

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