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Obra é de 2014 (Guilherme Veríssimo/Arquivo DP) |
Conhecida obra do artista português Alexandre Farto cravada em 2014 na fachada de um prédio no Cais de Santa Rita, no Centro do Recife, foi apagada há mais um mês.
A imagem do rosto de uma professora da aldeia indígena Araçaí, no Paraná, foi desenvolvida por meio de escavações na parede misturadas à pintura stencil, criando perspectiva e sombreamento.
O ilustrador Rodrigo Fischer foi uma das pessoas que se manifestaram denunciando o apagamento do trabalho de Farto, conhecido também como VHILS.
"Alexandre Farto é um artista português que eu acompanho e admiro suas intervenções urbanas. Sua obra tem uma singularidade por utilizar e lapidar no reboco de prédios antigos suas imagens, geralmente, humanas. Lembro o impacto que me causou tamanha novidade e talento do artista. Ao passar de carro na última semana, percebi a parede onde antes havia o mural toda pintada de branco. Levei um susto primeiro e, na sequência, fui tomado pela indignação. Como alguém teve a coragem de mandar cobrir de branco uma arte tão sui generis? Quais os motivos?", questionou o artista.
Bruna Pessoa de Queiroz, presidente da 'Usina da Arte', se manifestou em rede social. "Que tristeza ver essa fachada pintada de branco! Ainda ontem comentei com Luciana Zarzar que tinha conhecido o trabalho do artista português Alexandre Farto ao me deparar com um belíssimo painel dele aqui em Recife. Infelizmente descobri que a obra foi apagada. Ficam apenas os registros nos livros publicados pelo artista. Agora vamos trabalhar para ter uma obra dele na Usina de Arte", afirmou.
Em nota, a Prefeitura do Recife destacou que se trata de um prédio privado, portanto não há necessidade de explicação ou autorização para essas intervenções.
"A Prefeitura do Recife, por meio do Gabinete de Inovação Urbana, é responsável por duas importantes políticas públicas de arte urbana na cidade. Desde 2021, o Programa Colorindo o Recife já realizou cerca de 300 paineis e 29 oficinas em toda a cidade, totalizando um investimento de R$ 1.974.028,86. A iniciativa tem transformado o Recife em uma galeria de arte a céu aberto, com o protagonismo dos artistas na construção, aprimoramento e decisões relacionadas à política pública de arte urbana na cidade. No final de 2022, foi lançado o Edital de Megamurais, pioneiro em Pernambuco, que selecionou 24 projetos para transformar fachadas de prédios em obras de arte, com foco no tema "Recife Cidade da Música". Até agora, R$ 675 mil foram investidos, com nove projetos concluídos e dois em andamento, contribuindo para a difusão da cultura e do conhecimento. Em relação ao edifício em questão, a gestão esclarece que não há legislação municipal que promova exigências de autorização prévia para intervenções artísticas realizadas em muros de propriedades privadas, a menos que se trate de obra de cunho comercial, como veiculação de anúncios, conforme previsto na Lei 18.886/21"